quinta-feira, 11 de julho de 2024

Second hand deve crescer 3x mais rápido que varejo, The News

 

(GIF: Giphy)

É… Com o crescimento do fast-fashion e das comprinhas online, vender roupas de segunda mão virou um grande negócios. No ano passado, foram mais de US$ 197 bilhões movimentados.

A previsão é chegar aos US$ 350 bi em 2028. O mais curioso é que, respeitadas as proporções, o mercado global de roupas usadas vai crescer 3x mais do que o varejo de roupas nos próximos dois anos.

Acontece que, enquanto o business aumenta, 3/4 das lojas da categoria ainda são pequenas e independentes — iguais àquele perfil que a sua amiga criou no Instagram.

Isso deixa o mercado muito diluído, fazendo com que muitos brechós e @'s atendam só um público local e bem determinado, enfrentando dificuldades de expandir as operações.

Como são poucos os grandes players, os investidores ficam confusos sobre onde colocar o dinheiro. As ações das duas maiores empresas de brechós dos EUA, por exemplo, caíram cerca de 30% neste ano.

STAT: Todos os anos, cerca de 50 milhões de roupas usadas são jogadas fora. No Brasil, das 170 mil toneladas de resíduos têxteis produzidos, só 20% é reciclado e o restante acaba em lixões ou aterros sanitários.

Nosso time fez uma curadoria dos melhores brechós e produtos vintage de SP.

Seria o Vale do Silício dos Andes?, The News

 

Se antes o Uruguai era relevante apenas pelas exportações de carne e soja, recentemente, o país tem se consolidado como o hub tecnológico mais importante da América do Sul.

Números para comprovar: O Uruguai lidera o ranking de exportações de serviços de TI per capita, com uma média de US$ 280 por habitante, mesmo sendo apenas a 14ª economia da América Latina.

  • A exportação de serviço em TI pode ser exemplificada por uma empresa americana contratando uma empresa de softwares uruguaia.

Na última década, o setor de tecnologia mais que dobrou sua participação na economia uruguaia, já representando quase 5% do PIB — gerando US$ 2,8 bilhões em exportações.

No Brasil, a indústria ainda é pouco representativa frente ao PIB, com o último dado oficial em 2 bilhões de dólares exportados no ano de 2018.

Muita inovação para pouco uruguaio: O principal desafio é fazer com que um país de 3,4 milhões de habitantes — onde as vacas superam as pessoas em 3 para 1 — consiga fornecer mão de obra qualificada suficiente.

Por lá, o salário inicial de um engenheiro de software formado já é maior do que a média nacional. O problema é que, a cada 1.000 que se matriculam nos cursos de TI, cerca de 100 se formam.

Bottom-line: Empresas de capital de risco investiram meio bilhão de dólares em 33 startups uruguaias nos últimos 3 anos, o primeiro IPO do país em quase 8 anos foi feito em 2021 justamente no setor tech.

🇺🇾 Hamptons da América do Sul: Mesmo administrando empresas criadas em outros países, os fundadores do Mercado Livre e do Nubank, por exemplo — com valuation somado de +US$ 100 bi — têm o Uruguai como lar. Aprofunde.

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BRASIL
As bulas dos remédios vão virar QR Code

(Imagem: ResearchGate)

“Ao persistirem os sintomas, o QR Code deverá ser consultado.” A Anvisa aprovou uma regra que substitui as bulas impressas que vêm nas caixas dos remédios por uma versão digital.

A ideia é colocar um QR Code nas embalagens que leva para um site ou um PDF com as orientações que estamos acostumados na versão de papel — mas com o plus de poder ter fotos ou vídeos mostrando como tomar o remédio.

💊 “Projeto-piloto”. Calma… Quando você for comprar seu remédio na farmácia, é muito provável que ele ainda venha com aquele pergaminho dentro.

Isso porque, em um primeiro momento, o processo vai ser testado só com os medicamentos entregues em hospitais e de distribuição gratuita que não precisam de prescrição.

Esses testes vão ser feitos até 2026 e, depois disso, a ideia é que a Anvisa amplie o modelo digital para todos os outros tipos de remédio.

Como era de se esperar, o projeto divide opiniões:

👍 Quem é a favor diz que a inovação vai personalizar informações e transformar a bula em algo realmente útil;

👎 Os contrários à medida batem na tecla da desigualdade social quanto ao acesso a smartphones no país.

By the numbers: 81% da população brasileira diz ser contra o fim da bula impressa. Ao mesmo tempo, o Brasil tem 258 milhões de smartphones em uso — o que dá mais de 1 por pessoa.

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TECNOLOGIA
Quem diria que até um anel poderia ser smart

(Imagem: Samsung)

Smartphone, Smartwatch… Smart ring. Depois de muitos rumores, a Samsung lançou o Galaxy Ring, um anel inteligente de US$ 400 para te monitorar 24/7. Clique para ver ele funcionando.

O gadget pesa 3g, vai ter uma bateria que dura uma semana e só vai funcionar conectado a um smartphone da marca. Usando AI, a ideia é mostrar tudo o que acontece no seu dia:

  • 😴 Respiração, movimentação e ciclos do sono;

  • ❤️ Alertas caso os batimentos fiquem acelerados ou lentos demais;

  • 🏃 Dados sobre exercícios e queima de calorias;

  • 🔄 Ciclo menstrual pela temperatura da pele das mulheres — sim, até isso.

