A esquerda brasileira tem a aprender com Dana White. O chefão do UFC fez uma declaração na coletiva de imprensa após o UFC 309, em Nova York, evento em que o presidente eleito Donald Trump e Elon Musk foram os convidados de honra. Ele afirmou: "Eu venho tendo esta filosofia pelos últimos cinco anos: a mídia tradicional morreu. Não tem mais a influência que tinha antes".
E prossegue: "As duas coisas mais odiadas no mundo hoje são a mídia e os políticos. Ninguém confia neles e ninguém acredita neles. A verdadeira influência está com os jovens na internet, os chamados influenciadores. Então, venho construindo relações com essas pessoas nos últimos quatro ou cinco anos. E esta eleição foi vencida na internet".
Essa fala é central para analisarmos como os brasileiros vêm se informando sobre o que acontece no país.
Um exemplo recente é o anúncio feito pela Polícia Federal de que um grupo de militares, supostamente com a aprovação do ex-presidente Jair Bolsonaro, planejou o assassinato do presidente e vice-presidente eleitos em 2022, além do então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.
O campo democrático, especialmente à esquerda, parece celebrar o anúncio do plano e as prisões dos envolvidos, sob a ilusão de que o restante do país acompanha as notícias pelas mesmas fontes de informação. Esse é um erro. E é um erro ainda maior quando se trata dos evangélicos, que formaram a principal base de apoio eleitoral do bolsonarismo em 2018 e 2022.
Embora a análise de White sobre influenciadores da internet seja relevante, ela não explica completamente a realidade brasileira. Isso porque desconsidera o ecossistema comunicacional que se desenvolveu em torno de grandes denominações evangélicas.
Igrejas atuam como algoritmos. O convívio e as relações sociais filtram de maneira implícita ou explícita as informações que circulam em ambientes compartilhados, como os próprios templos e também os grupos de WhatsApp.
E o que chegou aos grupos de WhatsApp das igrejas e de pastores sobre a denúncia de planos para anular os resultados da última eleição? Com alguma frequência, a mesma mensagem dita por Dana White: mídia e políticos estão articulados para mentir sobre o que acontece no país.
Todo o conteúdo que eu recebi de interlocutores é atual e associado às notícias sobre o G20. Inclui material em vídeo sobre a repercussão internacional da fala deselegante da primeira-dama Janja sobre Elon Musk, críticas à "hipocrisia" do presidente Lula pela alta de preços no país, denúncias de casos de "terrorismo de esquerda" desconsiderados pela mídia, imagens de protestos com o rosto dos presos do 8 de Janeiro e a versão da família Bolsonaro sobre o que chamam de perseguição ao ex-capitão.
Dana White tem um lado nesse debate, mas sua análise é —pode-se dizer— profética. Veio da internet o empurrão final que levou Trump à Casa Branca. O que foi testado e funcionou lá está sendo aplicado e será aperfeiçoado para a eleição brasileira de 2026.
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