Em expansão no Brasil, o biogás já é uma alternativa para substituir diesel e gás natural na geração de energia ou como combustível no transporte pesado, mas quer ir além e chegar até a aviação. No final do ano passado, a empresa de biotecnologia Geo Biogás & Tech anunciou investimento de R$ 15 milhões em uma planta-piloto para produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) em unidades de geração de biogás no Paraná. O projeto de demonstração terá capacidade de fabricação inicial de 660 litros por dia, a partir dos resíduos de cana-de-açúcar, como vinhaça e torta de filtro. A rota de produção é a Fischer-Tropsch (FT), onde o vapor do gás renovável gera hidrogênio, eliminando a necessidade de investimentos em eletrólise – o que reduz o consumo energético. A FT já é aprovada internacionalmente para uso em aeronaves, mas ainda não conseguiu ganhar mercado. Um dos motivos é a disponibilidade de biogás. É justamente essa lacuna que o Brasil pode preencher. “Lá fora ninguém olha para ela porque não tem escala de biogás”, comenta Alessandro Gardemann, CEO da Geo. Na última quinta (30/3), a empresa reuniu especialistas em um painel sobre o potencial do SAF no Brasil. O executivo afirma que a ideia é combinar a escala do biogás brasileiro, principalmente da cana de açúcar, com a tecnologia Fischer-Tropsch, para mostrar ao resto do mundo que há alternativas além dos óleos vegetais. “Nossa tese, frente às outras rotas, é que se for para todo mundo custar o mesmo tanto [em comparação com o querosene fóssil], a gente parte de um combustível mais barato. O dólar por milhão de BTU do biometano é metade do de etanol, ou um terço do óleo de dendê”, conta Gardemann. Por ser gerado a partir de resíduos, o biometano (o biogás purificado) é considerado um biocombustível avançado, e o SAF com esse insumo tem uma classificação ambiental alta na calculadora do Corsia (programa de descarbonização da aviação civil internacional). |
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