Advogado tinha 74 anos e havia realizado transplante de medula há alguns dias
Catia Seabra
BRASÍLIA e SÃO PAULO
O ex-deputado federal Sigmaringa Seixas morreu nesta terça-feira (25), aos 74 anos, devido a uma parada cardíaca. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e chegou a fazer transplante de medula há alguns dias, mas não resistiu ao procedimento.
Filiado ao PT, o advogado era amigo e consultor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com procuração para defendê-lo caso fosse necessário.
O velório e o enterro do advogado serão realizados a partir das 8h de quarta-feira (26), no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, cidade onde ele vivia com a família. O sepultamento está marcado para as 16h30.
TRAJETÓRIA
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Luiz Carlos Sigmaringa Seixas nasceu em Niterói (RJ) em 7 de novembro de 1944. Parlamentar por três mandatos, começou sua carreira política no MDB elegendo-se deputado federal em 1986 pelo Distrito Federal. Participou da Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, ano em que migrou para o PSDB, partido que ajudou a fundar e pelo qual também foi eleito deputado.
Foi reeleito em 1990 e votou favoravelmente ao impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992.
Derrotado nas eleições de 1994, em que tentava uma vaga no Senado, filiou-se ao PT. Em 2002, foi reeleito deputado.
Seixas sempre teve uma postura crítica em relação ao PT e, por isso, era visto com desconfiança por uma ala do partido.
Antes do impeachment de Dilma Rousseff, ele tentou intermediar, em 2015, um encontro entre Lula e Fernando Henrique Cardoso. Teve o aval de dois para a abertura do diálogo, mas a articulação foi abortada quando a operação veio à tona —e FHC chegou a ser chamado de gagá nas redes sociais.
O advogado era próximo de Lula, a ponto de frequentar sua casa em momentos cruciais da vida do ex-presidente. Mas sempre foi discreto. Uma conversa entre os dois acabou caindo em um grampo da Polícia Federal.
Na gravação, o ex-presidente pedia a Seixas que conversasse com o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot sobre as investigações contra ele e dissesse que desejava doar todos os bens e itens que ganhou ao Ministério Público.
"Como ele aceitou um pedido de um cara lá de Manaus pra investigar as coisas que eu ganhei, pergunta pra ele se no Ministério Público tiver um lugar eu mando tudo pra lá. Pra eles tomarem conta, porque eu não tenho nenhum interesse de ficar com isso", afirmou o ex-presidente.
Lula também se queixa das investigações sobre os pagamentos de empreiteiras para sua manutenção.
Sig, como era seu apelido, foi responsável pela indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal) de Teori Zavascki, de quem era amigo. A escolha renderia a ele críticas de petistas quando, ao se tornar relator da Operação Lava Jato no Supremo, Teori incluiu Lula em inquéritos e decidiu anular as gravações que o juiz Sergio Moro divulgara com conversas entre o ex-presidente e Dilma.
Era tido como poderoso e chegou ter influência também no governo Dilma. Uma de suas últimas tarefas foi conter a crise entre Sepúlveda Pertence e os demais advogados de Lula, evitando a saída abrupta do ex-ministro do STF da defesa do petista na Lava Jato.
REPERCUSSÃO
A morte de Sigmaringa foi lamentada por políticos de diferentes partidos, que publicaram homenagens nas redes sociais.
O presidente Michel Temer (MDB) publicou, no Twitter: "Lamento imensamente a morte do grande advogado e homem público, Sigmaringa Seixas, um lutador pela democracia brasileira. Meus sentimentos de pesar à familia e amigos".
A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, escreveu que ele era um "lutador incansável pela justiça e pela democracia em nosso país. Vai fazer muita, muita falta Sig! Solidariedade à família e amigos", escreveu.
O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), que foi ministro nos governos Lula e Dilma, afirmou que o advogado "foi um dos heróis da resistência à ditadura, da luta pela democracia e pela construção de um Brasil melhor e mais solidário, no qual a verdadeira Justiça estivesse ao alcance de todo cidadão ou cidadã".
Também pelo Twitter, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) lamentou a morte de Sigmaringa. "Fomos colegas quando ele era deputado e eu senador. Ajudou muito na redemocratização do Brasil. Condolências à família".
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), também usou as redes sociais para lamentar a morte. "Muito triste com a morte do querido amigo Sigmaringa. Democrata, sempre investiu no diálogo para buscar soluções para o Brasil. Brasília está de luto!!! Vamos sentir muito sua falta!!!"
Ex-ministro da Educação do governo Lula e senador pelo PPS, Cristovam Buarque afirmou que Sigmaringa "era pessoa de gigantescas qualidades, sobretudo a de fazer e manter amizades. Sua morte é uma imensa perda para todos seus amigos: nosso mundo ficou menor".
O ex-senador e atual vereador da capital paulista Eduardo Suplicy (PT-SP) descreveu o advogado como "um incansável advogado defensor de nossos companheiros, um amigo certo nas horas incertas".
"Perdemos hoje um lutador pelos direitos individuais e coletivos e um defensor da democracia. Que Deus conforte o coração da família e amigos do deputado Sigmaringa Seixas", disse o senador Romero Jucá (MDB-RR), também pelo Twitter.
A trajetória política do ex-deputado também foi destacada pelo senador José Serra (PSDB-SP). "Morreu Sigmaringa Seixas, grande advogado defensor dos direitos humanos, membro da Constituinte, meu amigo muito querido. Fará muita falta a todos nós".
Ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão escreveu em suas redes sociais que o advogado dedicou a vida para ajudar e "politicamente nunca deixou a peteca cair". "Sempre foi coerente com seus ideais e seus valores. Estava muito abalado com o golpe de 2016 e com a enorme injustiça feita ao nosso presidente Lula", afirmou.
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