sábado, 29 de outubro de 2022

Alvaro Costa e Silva -Eleitores à beira de um ataque de nervo, FSP

 


Chegam o Mundial do Qatar, o Natal, o Ano Novo, as modas do verão, o Carnaval, o Brasil do futuro de Stefan Zweig. Mas não chega o dia da eleição.

A importância do pleito de 2022 — que se transformou num plebiscito sobre a Constituição e a democracia — mexeu com a já combalida saúde mental dos brasileiros, que vão às urnas neste domingo (30) como uma personagem de Almodóvar: à beira de um ataque de nervos. Medo, raiva, desespero, ansiedade e angústia na escala máxima, tornando a convivência entre os adversários uma impossibilidade.

Muitas relações familiares já tinham ido para a cucuia desde 2018. As amorosas, idem. Mais importante que a atração física, hoje, é uma pergunta-chave: você é Lula ou Bolsonaro? Dependendo da resposta, não dá match. Freguês há mais de 20 anos da cerveja gelada, do caldinho de feijão e do papo no bar que fica na rua onde ele mora, um amigo meu cancelou o lazer dos sábados porque uma camisa da seleção, com o 22 às costas, surgiu tremulando na porta do boteco.

Nas redes bolsonaristas, a confusão é geral. Sofrendo porque as pesquisas não apontam uma virada, há gente que já está de malas prontas para o aeroporto. A maioria não sabe se deve apoiar as granadas terroristas de Roberto Jefferson ou o golpe de adiar a votação. Acabam brigando entre si. O mesmo acontece no campo lulista. Um singelo vídeo com escritores abrindo livros e fazendo o L despertou uma patrulha anti-intelectual que não se via desde a época do desbunde e da esquerda festiva nos anos 1960.

Vanessa Tuleski, astróloga da Folha, adverte: confrontos verbais não vão faltar (tomara que fiquem só no verbo, sem passar à ação). Segundo Tuleski, a eleição ocorrerá entre dois eclipses, fenômeno que aumenta as tensões, precipita crises e reduz a clareza dos pensamentos, como se houvesse um apagão. Cuidado, portanto, para não se confundir na hora de apertar o 13.

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