Rio de Janeiro - Embora a valorização energética de resíduos tenha entrado na pauta apenas mais recentemente no País, desde quando a primeira usina termelétrica a partir de resíduos sólidos urbanos, a URE Barueri, foi viabilizada no leilão A-5 de 2021, a atividade já existe e evolui em território nacional, por outra via tecnológica não menos importante, há mais de 25 anos.
A vertente que, além de estar crescendo ano após ano, tem realizado com sucesso dois dos principais atributos da atividade, ou seja, eliminar passivos ambientais e substituir combustíveis fósseis, é o coprocessamento de resíduos em fornos de cimento.
O coprocessamento de resíduos, adotado em todos os países onde há produção cimenteira – sendo que em alguns deles chega a substituir quase a totalidade da demanda de fósseis dessa indústria –, é praticado por quase 40 fornos de cimento licenciados para tal no Brasil.
Sua definição técnica se explica pela ação concomitante que ocorre ao se colocar resíduos preparados, misturados e homogeneizados nos fornos, como combustíveis derivados de resíduos (CDRs). Ao se dosar no forno os CDRs, destruídos a uma temperatura média de 1.450º C, há o coprocesso: o aproveitamento do potencial energético dos resíduos como combustível e ao mesmo tempo a formação do clínquer, a matéria-prima central do cimento.
“Um conceito importante do coprocessamento é que todo o resíduo que entra no forno de cimento como CDR não gera cinzas, parte dele fica adicionado na estrutura cristalina do cimento e outra gera calor ou vapor d´água”, diz Francisco Leme, diretor executivo da consultoria W4Resources e conselheiro da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, a Abren.
Um levantamento da W4Resources aponta que o Brasil já coprocessou desde 1996, quando os primeiros fornos de cimento foram autorizados, 22,5 milhões de toneladas de resíduos. Desse total, 4 milhões de t se referem a pneus inservíveis, primeira demanda que foi atendida pela tecnologia e cujo passivo foi e está sendo resolvido por conta da solução.
Ainda formam essa conta total da consultoria 6 milhões de t de resíduos industriais com poder calorífico, 8 milhões de t de resíduos de biomassa e 4,5 milhões de t de resíduos de substituição de matérias-primas (que contenham calcário ou argila).
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