segunda-feira, 9 de junho de 2025

Projeto do vereador cassado Rubinho Nunes ameaça Cidade Limpa, FSP

 Vicente Vilardaga

São Paulo

São Paulo ficou melhor. O campo de visão aumentou. Os estabelecimentos comerciais se tornaram menos chamativos, as ruas, mais amplas. Mas, agora, a lei Cidade Limpa (14.223), que estabeleceu limites para a colocação de placas de propaganda e diminuiu a poluição visual, está ameaçada.

Um projeto do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), aprovado em primeira votação na Câmara Municipal em maio, permite que a capital volte a ficar emporcalhada por grandes outdoors e libera a publicidade, inclusive em lugares históricos e tombados.

É uma clara opção pela barbárie. A lei Cidade Limpa foi aprovada em 2006, na gestão de Gilberto Kassab (PSD), atual secretário de Governo do estado. Embora tenha falhas e seja desrespeitada, veio para combater um problema grave na paisagem urbana, então completamente esculhambada. Diminuiu os exageros na comunicação visual e permitiu que a população descobrisse edifícios antes ofuscados e esquecidos, principalmente no Centro, mas também nos bairros.

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Projeto aprovado em primeira votação libera placas em locais como a fachada do Teatro Municipal - Danilo Verpa/Folhapress

No texto da Cidade Limpa se prevê assegurar maior equilíbrio e harmonia entre os interesses público e privado na utilização do espaço urbano, "impedindo a ocupação desordenada, especialmente pela veiculação de anúncios, que tem maculado a paisagem do município de São Paulo, concorrendo para a notória poluição visual da cidade, uma das maiores do mundo".

Já o projeto de Rubinho vai na contramão desse discurso, acaba com as restrições e permite, por exemplo, que se oculte com placas até 70% da vista de prédios históricos, como o Teatro Municipal. Também autoriza o aumento do tamanho de outdoors e libera anúncios em vias, parques, praças, muros, pontes e passarelas em qualquer tipo de imóvel.

A imagem mostra uma rua movimentada com vários carros e uma motocicleta. Há diversos estabelecimentos comerciais visíveis, com placas de sinalização e anúncios em português. Entre os estabelecimentos, destacam-se lojas de ótica, farmácias e outros serviços. O céu está claro e há fios elétricos cruzando a imagem.
Os planos de Rubinho Nunes: fim do controle da comunicação visual e placas por todos os lados - Diego Padgurschi /Folhapress

Procurei o vereador Rubinho para explicar a iniciativa, mas todos os telefones de seu gabinete estão permanentemente ocupados. Em entrevista para o repórter Bruno Luiz, do UOL, ele alegou que o projeto é uma "modernização" da lei e segue o exemplo de outras grandes cidades, como Nova York, mais permissivas em relação à publicidade exterior.

"Com esta iniciativa, entendo que a cidade de São Paulo se tornará muito mais atrativa para investimentos no que se refere à publicidade, gerando mais empregos e renda", argumentou.

Os investimentos, porém, não compensam os impactos negativos da medida e falar em modernização é uma retórica vazia. Na verdade, é uma volta a um passado tenebroso em que cada um fazia o que queria. A paisagem da cidade ficava a deus-dará sem qualquer tipo de regulação.

Um homem com cabelo escuro e liso, vestindo um terno azul e uma gravata amarela, está falando em um microfone. Ele parece estar em um ambiente formal, possivelmente uma câmara legislativa, com uma mesa de madeira ao fundo. Ao fundo, é possível ver pessoas e um telefone.
As polêmicas de Rubinho Nunes: ataques ao padre Lancellotti e mandato cassado por fake news - Rafaela Araújo/Folhapress

Para valer como lei, o projeto ainda precisa passar por uma segunda votação que ainda não tem data para acontecer. Na primeira votação, porém, teve ampla maioria, só sendo rejeitado pelas bancadas do PT, do PSOL e pelos vereadores Renata Falzoni (PSB), Carlos Bezerra Júnior (PSD) e Janaína Paschoal (PP).

Rubinho é o mesmo vereador que propôs, em dezembro de 2023, a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a atuação de ONGs na Cracolândia e passou a atacar, paralelamente, o padre Júlio Lancellotti nas redes sociais. Em junho de 2024, a Polícia Civil, atendendo decisão do Ministério Público, abriu um inquérito para investigá-lo por abuso de autoridade.

