Está batido o martelo: as multinacionais do agronegócio, bem como os grandes operadores desse mercado, vão se comprometer a não comprar soja de áreas desmatadas do cerrado brasileiro a partir de janeiro de 2025.
O compromisso será anunciado na próxima reunião da COP-27, que se realizará no Egito em novembro. É um tiro de dezenas de bilhões de dólares nas exportações de soja do cerrado.
Como a data para o embargo afeta terras que venham a ser desmatadas a partir de janeiro de 2025, a iniciativa poderá resultar numa corrida às derrubadas legais nos próximos dois anos.
Cozinha-se nas discussões ambientais da Europa um compromisso retroativo, pelo qual o embargo poderá ser estendido até mesmo a terras desmatadas legalmente a partir de 2020.
O fundamentalismo e a inação do governo brasileiro —um orgulhoso pária— jogam uma parte do agronegócio no colo dos compradores chineses.
Como se viu há um ano no caso das proteínas animais, os compradores da China serão presenteados com um mecanismo pelo qual poderão invocar medidas de proteção ambiental para barrar navios com soja. Basta que se possa alegar que há soja maldita na carga.
As Panteras de Lula
uma campanha eleitoral marcada pela falta de senso de humor, é um refrigério gastar alguns minutos com "As Panteras de Lula", do baiano Zel Júnior, de 24 anos, que se define como "gay, nordestino e periférico". Ele vive na zona leste de São Paulo.
Acusado de ter gasto mais de R$ 200 mil na produção da peça, Zel informou que gastou menos de R$ 100. Numa entrevista a Letícia Leite, ele contou que fez seu primeiro vídeo em 2017.
Zel produz, edita e faz figurinos. Começou a trabalhar "As Panteras" no ano passado. Com ele, a atriz Jade Mascarenhas, de 23 anos.
Zel conseguiu uma curta participação especial do próprio ex-presidente no seu vídeo. Os vídeos de Zel esbanjam irreverência, talento e bom humor.
O BANQUEIRO COM CABRAL
A editora florentina Olschki acaba de publicar "La Divina Commedia di Antonio Maria Esposito". Um livro esquisito de um autor mais esquisito. Antonio Esposito (1917-2007) foi um sacerdote italiano que fazia miniaturas de presépios e paisagens.
Seu menor presépio foi criado numa semente de cânhamo e tem 2,8 milímetros por 1,8. Esposito ilustrou "A Divina Comédia", de Dante Alighieri, dentro de 42 cascas de nozes.
A casa Olschki surgiu em 1863, tem canal na rede, funciona numa propriedade renascentista a poucos minutos de Florença e publica livros sobre tempos passados.
Por exemplo: em 2014, Olschki publicou "Bartolomeo Marchionni — Homem de Grossa Fazenda (1450-1530)", do professor Francesco Guidi Bruscoli.
O mercador Marchionni foi o homem mais rico de Lisboa na virada do século 15 para o 16. Trabalhava para banqueiros florentinos. Traficava escravos tártaros e negros da Guiné, comercializava especiarias da Índia e açúcar da ilha da Madeira.
Entre 1486 e 1493 traficou 3.586 escravizados com um lucro de 30%. Emprestava dinheiro aos reis e teria conhecido tanto a Cristóvão Colombo quanto a Leonardo da Vinci.
Marchionni financiava navegadores e em 1500 bancou como sócio a empreitada do navio Anunciada, da frota de Pedro Álvares Cabral. Em 1501 ele falava do "novo mundo" que Cabral encontrou.
Pouco depois Marchionni teria intercedido para que Amerigo Vespucci embarcasse na frota que seguiu para a Terra dos Papagaios. Vespucci percorreu a costa brasileira e suas descrições levaram um cartógrafo alemão a chamar o continente de América.
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