quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Datafolha: Maconha e aborto dividem jovens, que defendem saúde e educação pública, FSP

 Isabella Menon

SÃO PAULO

Entre os jovens brasileiros, alguns assuntos são quase unânimes. É o caso da saúde (99%) e da educação públicas —esta tanto no nível básico e médio (98%) quanto no superior (97%). Além disso, a adoção de crianças por casais homossexuais também tem alta aprovação (83%).

Ou seja, independente da idade, posição política e renda familiar, a vasta maioria concorda com estes temas.

Segundo o Atlas da Juventude, cerca de 50 milhões de pessoas no Brasil são jovens —parcela da população que tem de 15 a 29 anos.

Jovens se dividem em relação a descriminalização da maconha, aponta Datafolha
Jovens se dividem em relação a descriminalização da maconha, aponta Datafolha - Karime Xavier 16.jun.2022/Folhapress

A maioria concorda também em outras pautas, mas não com tanta adesão. É o caso, por exemplo, das cotas raciais, apoiadas por 69%. Já temas com como descriminalização da maconha, aborto e pena de morte dividem os jovens.

Os resultados são de uma pesquisa Datafolha, que realizou 1.000 entrevistas com jovens nos dias 20 e 21 de julho em 12 capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia, Brasília, Manaus e Belém). A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Para Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo da ONG Todos Pela Educação, a opinião dos jovens em relação à educação e saúde pública mostra que este não é um assunto que está em disputa na sociedade. Por outro lado, ele considera que o resultado da questão sobre cotas raciais mostra que este ainda é um tema envolto em discussões políticas e ideológicas.

A porcentagem dos jovens favoráveis às cotas ainda é superior quando comparada com toda a população do Brasil. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em junho de 2022, 50% da população se declara a favor da ação.

Giovani Rocha, cofundador da Mahin Consultoria Antirracista, afirma que não se surpreende com os números. Para ele, a população vai começar a entender amplamente a importância das cotas quando negros passarem a ocupar determinados espaços e tiverem acesso a mais conhecimento sobre a verdadeira história do país.

As taxas de aprovação às cotas mudam de acordo com a preferência política dos jovem. Enquanto 53% dos eleitores de Jair Bolsonaro (PL) concordam com a ação, a porcentagem sobe para 77% entre quem vota em Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Acredito que os eleitores do Lula são os mais próximos das discussões sobre identidades e como diferentes pessoas são impactadas pela realidade em que vivemos. Ao estarem mais próximos, estão mais expostos ao conhecimento em relação às desigualdades do Brasil a partir da ótica racial", diz.

A pesquisa ainda aponta que o apoio às cotas aumenta conforme cresce a renda familiar. A cientista política Nailah Neves Veleci considera que "o acesso à informação e o tempo para realizar buscas acerca de um tema é um privilégio."

JOVENS DO BRASIL

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