Sim, ainda é a sexta economia do mundo, mas até quando? Os analistas indicam que o Reino Unido, com um crescimento pífio de 0,5% ao ano desde 2010, pode dar o lugar à Polônia. A idéia de que um trabalhador polonês terá renda maior que a de um inglês é espantosa para quem como eu, em meados dos anos 1950, ainda podia sentir o peso financeiro, político e cultural do Império Britânico. Era como se metade do mundo fosse sua colônia.
Quando se falava em literatura, os grandes nomes vivos eram de lá: Somerset Maugham, E.M. Forster, Aldous Huxley, Graham Greene, Daphne du Maurier. Agatha Christie era uma coqueluche mundial. P.G. Wodehouse, criador dos imortais Bertie e Jeeves, outra. E o pastoso A. J. Cronin, também. Mortos recentes e ainda presentes eram Virginia Woolf, George Orwell e Bernard Shaw. E as grandes escritoras logo estariam se impondo: Nancy Mitford, Muriel Spark, Doris Lessing.
Por causa do teatro e do cinema, todos sabiam de Noël Coward, Laurence Olivier, Alec Guiness, Rex Harrison, Dirk Bogarde. Diretores como Carol Reed, David Lean, Alexander Mackendrick e a dupla Michael Powell-Emeric Pressburger eram grandes favoritos dos críticos. E astros que julgávamos americanos eram ingleses: Chaplin, Hitchcock, Cary Grant, Bob Hope, Deborah Kerr, Elizabeth Taylor.
Na verdade, depois de Shakespeare, Sherlock Holmes e o Médico e o Monstro, os britânicos não tinham de produzir muito de novo para continuar mandando na cultura. Dizia-se até que, um dia, só haveria cinco monarcas no mundo: os reis do baralho e o da Inglaterra. A profecia se cumpriu.
Mas, com a Segunda Guerra e sem as colônias, a Inglaterra e sua rainha se tornaram sinônimos de um poder eunuco e inócuo. Nos anos 1960, exceto pelos Beatles, James Bond e a minissaia, o Reino Unido ficou desimportante. E, agora, com o Brexit, pode cair já em 2030 para a segunda divisão.
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