quarta-feira, 12 de abril de 2017

Contratações com carteira superam demissões pela 1ª vez desde 2015, FSP



O presidente da República, Michel Temer, anunciou nesta quinta-feira (16) que em fevereiro foram criados 35,6 mil postos de trabalho com carteira assinada no Brasil, a primeira vez que contratações superaram as demissões desde março de 2015.
Em fevereiro de 2016, foram eliminados 104 mil postos de trabalho.
Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) geralmente são divulgados pelo Ministério do Trabalho, sem entrevista à imprensa e na última semana de cada mês, mas foram antecipados para serem anunciados por Temer.
Depois de o Brasil registrar em 2016 o segundo pior ano da história no mercado de trabalho formal, 2017 começou com o fechamento de 40,8 mil vagas de emprego com carteira assinada em janeiro —havia sido o 22º mês consecutivo em que houve diminuição do emprego formal.
A tendência foi revertida no mês passado, quando o saldo foi positivo pela primeira vez desde março de 2015, quando 19,2 mil postos de trabalho com carteira assinada foram criados.
"[A criação de vagas] é um excelente sinal", afirmou o economista José Marcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos.
"Não significa que está ótimo, ainda tem muito chão para correr, já que ainda vai demorar para o desemprego começar a cair. Mas, depois de uma recessão desse tamanho, é sinal de que as reformas estão dando resultado."
O economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, discorda que a política econômica do governo Temer tenha influenciado na geração de empregos de fevereiro e lembra que, em 12 meses, o saldo de emprego formal ainda é negativo em 1,33 milhão de postos de trabalho.
"Estamos parando de piorar, e os dados de emprego formal, como vários outros indicadores, começam a indicar alguma melhora. Esse processo é quase natural", disse.
"Mas o governo está fazendo a coisa correta, que é aumentar a oferta monetária, como no caso da liberação das contas inativas do FGTS, que ainda não tiveram impacto nos dados de emprego."
EFEITO SAZONAL
O desempenho de fevereiro foi puxado, principalmente, por serviços, que encerrou o mês com a criação de 50,6 mil vagas. Em segundo lugar, aparece a administração pública, com 8.200 vagas geradas, e, em terceiro, a agropecuária, com 6.200 postos criados.
"As instituições de ensino sazonalmente contratam nessa época, assim como a contratação formal no ensino público dos governos estaduais e municipais", afirmou o coordenador de estatística do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães. "Mas há diversos outros setores de serviços que prestam serviços a empresas."
Cálculo da consultoria Tendências mostra que, se esses dados forem dessazonalizados (ou seja, se forem retirados dos números os impactos próprios de cada mês), a geração de vagas em fevereiro ainda está negativa em 61 mil postos de trabalho.
"Mas é menos negativo do que em dezembro e janeiro", observa Thiago Xavier, economista da Tendências. "Quando olhamos mês a mês, ou na média trimestral, notamos que a tendência é de menos demissões".
A tendência, de acordo com Xavier, é que o mercado de trabalho continue a melhorar de forma lenta neste primeiro semestre.
"Vemos um primeiro semestre ainda limitado na criação de postos de trabalho, com tendência de criação de vagas um pouco melhor a partir do segundo semestre, quando a atividade econômica vai ter uma melhora mais intensa."
DIVULGAÇÃO ANTECIPADA
Questionado sobre a razão da divulgação antecipada, Magalhães afirmou que foi feito um "esforço maior para essa divulgação.
"Nosso desejo é passar a divulgar os dados sempre no dia 15 ou 16. Claro que diante de resultado positivo fizemos um esforço maior para a divulgação".
Em discurso, o presidente Temer relacionou os sinais de recuperação da economia à geração de emprego. Segundo ele, a expectativa é que até o final do ano a inflação do país fique "abaixo ou no centro" da meta, hoje de 4,5%. No acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, a inflação ficou em 4,76%.
Ele afirmou ainda acreditar que até o final do ano a Moody's devolverá o selo de bom pagador do país, retirado em fevereiro do ano passado.
Na quarta-feira (15), a agência de classificação de risco melhorou a perspectiva para a nota de crédito do Brasil. A classificação do país atualmente está dois degraus abaixo de grau de investimento.
"Ao longo do tempo, é provável que se atinja uma pontuação que nos faça retornar ao grau de investimento", disse, para quem o otimismo econômico deve guiar os passos do governo.
INDÚSTRIA CONTRATA MENOS
A indústria de transformação, que em janeiro havia criado cerca de 17 mil postos de trabalho, vem em quarto lugar, com a criação de 3.900 vagas com carteira.
"Na indústria, o segmento de vestuário, indústria têxtil, vem se destacando", afirmou Mário Magalhães, do Ministério do Trabalho.
"Se os empresários da indústria estão contratando, estão acreditando que o poder de compra dos trabalhadores vai crescer."
No comércio, as demissões superaram as contratações. "Isso é fruto da sazonalidade. Esperamos a recuperação mais para a frente", disse Magalhães.
POR REGIÃO
As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste registraram mais contratações do que demissões: 35,4 mil, 24,1 mil e 15,7 mil, respectivamente. O Nordeste (-37 mil) e o Norte (-2.700) reduziram a quantidade de empregos formais em fevereiro.
São Paulo foi o Estado com maior criação de empregos no mês passado, com 25,4 mil vagas geradas, seguido de Santa Catarina (com 14,8 mil postos de trabalho) e Rio Grande do Sul (10,6 mil). 

