domingo, 27 de maio de 2018

Greve de petroleiros ameaça funcionamento de aeroporto de Guarulhos, FSP

Greve de petroleiros ameaça funcionamento de aeroporto de Guarulhos

Aeroporto funciona com abastecimento por dutos ligados às refinarias

Joana Cunha
SÃO PAULO
A possibilidade  de uma nova greve, a dos petroleiros —anunciada pela Federação Única dos Petroleiros para quarta-feira (30)— levou o tema "desabastecimento" para aeroportos que estavam blindados à crise dos caminhoneiros até agora.
O GRU Airport, o maior do país, em Guarulhos, que é abastecido por dutos ligados diretamente às refinarias da Petrobras, começa a estudar medidas para se precaver caso haja de fato uma greve dos petroleiros que venha a se prolongar. Uma das medidas seria a elevação da capacidade de armazenamento. 
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) anunciou neste sábado (26) que decidiu entrar em greve na quarta (30) por 72 horas. 
A principal reivindicação é a redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis. 
Procurado, o GRU Airport afirma que "possui um pool para armazenamento de combustíveis para abastecer os voos com capacidade para cerca de 50 milhões de litros de querosene para aviação", diz a concessionária do aeroporto, em nota.
O aeroporto diz também que está  "atento às decisões do governo e dos sindicatos para que, em conjunto com os órgãos que atuam no setor e as cias aéreas, adote as melhores práticas para mitigar quaisquer riscos que possam impactar nas operações".

'Greve de caminhoneiros'. Onde?, Elio Gaspari, FSP

De uma hora para outra, houve uma greve de caminhoneiros, e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, tornou-se o responsável por dias de caos. Duas falsidades.
O que houve não foi uma greve de caminhoneiros, mas uma doce parceria com os empresários do setor de transporte de cargas rodoviárias. Diante dele, o governo capitulou. A repórter Miriam Leitão mostrou que só 30% dos caminhões pertencem a motoristas autônomos.
Na outra ponta estão pequenas empresas subcontratadas e grandes transportadoras. Uma "greve de caminhoneiros" pressupõe greve de motoristas de caminhão. Isso nada tem a ver com estradas obstruídas.
Pedro Parente não provocou o caos. Desde sua posse na presidência da Petrobras ele descontaminou-a do caos que recebeu. Na base dessa façanha esteve uma nova política de preços acoplada ao valor do barril no mercado internacional. É assim que as coisas funcionam em muitos países do mundo. Se o preço do diesel salgou a operação do setor de transporte de cargas o problema é dele, não de uma população que foi afetada pelo desabastecimento e agora pagará a conta. Os empresários sabiam muito bem o tamanho da confusão que provocariam.
O sujeito oculto da produção do caos foi o governo de Michel Temer. No seu modelito Davos, orgulhou-se da política racional de preços dos combustíveis. Já no modelito MDB-DEM-PP-PR-PPS, fez de conta que ela não teria custo político.
Deveria ter provisionado um colchão financeiro para subsidiar a Petrobras, mas essa ideia era repelida pelos sábios da ekipekonômica. Diante do caos, descobriram que o colchão era necessário.
O governo tolerou a bagunça e associou-se ao atraso. A primeira reação de Temer deveria ter sido a responsabilização dos empresários, desmistificando a ideia de "greve dos caminhoneiros". Bloqueou estrada? Reboco o caminhão, caso ele não pertença ao motorista. Queimou o talonário do policial que multou o veículo? Prendo-o. Só mudou o tom e exerceu a autoridade na sexta-feira, usando a força federal para desobstruir estradas.
Desde o primeiro momento tratou-se do caso com o gogó, deixando que o problema deslizasse para a Petrobras e seu presidente. Conseguiram piorar a discussão, beneficiando grupos de pressão, com o dinheiro dos outros.

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    Elio Gaspari
    Jornalista, autor de 5 volumes sobre a história do regime militar, entre eles 'A Ditadura Encurralada'