A três meses da data-limite para o Reino Unido deixar a União Europeia, incertezas sobre o que virá depois se avolumam
Passada a zero hora do dia 1º, uma outra contagem regressiva começará para os britânicos, com pouco ou nenhum motivo para festejo quando esta chegar ao fim. Faltarão menos de três meses para a data-limite em que o Reino Unido deixará de fazer parte da União Europeia, e as incertezas sobre o que virá depois disso se avolumam.
Não são pequenas as chances de que, em 29 de março de 2019 —o dia do “brexit”, como é chamada a saída do bloco—, o país não tenha aprovado um plano com os termos da retirada, condição básica para reger a relação futura com os demais integrantes da UE.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, assumiu o cargo justamente para cumprir essa tarefa. Era julho de 2016, menos de um mês após um plebiscito selar a separação britânica, com o surpreendente voto de 52% dos eleitores.
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Ao longo desses quase dois anos e meio, a governante decerto esforçou-se diante de tal incumbência. Inevitável reconhecer, porém, que ela está muito próxima de um fracasso, isto é, de haver um “brexit” sem nenhum acordo firmado com os negociadores europeus.
Estes, diga-se, tentaram ao máximo contribuir com May. Chegou-se até a um acerto entre as partes, anunciado em novembro. Entretanto a governante não se provou capaz, ao menos por ora, de convencer os próprios correligionários do Partido Conservador de que se tratava da melhor proposta para os interesses do país.
Ciente de que não dispunha do apoio necessário de sua base para aprovar o texto no Parlamento, May se viu obrigada a adiar uma votação que ocorreria no último dia 11. A sessão deve ter lugar na segunda quinzena de janeiro, mas o quadro mantém-se desanimador.
Em verdade, a mandatária tem falhado no intuito de se equilibrar entre o anseio por um desligamento completo da UE —posição comum a uma expressiva parcela dos conservadores— e a busca por suavizar as desvantagens que os britânicos enfrentarão na seara comercial uma vez fora do bloco.
Se não houver mesmo um entendimento com o Legislativo até o dia do divórcio, entraria em vigor uma união aduaneira entre o Reino Unido e os outros países-membros, de caráter provisório.
Seria uma maneira, em teoria, de May ter mais tempo para articulações internas. Isso, claro, se a primeira-ministra ainda reunir capital político para continuar em sua inglória empreitada.
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