Lucas Vettorazzo
RIO DE JANEIRO
O percentual de domicílios no Brasil com sinal de TV a cabocaiu no país entre 2016 e o ano passado, enquanto aumentou no período o uso da internet para o consumo de filmes, séries e programas televisivos.
É o que mostra a pesquisa TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), um suplemento da Pnad Contínua, pesquisa domiciliar de abrangência nacional do IBGE.
De acordo com o levantamento, divulgado nesta quinta-feira (20), a presença de TV a cabo caiu de 33,7% dos domicílios brasileiros em 2016 para 32,8% no ano seguinte-- queda de 0,9 ponto percentual.
Em valores absolutos, o Brasil registrou 1,5 milhão de domicílios com TV a cabo a menos em 2017 do que o observado um ano antes.
Em valores absolutos, o Brasil registrou 1,5 milhão de domicílios com TV a cabo a menos em 2017 do que o observado um ano antes.
A queda do serviço por assinatura acompanha a redução no número de lares com algum tipo de televisor no Brasil (independente de modelo ou forma de captura do sinal), de 97,2% para 96,6% em 2017.
Enquanto isso tem crescido quem acessa à internet para assistir a vídeos, programas, séries e filmes. Em 2016, as pessoas que faziam o uso da internet com essa finalidade representavam 74,6% da população conectada, percentual que foi para 81,8% no ano seguinte.
Enquanto isso tem crescido quem acessa à internet para assistir a vídeos, programas, séries e filmes. Em 2016, as pessoas que faziam o uso da internet com essa finalidade representavam 74,6% da população conectada, percentual que foi para 81,8% no ano seguinte.
Segundo o IBGE, um conjunto de fatores pode estar levando à redução no consumo das formas mais tradicionais de comunicação, seja por questões relacionadas à tecnologia, seja por conta da crise econômica.
No caso da crise, explica a coordenadora da Pnad Adriana Berenguy, pode ter ocorrido de famílias de baixa renda não terem conseguido fazer a substituição dos antigos televisores de tubo, cujo sinal analógico está progressivamente sendo desativado no país. Algumas dessas pessoas podem ter optado por substituir a antiga tela da TV pela tela do celular.
Com relação às questões tecnológicas, a forma de consumir televisão aberta ou a cabo está mudando com a internet e a proliferação de canais do tipo streaming, em que o usuário consegue assistir ao conteúdo sem precisar baixar os arquivos. A técnica observa o crescimento não só das plataformas mais comumente associadas ao serviço, como Netflix e Youtube, mas às redes de televisões e portais de notícias que já oferecem seus conteúdos nesse formato.
"Alguns domicílios podem ter optado por abrir mão do aparelho de TV para assistir a programação televisa tradicional ou não via streaming", afirmou ela.
Um dado que mostra o fortalecimento do novo modelo de consumo é que apesar da queda relativa no percentual de lares com aparelho de TV, houve aumento do uso da internet por meio das televisões do tipo smart nas casas que dispunham do aparelho. Da população que acessava à internet no ano passado, 16,3% o faziam por meio de televisores conectados, numa alta de 5 pontos percentuais em relação aos 11,3% de 2016.
A redução nos domicílios com TV por assinatura também pode estar relacionada ao preço do serviço frente aos praticados pelos concorrentes digitais. Da população que não dispunha do serviço a cabo em 2017, por exemplo, 55,3% afirmaram não possuir porque era caro.
Ainda que tenha havido aumento no consumo de internet pela TV, o telefone celular ainda é o campeão entre as escolhas de acesso do brasileiro. Houve aumento nessa forma de consumo, que atingia 94,6% dos usuários de internet no país em 2016 e saltou para 97% no ano passado. O crescimento ocorre em detrimento de quedas no acesso via micro computador e tablets.
A percepção do uso de internet por celular tem mudado entre a população, sobretudo das classe mais baixas de renda, explicou Berenguy.
No passado, o IBGE encontrava dificuldade entre alguns entrevistados da pesquisa, que não sabiam que estavam utilizando a internet quando acessavam um aplicativo de mensagens de texto ou voz ou redes sociais em geral, por exemplo. O uso da internet estava mais associado aos navegadores de sites.
Atualmente, explicou a técnica do instituto, os aplicativos estão mais disseminados e a população tem compreensão maior das tecnologias evolvidas.
O uso de aplicativos para receber ou enviar mensagens de texto, voz ou imagens diferentes do email cresceu de 94,2% da população conectada em 2016 para 95,5% no ano passado. Na outra ponta houve queda nas pessoas que utilizam a internet para receber e enviar emails, de 69,3% para 66,1% em 2017.
Segundo Berenguy, assim como a redução da presença da televisão nos domicílios, tecnologia e crise podem ter relação com o movimento de aumento do uso dos aplicativos de mensagem e queda no email.
"O email tem um vínculo grande com a questão institucional das empresas. Como há aumento da informalidade no mercado, com vagas geradas em maior volume nos serviços mais básicos, como alimentação e salão de beleza, há uso menor do email e maior dos aplicativos, que têm ganhado espaço inclusive dentro das próprias empresas", explicou.
A tecnologia e as questões relativas a custos de acesso ao serviço também podem estar por trás do aumento do utilização da internet para conversas de voz ou vídeo, que atingiram 83,8% da população conectada em 2017, contra 74,6% no ano anterior.
"O email tem um vínculo grande com a questão institucional das empresas. Como há aumento da informalidade no mercado, com vagas geradas em maior volume nos serviços mais básicos, como alimentação e salão de beleza, há uso menor do email e maior dos aplicativos, que têm ganhado espaço inclusive dentro das próprias empresas", explicou.
A tecnologia e as questões relativas a custos de acesso ao serviço também podem estar por trás do aumento do utilização da internet para conversas de voz ou vídeo, que atingiram 83,8% da população conectada em 2017, contra 74,6% no ano anterior.
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