Quando Bruno Covas deixou o hospital no ano passado, fiz questão de visitá-lo. Sem alarde, sem foto, sem imprensa. Ficamos todos tocados pelo drama do rapaz de 40 anos que enfrentava uma doença terrível.
Minha relação respeitosa com os tucanos vem de longe, de antes da fundação do partido. Quando fui presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto (da Faculdade de Direito de USP), já filiado ao PT, celebrei convênios com o governador Montoro para oferecer assistência jurídica aos mais pobres.
Depois de concluir minha pós-graduação em economia e filosofia, tornei-me professor de ciência política no departamento em que FHC era professor emérito. Sou colega de muitos dos seus alunos e admiradores. Fazia oposição a seu governo de forma civilizada.
Fui ministro da Educação por sete anos. Apesar das muitas divergências com Paulo Renato Souza, ministro de FHC, nunca o desrespeitei; ao contrário, tentávamos encontrar pontos de convergência para fazer a agenda educacional avançar. E conseguimos.
Pois bem. Fiz uma verdadeira revolução nas finanças de São Paulo. Não encontro outras palavras. Reduzi o estoque de dívida da cidade em mais de 60%, de R$ 74 bilhões para R$ 27 bilhões. Além disso, a troca do indexador do contrato fez a dívida, como proporção da receita, cair inercialmente outros 60%.
Herdei um calote de precatórios da gestão tucana: R$ 10,29 bilhões. Comecei a resgatar esse passivo, pagando mais do que determinava a Constituição. Fui o único a fazê-lo.
Cortei despesas, revi contratos e gerei novas fontes de receita com a regulamentação dos aplicativos, zona azul digital, outorga onerosa e correção da planta genérica. Combati a corrupção com a criação da Controladoria, recuperando centenas de milhões de reais desviados ou suspeitos: máfia do ISS, Controlar, Feira da Madrugada, túnel Roberto Marinho etc.
Como resultado, minha gestão foi, nos últimos 30 anos, a recordista em investimento, mesmo tendo enfrentado a maior recessão da história recente (2015-16), e foi coroada, de forma inédita, com a obtenção do grau de investimento, concedido pela agência de risco Fitch.
A gestão Doria-Covas recebeu as finanças na melhor situação possível em décadas. E, mesmo tomando empréstimos — possíveis graças ao saneamento das contas — investiu inexplicavelmente apenas pouco mais de 50% do montante do que nossa gestão.
A mentira que Covas insiste em contar, portanto, tem sua razão de ser. Lamento sua postura. Não o quero mal, pelo contrário, mas não creio que para disputar uma eleição seja preciso se rebaixar tanto, sendo desmentido a cada debate pelas agências de checagem