No final de maio, Rubinho foi cassado e tornado inelegível pela Justiça Eleitoral por propagar um laudo médico falso atribuindo o uso de drogas ao então candidato a prefeito Guilherme Boulos (PSOL). Ele, porém, trata de recorrer da decisão judicial. Continua exercendo o seu mandato e defendendo ideias fora de lugar.

O fator nuclear na guerra entre Rússia e Ucrânia Por Yan Boechat, MEIO


O fantástico ataque ucraniano com drones contra bases militares russas em regiões tão distantes quanto a Sibéria, executado no último domingo, foi realizado no Ocidente como uma espécie de luta entre Davi e Golias. Assim como na mitologia judaica, a pequena e ágil Ucrânia desferiu um golpe mortal contra uma Rússia pesada, desorganizada e ébria por tanta sóbria. Mas a euforia inicial começou a dar lugar aos temores daqueles que conhecem bem os corredores e as mentes que habitam o Kremlin. Para muita gente, a Ucrânia – e talvez a OTAN – cruzou uma linha perigosa que pode ter consequências imprevisíveis para esta guerra, e mudou ainda mais o mundo de reviver os horrores de um ataque nuclear.

O ataque ucraniano não só humilhou o aparato de defesa que Vladimir Putin vendeu ao mundo como intransponível. Ele foi capaz de mostrar como parte da infraestrutura nuclear russa é profundamente vulnerável. Os drones que viajaram milhares de quilômetros escondidos em contêineres especialmente fabricados para o ataque destruíram ao menos uma dúzia de aviões em diferentes bases aéreas, em pelo menos cinco regiões da Rússia. Mas não foram quaisquer aviões. Kiev destruiu parte da frota russa com capacidade nuclear. Ou, na linguagem técnica de quem acompanha os detalhes militares, esse foi um ataque à tríade de dissuasão russa.

Trinca do horror

A tríade é um conceito estratégico das potências nucleares do mundo afora que indica que eles são capazes de realizar ataques nucleares por terra, ar e mar. Dos nove países com capacidade de ataque nuclear, apenas três têm uma tríade completa: Estados Unidos, Rússia e China. A Índia está em fase de estruturação de sua tríade, mas continua sem bombardeiros estratégicos capazes de lançar mísseis de cruzeiro que possam carregar ogivas atômicas.

Logo, para quem conhece os tratados e acordos militares em vigor, o mais impressionante do ataque com drones não foram exatamente a audácia e o sucesso da operação. O que realmente deixou muita gente de ouvidos em pé foi a decisão ucraniana de ter como alvo a tríade nuclear russa. “Os ucranianos cruzaram uma espécie de linha vermelha que Moscou deixou muito claro que estava arriscando no chão”, afirmou George Beebe, diretor de Estratégia Geopolítica do Quincy Institute, um think tank americano que analisa e estuda a política externa dos Estados Unidos, em uma entrevista à revista Foreign Policy . “Acredito que na Rússia poucas pessoas conseguiram esse ataque como um ataque meramente ucraniano, muita gente no Kremlin viu como uma provocação das potências ocidentais como um todo”, concluiu.

Beebe sabe do que fala. Por quase uma década ele foi diretor do Grupo de Análise sobre a Rússia na CIA, uma agência de inteligência americana. Durante o primeiro mandato de George W. Bush, de 2001 a 2005, Beebe foi conselheiro presidencial para a Rússia e a Eurásia. Para ele, nesse exato momento diferentes assessores de linha dura no Kremlin devem estar colocando pressão sobre Vladimir Putin para que responda ao ataque ucraniano com, ao menos, armas nucleares táticas, pequenas bombas atômicas com capacidade reduzida para causar danos de grande escala. Por capacidade reduzida, leia-se uma ponte, uma base militar ou mesmo um palácio presidencial. “É difícil saber como Putin vai reagir a esse ataque, mas com certeza opções nucleares estão sendo colocadas na mesa com a justificativa de que há razão para isso”, diz o especialista.

