sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Globo não renova contrato com Tarcísio Meira e Glória Menezes, FSP

Tarcísio Meira e Glória Menezes, um dos casais mais tradicionais das novelas brasileiras e na vida real, foram dispensados da TV Globo. A emissora decidiu não renovar o contrato dos atores em 2020. A nota oficial não menciona a palavra demissão. “Tarcísio e Glória, com quem tivemos uma longa parceria de sucesso, têm abertas as portas para projetos em nossas múltiplas plataformas. Nos últimos anos, temos tomado uma série de iniciativas para preparar a empresa para os desafios do futuro. Com isso, temos evoluído nos nossos modelos de gestão, de criação, de produção e de desenvolvimento de negócios. Em sintonia com as transformações do mercado, a Globo vem adotando novas dinâmicas com seus talentos”, diz o comunicado divulgado pela colunista Patrícia Kogut.

O casal estreou na Globo em 1967, com a novela Sangue e Areia, de Janete Clair. Assim como outras estrelas da emissora que não tiveram contrato renovado, Tarcísio e Glória podem trabalhar na empresa, mas contratados apenas por obra certa, sem vínculo de longo prazo. 

Tarcísio Meira e Glória Menezes
Tarcísio Meira e Glória Menezes Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

Glória Menezes completa 86 anos em outubro e está no ar com a reprise da novela Totalmente Demais, de 2015. Tarcísio Meira, de 84 anos, interpretou o último papel na Globo em Orgulho e Paixão, há dois anos, com o personagem Lorde Williamson. Ele teve infecção pulmonar na época e deixou as gravações quatro meses antes do previsto. 

Neste ano, Renato Aragão também não teve o contrato renovado com a emissora após 44 anos de casa. O ator e diretor Miguel Falabella, que tinha 38 anos de empresa, foi dispensado do quadro fixo de artistas.

Confira as demissões da Globo em 2020

Malvino Salvador

Em janeiro, o canal confirmou a não renovação do contrato de Malvino Salvador, que também passaria a trabalhar "por obra". Ele esteve no elenco de A Dona do Pedaço.

Regina Duarte

Regina Duarte teve sua saída oficializada em 28 de fevereiro pela Globo após aceitar convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir a Secretaria Especial da Cultura.

Zeca Camargo

A não renovação do contrato de Zeca Camargo foi anunciada em 27 de maio. Ele vinha fazendo parte do elenco do É de Casa, nas manhãs de sábado, e chamou atenção no passado principalmente por seu trabalho no Fantástico No Limite.

José de Abreu

Em uma live realizada em 3 de junho, o ator José de Abreu anunciou que desfez seu contrato "de maneira extremamente boa para os dois lados", com a ideia de "tentar uma carreira internacional". Leia mais aqui.

Miguel Falabella

Em 5 de junho, foi a vez do ator e diretor Miguel Falabella. "Meu contrato acabou [o vínculo vai até setembro], avisaram com antecedência que não iam renovar, mas foram super elegantes, não teve estresse", afirmou Miguel Falabella ao Estadão

Renato Aragão

No dia 30 de junho, após 44 anos, o eterno 'Didi Mocó' deixou a Globo. "É uma sensação de liberdade", afirmou Renato Aragão sobre o momento.

José Loreto

Em 1º de julho de 2020, a emissora confirmou a não renovação do contrato de José Loreto. Seu trabalho mais recente foi na novela O Sétimo Guardião, que chegou ao fim em maio de 2019.

Débora Nascimento

Em 2 de julho, um dia após o ex-marido não ter renovação de contrato com a Globo, foi a vez de Débora Nascimento.

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Demissões: artistas e apresentadores que saíram da Globo em 2020

  

Hélio Schwartsman Trump e a obrigação de mentir, FSP

 Num dos textos mais estranhos da história da filosofia, "Sobre um Pretenso Direito de Mentir por Amor aos Homens", Immanuel Kant sustenta que estamos moralmente obrigados a jamais faltar com a verdade, mesmo que isso implique revelar para o assassino onde se esconde sua próxima vítima.

