O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) realizou nesta sexta-feira (6) uma sessão solene de desagravo ao procurador de Justiça Eduardo Dias de Souza Ferreira, vítima de racismo nas dependências do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
"Não é fácil falar. Não é fácil estar aqui", discursou Eduardo Dias, no encerramento da cerimônia. "Tenho recebido muitas mensagens, muito apoio. Fui às lagrimas. Uma dizia: 'muito triste o que aconteceu com você. É lamentável, repugnante, mas ainda bem que foi com você, porque sei que levará isso adiante'", disse ele.
Segundo a convocatória para a sessão de desagravo, ao tentar ingressar no TJ-SP no último dia 30 de julho, Eduardo Dias, "enquanto cidadão, negro e procurador de Justiça, foi retirado de um elevador para ser revistado e passar por um sistema de detector de metais, depois de ter se identificado regularmente na entrada do tribunal".
"A credibilidade do doutor Eduardo Dias de Souza Ferreira, exemplar colega, indica a necessidade de pronta e enérgica resposta do Ministério Público", acrescentou o texto. O procurador está no Ministério Público desde 1989 e é também professor da PUC-SP.
O promotor Mario Malaquias, integrante da Rede de Enfrentamento ao Racismo do MP-SP, disse que o ato de desagravo mostra o compromisso do órgão com o combate à discriminação.
"O que traz todas essas pessoas aqui é a indignação. Quando uma sessão desta acontece, o Ministério Público mostra repúdio a não só este caso como a todos que acometem a população, especialmente a negra", afirmou.
Motauri Ciocchetti de Souza, corregedor-geral do MP-SP, também discursou. "Receba da Corregedoria Geral e do seu amigo um abraço fraterno. Somos maiores que pessoas pequenas."
Em nota publicada em 8 de agosto, a Associação Paulista do Ministério Público (APMP), que representa mais de 3.000 membros do órgão, manifestou "irrestrito apoio" a Eduardo Dias, destacou o histórico do procurador na defesa dos direitos humanos e pediu rigorosa apuração dos fatos. "Nenhuma forma de discriminação pode ser admitida", dizia a nota.
Na ocasião, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que o segurança que interceptou Dias é um policial militar que faz parte do corpo de segurança da presidência do tribunal e que as circunstâncias do episódio seriam investigadas pela Assessoria Policial Militar na corte. "Serão tomadas as medidas cabíveis em caso de qualquer irregularidade constatada", afirmou a pasta.
A Folha voltou a questionar a SSP sobre o episódio e aguarda resposta.
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