Não é tãaao novidade assim… Os anéis inteligentes existem desde 2010, e quem domina esse mercado é a Oura, que vendeu mais de 1M de unidades desde 2013 e é avaliada em mais de US$ 2,5 bi. A Samsung espera vender 4M logo no primeiro ano de vendas.

💍 A estratégia por trás: Sendo a primeira BIG TECH a entrar nesse universo, a Samsung quer popularizar o uso dos aparelhos. Foi mais ou menos o que a Apple fez com o mundo dos smartwatches.

Hoje, quase 40% dos donos de smartphone também tem um relógio inteligente, e o mercado de smartwatches deve movimentar mais de US$ 30 bilhões até 2026.

Bottom-line: Além de ser um item “fashion” com potencial de causar um certo hype, os Galaxy Rings chegam num ótimo momento para a Samsung, que deve ver os seus lucros aumentarem 1.400% no trimestre — principalmente por causa da AI.


Carlos Drummond de Andrade - Caso do vestido

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Caso do Vestido

Carlos Drummond de Andrade

Letra

Significado

Nossa mãe, o que é aquele

vestido, naquele prego?


Minhas filhas, é o vestido

de uma dona que passou.


Passou quando, nossa mãe?

Era nossa conhecida?


Minhas filhas, boca presa.

Vosso pai evém chegando.


Nossa mãe, dizei depressa

que vestido é esse vestido.


Minhas filhas, mas o corpo

ficou frio e não o veste.


O vestido, nesse prego,

está morto, sossegado.


Nossa mãe, esse vestido

tanta renda, esse segredo!


Minhas filhas, escutai

palavras de minha boca.


Era uma dona de longe,

vosso pai enamorou-se.


E ficou tão transtornado,

se perdeu tanto de nós,


se afastou de toda vida,

se fechou, se devorou,


chorou no prato de carne,

bebeu, brigou, me bateu,


me deixou com vosso berço,

foi para a dona de longe,


mas a dona não ligou.

Em vão o pai implorou.


Dava apólice, fazenda,

dava carro, dava ouro,


beberia seu sobejo,

lamberia seu sapato.


Mas a dona nem ligou.

Então vosso pai, irado,


me pediu que lhe pedisse,

a essa dona tão perversa,


que tivesse paciência

e fosse dormir com ele...


Nossa mãe, por que chorais?

Nosso lenço vos cedemos.


Minhas filhas, vosso pai

chega ao pátio. Disfarcemos.


Nossa mãe, não escutamos

pisar de pé no degrau.


Minhas filhas, procurei

aquela mulher do demo.


E lhe roguei que aplacasse

de meu marido a vontade.


Eu não amo teu marido,

me falou ela se rindo.


Mas posso ficar com ele

se a senhora fizer gosto,


só pra lhe satisfazer,

não por mim, não quero homem.


Olhei para vosso pai,

os olhos dele pediam.


Olhei para a dona ruim,

os olhos dela gozavam.


O seu vestido de renda,

de colo mui devassado,


mais mostrava que escondia

as partes da pecadora.


Eu fiz meu pelo-sinal,

me curvei... disse que sim.


Sai pensando na morte,

mas a morte não chegava.


Andei pelas cinco ruas,

passei ponte, passei rio,


visitei vossos parentes,

não comia, não falava,


tive uma febre terçã,

mas a morte não chegava.


Fiquei fora de perigo,

fiquei de cabeça branca,


perdi meus dentes, meus olhos,

costurei, lavei, fiz doce,


minhas mãos se escalavraram,

meus anéis se dispersaram,


minha corrente de ouro

pagou conta de farmácia.


Vosso pais sumiu no mundo.

O mundo é grande e pequeno.


Um dia a dona soberba

me aparece já sem nada,


pobre, desfeita, mofina,

com sua trouxa na mão.


Dona, me disse baixinho,

não te dou vosso marido,


que não sei onde ele anda.

Mas te dou este vestido,


última peça de luxo

que guardei como lembrança


daquele dia de cobra,

da maior humilhação.


Eu não tinha amor por ele,

ao depois amor pegou.


Mas então ele enjoado

confessou que só gostava


de mim como eu era dantes.

Me joguei a suas plantas,


fiz toda sorte de dengo,

no chão rocei minha cara,


me puxei pelos cabelos,

me lancei na correnteza,


me cortei de canivete,

me atirei no sumidouro,


bebi fel e gasolina,

rezei duzentas novenas,


dona, de nada valeu:

vosso marido sumiu.


Aqui trago minha roupa

que recorda meu malfeito


de ofender dona casada

pisando no seu orgulho.


Recebei esse vestido

e me dai vosso perdão.


Olhei para a cara dela,

quede os olhos cintilantes?


quede graça de sorriso,

quede colo de camélia?


quede aquela cinturinha

delgada como jeitosa?


quede pezinhos calçados

com sandálias de cetim?


Olhei muito para ela,

boca não disse palavra.


Peguei o vestido, pus

nesse prego da parede.


Ela se foi de mansinho

e já na ponta da estrada


vosso pai aparecia.

Olhou pra mim em silêncio,


mal reparou no vestido

e disse apenas: - Mulher,


põe mais um prato na mesa.

Eu fiz, ele se assentou,


comeu, limpou o suor,

era sempre o mesmo homem,


comia meio de lado

e nem estava mais velho.


O barulho da comida

na boca, me acalentava,


me dava uma grande paz,

um sentimento esquisito


de que tudo foi um sonho,

vestido não há... nem nada.


Minhas filhas, eis que ouço

vosso pai subindo a escada.