Donald Trump, que tem poucos traços kantianos, parece defender o que seria uma obrigação de mentir. O jornalista Bob Woodward revelou, com gravações, que Trump já sabia em fevereiro que a Covid-19 seria muito grave, mas preferiu minimizar a pandemia, "para não causar pânico".

Se definirmos pânico como uma condição patológica que leva as pessoas a comportar-se de forma irracional e contra seus próprios interesses, o presidente americano poderia ter um bom ponto de partida para sustentar sua posição. Mas, para não recair em paradoxos análogos aos que assombram Kant, precisaria observar duas condições.

Trump pouco antes de embarcar em Maryland para evento de campanha em Michigan - AFP

Em primeiro lugar, as mentiras a ser contadas não poderiam comprometer os esforços do governo para combater a epidemia, uma obrigação mais importante do que evitar o pânico. Em segundo, elas não poderiam debilitar a credibilidade institucional da Presidência.

As mentiras trumpistas fracassam duplamente. A minimização, se não impediu, atrapalhou a elaboração de uma resposta coordenada no plano federal, que poderia reduzir os óbitos, como lograram fazer vários países. Elas também escancaram o despreparo de Trump não só para exercer a Presidência mas também para funcionar no mundo: ele, afinal, autorizou a gravação de suas conversas com Woodward sabendo que se tornariam públicas, o que inevitavelmente revelaria sua dissimulação.

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Mas Trump, que é um narcisista, pode ao menos se gabar de estar manipulando a todos. Ficam bem pior na foto aqueles, como Jair Bolsonaro, que o macaquearam crentes de que estavam em sintonia fina com o americano. Esses, sim, fizeram o papel de otários.

Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Ruy Castro Adivinhe quem é, FSP

 Um doce para quem adivinhar o nome. Ele despeja acusações sem provas contra tudo e todos e, ao ver-se desmentido, nega ter dito o que disse e acusa a imprensa de tê-las inventado. Mente compulsivamente, até quando não precisa. Faz isso de propósito na frente dos repórteres, sabendo que eles só têm duas opções: ou o transcrevem de maneira neutra ou o contestam com provas --o que não lhe faz diferença porque, nos dois casos, ele terá pautado a mídia.

Insulta todos que não concordam com ele. Tenta barrar de suas entrevistas os veículos que vê como hostis --os que não rastejam à sua presença-- e é muito generoso para com os que lhe são servis. Em suas aparições pessoais, dispõe de valentões para constranger e ameaçar opositores. E, ao se ver incomodado por uma pergunta, não a responde. Manda calar a boca, encerra a conversa ou vai embora.

Tem uma massa de apoiadores zumbis, cegos e surdos à montanha de acusações que o mostram como ignorante, despreparado e fraudulento. Mas, quanto mais essas acusações se acumulam, mais eles ficam do seu lado. Faz-se passar por machão a todo instante, como se precisasse se assegurar disso. Por sinal, vive cercado de machões.

É incapaz de obedecer ao que seus assessores lhe aconselham e se acha tão poderoso que, por mais absurdos que faça ou diga, está convencido de que nada o atingirá. Seu único programa é o poder. Exatamente por isso está condenado a cair do cavalo e, cedo ou tarde, pagar por todos os absurdos que disse ou fez. Quem é?

Se você respondeu Jair Bolsonaro, errou. O fanfarrão acima, descrito numa biografia recém-lançada em Nova York, é o senador americano Joe McCarthy, que, nos anos 50, teve breve carreira como caçador de pseudocomunistas no governo dos EUA. Desmoralizado como acusador, deu seu nome a uma era, o macarthismo —tão infame que nem o próprio Donald Trump se atreve a elogiá-lo.

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