Os livros de economia estão superados, como assevera Luiz Inácio Lula da Silva? É verdade que a economia não goza do mesmo estatuto epistemológico de ciências mais duras, como a física. Isso significa que é tolice esperar dos economistas predições com a mesma precisão que aquelas feitas por astrônomos para os próximos eclipses solares, por exemplo.
Também é verdade que ocorrem guerras intestinas entre diferentes escolas econômicas e, dentro de cada uma delas, disputas fratricidas. Mas isso tem mais a ver com carreiras individuais do que com uma falha teórica irredutível. Apesar desses e de outros poréns, existem alguns princípios gerais que são reconhecidos pela maior parte das correntes econômicas. São eles que tendem a figurar nos manuais e livros-textos de que o presidente desconfia.
Um deles diz que não dá para manter, simultaneamente e por muito tempo, uma política fiscal expansionista (chamar gastos de investimentos não muda nada), inflação baixa e juro baixo. É preciso abrir mão de ao menos um desses elementos, embora o ideal seja encontrar combinações ótimas entre eles. Como são grandes as intersecções entre economia e psicologia, se o governo convencer os mercados, isto é, as pessoas que lhe emprestarão dinheiro, de que não haverá descontrole futuro, conseguirá se financiar sem disparada da inflação e pagando um juro menor do que aquele que seria exigido num cenário de desconfiança. Como fazer isso é mais um problema da política do que da economia.
Os manuais, porém, são mais ou menos consistentes em apontar certas coisas que não dão certo. Uma delas é tabelar o juro num valor inferior ao dos custos de captação, como fez o ministro da Previdência, Carlos Lupi, outro que não acredita nos livros. O resultado, tão previsível como um eclipse, foi o desaparecimento das linhas de crédito para os empréstimos consignados.
Brigar com livros raramente é boa ideia.
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