Durante o primeiro turno, a campanha de Bolsonaro se comportou como se estivesse no segundo. Com a desculpa de que precisava aumentar a rejeição a Lula e diminuir a própria, não fez propostas para melhorar o governo (ao contrário, nas poucas vezes em que olhou para o futuro prometeu destruir o país mais ainda). As forças concentraram-se na eliminação do único e temível adversário. É a natureza bolsonarista, que não consegue agir de outra maneira.
Na briga entre os filhos Flávio (que propunha exaltar o que de positivo havia sido feito na Presidência, uma tarefa impossível) e Carlos (o aloprado que comanda o gabinete do ódio e das mentiras), ganhou o segundo. Só para ficar num pequeno exemplo de como funciona a rede de fake news: um dia depois da votação, o TSE determinou a exclusão de 32 publicações que acusavam Lula de "perseguir cristãos" e incentivar a "invasão das igrejas".
Como em 2018, a estratégia nauseante deu resultado. Evitou a derrota na primeira rodada, que seria uma humilhação para quem se considera um eleito da maçonaria e concorre à reeleição usando a máquina estatal, furando o teto de gastos com a PEC Kamikaze e se aliando a políticos do centrão que controlam os bilhões do orçamento secreto para pôr em prática todo tipo de corrupção paroquial.
Em entrevista à Folha, a cientista política Camila Rocha disse que os eleitores de Bolsonaro arrependidos decidiram o voto a favor dele na última hora. Se a tese estiver correta, resta ao movimento lulista estabelecer a verdade a respeito do que ocorreu nos últimos quatro anos.
Mostrar as ameaças à democracia, a volta do Brasil ao mapa da fome, a investida contra as instituições, a devastação da Amazônia, o bloqueio de 2,4 bilhões e desvios de verba no MEC, a condução criminosa do combate à pandemia que resultou em 700 mil mortos. Atacar o oponente com o mesmo tesão que ele tem em atacar.
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