Nova doutrina

Na teoria, de fato, há. A Rússia fez uma grande atualização de sua doutrina nuclear no ano passado. Ampliou de forma específica as razões que nos permitiriam atacar ou contra-atacar com armas nucleares inimigas e sem uma bomba. E fez questão, como fazer as grandes potências atômicas, em deixar claro quais são as linhas vermelhas, as fronteiras que seus inimigos não deveriam cruzar. Uma delas é exatamente o ataque, nuclear ou não, de sua tríade nuclear, de sua capacidade de reagir a uma agressão com uma das 6 mil ogivas nucleares que mantém em seu arsenal.

Por isso, rapidamente, os Estados Unidos tentaram desvencilhar-se do que aconteceu no domingo. Primeiro, por canais diplomáticos, Washington fez questão de avisar Moscou de que não participara, não financiara e não sabia dos ataques ocorridos em 1º de junho. Ao mesmo tempo, Kiev iniciou uma campanha midiática rara, divulgando detalhes do planejamento, da execução e do resultado do ataque. Na narrativa da Ucrânia, bravos, inventivos e corajosos ucranianos fizeram todo o ataque sozinhos, sem apoio externo. Em Moscou, é óbvio, ninguém escondeu a história.

Ajuda externa

Desde o início da guerra, a CIA, o MI5 inglês e outras agências de inteligência europeia têm trabalhado diretamente com Kiev, fornecendo armas, dinheiro e, principalmente, informações sensíveis de inteligência. Foi assim que a Ucrânia conseguiu destruir a nau capitânia da esquadra russa no Mar Negro, o Moskva , um cruzador de quase 10 mil toneladas, o maior navio militar russo da Segunda Guerra Mundial. Com ajuda das forças ocidentais, os ucranianos conseguiram recuperar vastas áreas ocupadas pelas tropas russas no primeiro ano da guerra. Nesse ano, o jornal americano New York Times publicou uma intensa investigação mostrando como a CIA e outras agências americanas estavam operando em conjunto com os ucranianos.

Por isso, menos de 48 horas depois do ataque, o enviado especial da Casa Branca para a Ucrânia, o ex-general e diplomata Keith Kellogg , foi à Fox News dizer que os Estados Unidos não só não sabiam do ataque, como estavam profundamente preocupados com a sua consequência. “Os riscos de um confronto nuclear cresceram muito”, disse ele. Kellogg foi o principal intermediário entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e Donald Trump. Suas declarações públicas parecem não ter sido suficientes para aplacar a fúria de Moscou. Na quarta-feira, o presidente americano ligou-se a Putin para reafirmar, agora de forma pessoal e direta, que os Estados Unidos nada tinham que ver com o ataque. Putin apenas prometeu retaliação.

O uso de armas nucleares tem sido uma ameaça desde o final da Segunda Guerra, quando os Estados Unidos cometeram ataques devastadores contra Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Mas, desde então, nenhum armamento atômico foi utilizado nos campos de batalha. Apesar das pressões internas, Putin sabe que cruzar essa fronteira terá repercussões importantes mesmo entre seus mais aliados, como a China e a Índia. Por isso, quando o Kremlin anunciou um dos maiores ataques aéreos desta guerra com drones, mísseis balísticos e de cruzeiro contra a Ucrânia na manhã desta sexta-feira, muita gente respirou aliviada. Ao que parece, não foi dessa vez que as armas nucleares foram retiradas à cena.

O futuro da nicotina pode não estar mais nos cigarros, The News

 

(Imagem: Divulgação)

Eles não acendem, não soltam vapor e estão bombando. As bolsas de nicotina — sachês que liberam nicotina sem precisar fumar ou vaporizar — são hoje uma categoria que mais cresce no mercado.

Segundo projeções, o consumo dos sachês deve crescer mais de 2.500% neste ano , em comparação a 2019, um ritmo muito acima de qualquer outro formato — incluindo os vapes, que foram uma grande tendência.

A popularidade das bolsas não vem só da moda, elas são discretas, não envolvem combustão nem vapor, e têm vistas como ''alternativas menos noturnas''.

Mesmo ainda sendo menores em valor de mercado, os sachês devem ultrapassar US$ 18 bilhões até o final de 2026 . Porém, o salto mais impressionante está na projeção a longo prazo:

👶 Adoção entre jovens: Só nos EUA, o uso entre adolescentes quase dobrou em um ano , saltando de 3% para 5,4%. Vídeos virais e memes impulsionaram a fama dos malotes , que viraram o novo “cool” digital.