quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Hidrogênio verde mais barato que gasolina?, Nayara Machado EPBR

 

Com custo estimado entre US$ 1,20 e US$ 1,40/kg até 2030, o hidrogênio verde (H2V) produzido no Brasil pode ser mais barato que a gasolina no futuro próximo, disse nesta quarta (26/10) o CEO da Comerc Eficiência, Marcel Haratz, durante evento sobre frotas verdes.
 
O cálculo considera um veículo com tecnologia célula a combustível capaz de fazer 150 quilômetros com um quilo do hidrogênio, o que daria cerca de R$ 0,08 por quilômetro rodado.
 
“Se considerarmos o preço do hidrogênio verde produzido hoje em pequena escala, chegamos a R$ 0,39/km. Se esse mesmo estudo fosse feito hoje com um carro a gasolina que faz uma média de 10 km/litro, são R$ 0,55/km. Ou seja, o hidrogênio verde produzido hoje já é mais barato do que a gasolina no Brasil”, explica. 
 
A perspectiva de redução dos custos na próxima década e a evolução tecnológica devem trazer mais competitividade para a inserção do novo combustível no Brasil.
 
Mesmo a maior parte dos projetos em estudo hoje focando exportação, Haratz vê potencial para o consumo interno. 
 
Estudo da McKinsey indica que o Brasil pode consumir de 7 a 9 milhões de toneladas/ano de H2V até 2040, como matéria-prima, na indústria e nos transportes. 
 
No setor de transportes, o potencial de consumo chega a 3,6 milhões de toneladas/ano, dos quais 600 mil toneladas seriam usadas por veículos leves -- os 3 milhões de toneladas restantes devem substituir diesel no transporte de cargas em trens e caminhões, e combustível marítimo.
 
Energia renovável não deve faltar… Haratz calcula que os projetos de geração solar e eólica em desenvolvimento hoje no Brasil – sem considerar os 169 GW de eólica offshore em licenciamento e aguardando um marco legal – somam 248 GW e seriam capazes de produzir 13 milhões de toneladas/ano de hidrogênio até 2040.

…mas o ponto de consumo ainda é um gargalo. “Além da demanda por redes de transmissão da energia, [ter a energia necessária no] ponto de consumo é o principal desafio, porque vamos consumir grandes quantidades”, explica.

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Outra questão é pagar a conta dos projetos bilionários. Lá fora, governos estão subsidiando a indústria e até mesmo o consumo.
 
Aqui, isso está longe de acontecer. Pelo menos no atual governo.
 
“Pedir algum subsídio hoje é difícil. Temos que buscar fontes de financiamento mais competitivas, buscar formas de a eletricidade chegar barata”, observa o executivo.
 
Ele explica que o que faz o hidrogênio verde ser competitivo em um país é o preço da eletricidade renovável, que hoje representa de 70% a 80% do custo final.  
 
No Brasil, a maior parte dos projetos está concentrada em portos que possuem Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) que dão benefícios fiscais para as empresas.
 
Segundo Haratz, a indústria também está tentando enquadrar o hidrogênio como prioritário para poder emitir debêntures de infraestrutura. 
 
“Temos que ir atrás de formas de financiamento mais competitivas. Internacionalmente, alguns bancos oferecem financiamento a taxas muito baratas, mas quando fazemos o swap cambial aqui, se não for para exportação, fica muito difícil”.
Combustível da próxima década. Para Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras, o hidrogênio “muito provavelmente” será o combustível da próxima década, com destaque para o verde. 
 
Durante o evento sobre fretes verdes na terça (25/10), o executivo disse que a matriz elétrica predominantemente renovável do Brasil coloca o país em posição de vantagem para produção do combustível a partir da eletrólise.
 
A matriz elétrica brasileira hoje tem cerca de 186 GW, dos quais 155,6 GW, ou 83%, vem de fontes renováveis – hidrelétrica, eólica, solar e biomassa.
 
O potencial, no entanto, é muito maior e a holding de geração, transmissão e distribuição está considerando isso nos seus planos de investimento
Cobrimos por aqui: 

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Casa dos Ventos e TotalEnergies formam joint-venture. A nova sociedade nasce com um portfólio de 6,2 GW de geração renovável, dos quais 700 MW estão em operação, 1GW em construção e 4,5 GW em estágio avançado de desenvolvimento. Também buscará oportunidades de investimento nas áreas de hidrogênio e amônia verde.
 
A brasileira passa a atuar na construção e operação de empreendimentos de geração renovável por meio da nova sociedade com TotalEnergies, enquanto mantém a sua área de desenvolvimento. 
 
A joint-venture terá o direito prioritário de adquirir outros projetos atualmente em desenvolvimento pela Casa dos Ventos. A TotalEnergies tem 9 GW em eólicas offshore projetadas para o Brasil.
Eólica no Piauí. A Enel Green Power Brasil, braço de geração renovável da Enel Brasil, iniciou a construção do parque eólico Lagoa dos Ventos V (399 MW)  no município de Dom Inocêncio, no Piauí. É a segunda expansão do maior complexo eólico atualmente em operação na América do Sul, com investimento estimado em R$ 2,5 bilhões. 
 
A construção começou em 2020 e a expectativa é concluir o empreendimento até o fim do ano. Atualmente, o complexo possui cerca de 1 GW em funcionamento e, quando estiver totalmente pronto, terá capacidade instalada superior a 1,5 GW.
Debêntures ESG. A Energisa levantou R$ 750 milhões com a emissão dos chamados Sustainability-Linked Bond (SLB). Na prática, os projetos vinculados aos títulos evitarão a emissão de 76 mil toneladas de carbono, equivalente ao capturado por uma floresta do tamanho de 100 campos de futebol.
 
O SLB está relacionado a projetos de geração distribuída e iniciativas para dar acesso à energia limpa, especialmente em regiões remotas do Brasil.

Emissões recordes. Dois relatórios da ONU publicados hoje (26/10) mostram que os planos climáticos ainda estão insuficientes para frear o aumento da temperatura global.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que que a concentração na atmosfera dos três principais gases de efeito estufa — CO2, metano e óxido nitroso — atingiu novos recordes em 2021.
 
Já a ONU Mudanças Climáticas analisou as 193 Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e descobriu que os panos levam a um aumento de 10,6% nas emissões até 2030. O ideal é um corte de 45% até o final da década. Leia na epbr

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