sexta-feira, 24 de março de 2023

Metroviários aceitam oferta da madrugada do Metrô e greve termina em SP, FSP

 O Sindicato dos Metroviários de São Paulo realizou uma assembleia na manhã desta sexta-feira (24), e a categoria aceitou a proposta apresentada pelo Metrô durante a madrugada. Com isso, a greve, que começou nesta quinta (23), foi encerrada.

Os metroviários devem voltar ao trabalho imediatamente, e a expectativa é que as estações reabram e a circulação volte ao normal ao longo do dia. A greve durou 34 horas e foi marcada por brigas entre o sindicato e o Metrô.

Durante a madrugada, o Metrô apresentou ao sindicato uma proposta para o pagamento em abril de abono salarial no valor de R$ 2.000 e a instituição de PPR (Programa de Participação nos Resultados) de 2023, a ser pago em 2024.

Atrás de uma mesa longa com pano vermelho, sindicalista discursa com microfone
Sindicato dos metroviários realiza assembleia em São Paulo para definir se aceitam ou rejeitam proposta do Metrô e encerram a greve iniciada na quinta-feira (23) - Reprodução/Youtube do Sindicato dos Metroviários de São Paulo

O Sindicato dos Metroviários afirma que a empresa pública deixa de pagar há três anos o abono salarial devido à categoria. Os funcionários pedem reposição do equivalente à participação nos lucros de 2020 a 2022. Antes de fazer a proposta aos funcionários nesta madrugada, o Metrô afirmou não ter dinheiro para pagar o abono salarial neste momento, alegando que a empresa teve quedas significativas de arrecadação devido à pandemia e ainda não teve o retorno total da demanda de passageiros.

A presidente do sindicato, Camila Ribeiro Duarte Lisboa, reclamou que a negociação está duríssima e não vê uma possível melhora da proposta apresentada pelo Metrô.

"A gente acha a proposta muito ruim, um desrespeito com a categoria que trabalhou durante a pandemia, que está sofrendo nas estações com pouquíssimos funcionários. A gente merece muito mais do que isso", discursou durante a assembleia.

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Contudo, Lisboa defendeu que a proposta da companhia fosse aceita pelos trabalhadores.

"Estou defendendo a gente aceitar essa proposta, com todas as críticas que ela merece, mas para a gente sair por cima. Porque nós temos uma campanha salarial daqui a duas semanas. Vai começar um novo enfrentamento. A gente quer sim um reajuste na campanha salarial, a gente quer sim melhorar o nosso acordo coletivo e a gente já viu que vai enfrentar um governo duríssimo", afirmou a presidente.

O vice-presidente do sindicato Narciso Fernandes Soares afirmou que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) mentiu durante a negociação.

"E não mentiu só na catraca. Mentiu quando falou que não tinha dinheiro para dar para os metroviários. Porque está dando essa merreca desses R$ 2.000, que os metroviários mereciam muito mais, mas mostrou que tinha dinheiro e a gente vai brigar para dar mais", afirmou Soares.

Ele defendeu que o movimento sai fortalecido da greve e defendeu a aceitação da proposta patronal.

"A gente sai mais forte hoje do enfrentamento com Tarcísio. A categoria sai mais moralizada. Foi muito correto esse movimento. Acho que nesse momento é melhor recuar para sair de cabeça erguida e ter força para lutar na campanha salarial, ter força para lutar contra a privatização. Acho que é o melhor momento mesmo sendo essa proposta ruim. Por isso defendemos essa proposta", defendeu.

No entanto, mesmo com a defesa da direção do sindicato, os metroviários rejeitaram a proposta o oferecida e a greve segue em andamento.

As linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha do metrô e a linha 15-prata do monotrilho amanheceram paralisadas pelo segundo dia consecutivo nesta sexta-feira (24) em São Paulo e a partir das 6h45 começaram a funcionar parcialmente, de acordo com plano de contingência. Os trens das linhas 4-amarela e 5-lilás circulam normalmente.

ENTENDA A GREVE NO METRÔ DE SP

O que os metroviários pedem

  • Pagamento de abono salarial para repor o não pagamento das PRs (participação nos lucros) de 2020 a 2022
  • Revogação de demissões por aposentadoria especial
  • Revogação de desligamentos realizados em 2019
  • Fim das terceirizações e privatizações
  • Abertura imediata de concurso público para repor o quadro defasado de funcionários

O que diz o Metrô

Afirma não ter dinheiro para pagar o abono salarial neste momento, alegando que a empresa teve quedas significativas de arrecadação devido à pandemia e ainda não teve o retorno total da demanda de passageiros, se comparada a 2019

VAIVÉM SOBRE ABERTURA DAS CATRACAS

Na véspera da greve

  • Justiça rejeita liminar do Metrô e permite catraca livre em caso de greve
  • Sem acordo com empresa, metroviários anunciam greve
  • Metrô não divulga se vai liberar passageiros de graça

No dia da greve

  • Metroviários entram em greve, com estações fechadas
  • Funcionários afirmam que voltariam ao trabalho com catracas livres
  • Metrô anuncia que aceita liberar catracas
  • Metroviários dizem que estão a postos para trabalhar, mas estado não libera passageiros
  • Gestão Tarcísio acusa funcionários de não terem voltado ao trabalho
  • Justiça revê decisão e manda metroviários garantirem 80% do serviço durante a greve
  • Funcionários dizem que não vão voltar ao trabalho sem catraca livre

7.200
metroviários compõem o quadro. Desse total, 3.800 são funcionários diretamente ligados à operação dos trens, sendo que cerca de 700 trabalham ao mesmo tempo nas quatro linhas

3 milhões
é o número atual de passageiros do sistema por dia, segundo o Metrô. Antes da pandemia, a média ficava entre 3,8 milhões e 4 milhões de passageiros

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