quarta-feira, 22 de março de 2023

Deirdre Nansen McCloskey - Devemos parar de conquistar e começar a persuadir, FSP

 As pessoas gostam de falar sobre "brigar" por um objetivo, "lutar" pelos direitos dos trabalhadores ou "atacar" seus adversários políticos semelhantes a ratos ou sobre o Brasil "competir" com seus "inimigos", como numa partida de futebol ou numa guerra. É muito emocionante.

A linguagem importa.

Uma linguagem conquistadora e competitiva causou a Primeira Guerra Mundial, por exemplo. E a linguagem agressiva de soma zero entre o Japão e os Estados Unidos causou a parte do Pacífico na Segunda Guerra Mundial.

E você conhece o resultado da linguagem de Hitler sobre os judeus serem inimigos, "vermes".
Deveríamos parar de falar assim. É estúpido, infantil, iliberal e perigoso para nossa saúde. Em vez disso, deveríamos falar sobre persuasão. Aquele liberal original, Adam Smith, cujo 300º aniversário é neste ano de 2023 —que sua tribo cresça—, via o comércio como persuasão. Não a guerra.

O economista escocês Adam Smith [1723-1790] - Divulgação


Ele disse, por exemplo, a seguinte frase:

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"A oferta de um xelim, que para nós parece ter um significado tão claro e simples, é na realidade oferecer um argumento para persuadir alguém a fazer algo, se for de seu interesse. Os homens sempre se esforçam para persuadir os outros a adotarem sua opinião, mesmo quando o assunto não tem importância para eles. E dessa forma cada um pratica a oratória com os outros durante toda a sua vida".
Em português, como na parte do inglês derivada do francês e do latim, há duas palavras usadas para tais interações: "convencer" e "persuadir".

A raiz latina de "convencer" é "vincere", conquistar, como na famosa mensagem de Júlio César a Roma: "Vim, vi, venci".

Ele não quis dizer que, com palavras doces ou com a oferta de um ou dois xelins, ele "persuadiu" Fárnaces 2° do Ponto a se tornar um vassalo romano. Ele esmagou o exército de Fárnaces.

A raiz latina do português "persuadir" e do inglês "persuade", em contraste, é doce e smithiana. É suave.

A palavra vem do proto-indo-europeu, que é a fonte de numerosos idiomas, que vão do latim e grego ao sânscrito e inclui o inglês e o português. O proto-indo-europeu é "swehd". Compare o inglês "sweet", o alemão "süss", o holandês "soet".

O português "doce" vem de um sinônimo indo-europeu para "swehd", "dléwkus". Dele vem o grego antigo "glukus" e, daí, a palavra científica "glicose".

Esses proto-indo-europeus amavam tanto a doçura que tinham duas palavras para definir isso.

Bom para eles.

Devemos parar de conquistar e começar a persuadir.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves


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