sábado, 8 de abril de 2017

Rubem Fonseca parece encher obra com esboços tirados do lixo, FSP



Ricardo Borges/Folhapress
Autor Rubem Fonseca discursa durante cerimônia de premiação na ABL, realizada em 2015
Autor Rubem Fonseca discursa durante cerimônia de premiação na ABL, realizada em 2015
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CALIBRE 22 (ruim) 
QUANTO: R$ 39,90 (208 págs.)
AUTOR: Rubem Fonseca
EDITORA: Nova Fronteira
Aquele que talvez seja o maior escritor brasileiro vivo lança um livro novo e, surpresa, o país não para o que está fazendo para prestar atenção.
Há mais de uma década, a cada dois anos, a cena se repete. Isso é triste, sobretudo porque o Brasil, com seu lendário descaso pela literatura, não tem culpa. A culpa é de Rubem Fonseca mesmo.
"Calibre 22" é mais um título ruim de um autor que, nos anos 1960 e 1970, plantou um monumento atrás do outro na planície do conto brasileiro.
O estouro veio com a censura ao livro "Feliz Ano Novo", em 1975, mas desde a estreia com "Os Prisioneiros", em 1963, os livros daquele ex-comissário de polícia eram o que havia de mais forte na paisagem.
Se Dalton Trevisan, o ácido cantor do provincianismo, disputava com ele o título de maior contista do país, Fonseca levava a vantagem de estar apontado para o futuro como uma bazuca.
Ninguém viu antes dele o país que nascia da urbanização desenfreada, onde, liberta dos freios semifeudais, nossa desigualdade obscena gerava o monstro social que hoje é maior que Godzilla.
A estética amoral, com influência do policial americano, achatava a dimensão psicológica entre baixos instintos e pressões de um meio violento. Mais que verdadeiro, soava visionário.
Vieram os romances dos anos 1980 e 1990, de menor voltagem estética mas ainda vigorosos, e Fonseca tornou-se um animal raro: um escritor sério que era também popular. Criou uma mitologia e projetou sobre a literatura brasileira a sombra comprida de sua influência.
Charutos, anões, machismo, o advogado Mandrake, milionários torpes, psicopatas justiceiros, erudição enciclopédica copia-e-cola, assassinatos fáceis como num videogame –suas marcas registradas continuam presentes, mas parecem trejeitos de um imitador.
Há momentos em que o tom desprovido de ênfase que virou sua assinatura aspira à paródia, lembrando Ed Mort.
A prosa rala tem um inacabamento que a edição pobre espelha: é gritante o descaso autoral, o descarte das etapas de reflexão, adensamento, edição.
CONSTRANGEDOR
São minoria os contos de "Calibre 22" que podem ser chamados de corretos. A maior parte vai do trivial ao constrangedor. Alguns, como "Pródromo", "Outro Anão" e "Ópera, Foder e Sanduíche de Mortadela", parecem esboços malogrados que o autor resgatou do lixo para fazer volume.
Não sei se haverá escárnio por trás disso; perda de fé na literatura, certamente. O conto "Camisola e Pijama" traz uma chave: em trama pueril, um sujeito é endeusado pelos críticos após escrever às pressas um conto idiota.
Moral: "Toda a literatura e tudo o que se escrevia era sempre a mesma merda".
Aos 91 anos, Fonseca é e sempre será um grande escritor, mas só fãs menos exigentes terão prazer com o novo livro. Os outros leitores, fãs ou não, devem ler ou reler as obras-primas do passado. Nem toda a literatura é "a mesma merda". 

Requião: Venda sua casa a preço baixo, sua mãe será mantida cozinheira

24 de fevereiro de 2016 às 01h23

  
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Venho ainda mais uma vez — e não me cansarei de retornar — para defender a Petrobrás como proprietária e operadora única do pré-sal.
Arrolo para o debate seis argumentos que considero irrefutáveis e peço que as senhoras e senhores senadores ouçam com atenção o que tenho a dizer, reflitam, ponderem e decidam a favor do Brasil.
Primeiro:Este é o pior momento para se vender uma grande reserva de petróleo extraído a baixo custo.
Os preços do petróleo estão sendo mantidos artificialmente baixos por uma jogada geopolítica dos Estados Unidos e de alguns países do Golfo para controlar as reservas internacionais do combustível.
Isso é mais velho que o processo que formou as jazidas de petróleo. É o famosíssimo dumping. Baixam artificialmente os preços para tomar as empresas e as riquezas petrolíferas dos países e das empresas mais fracos.
No entanto, em breve, os preços do petróleo retomarão o seu curso normal -em torno de 80 dólares o barril- e o petróleo será novamente uma grande fonte de lucros.
Hoje, com os preços lá no chão, dezenas de petrolíferas que têm que arcar com altos custo de extração do petróleo estão falindo e sendo vendidas por preço de banana em todo mundo.
Daí que as superpotências e magnatas do petróleo estão de olho no pré-Sal, porque a Petrobras consegue manter alta lucratividade com a extração do óleo dessa camada, mesmo com os atuais preços do petróleo. Tão claro assim, tão simples assim.
Apenas as nações fortes e corajosas conseguirão manter suas reservas petrolíferas e conseguirão enfrentar essa maciça campanha de convencimento para que países como o Brasil vendam suas maiores riquezas nesse momento de baixos preços.
Segundo. Sem o Pré-Sal a Petrobras entraria em falência
A Petrobras está financeiramente bem, apesar do alto endividamento, porque está obtendo lucros operacionais graças ao pré-sal. Em contraposição, todas as petroleiras mundiais estão com alto endividamento e com dificuldades financeiras em razão dos baixos preços do petróleoe dos altos custos de extração.
Reafirmando, para que fique bem marcado: a Petrobras está muito melhor que a maioria das petroliferas em razão dos baixos custos de extração e alta produção obtida no pré-sal.
Ao contrário do que dizem certos analistas a serviço dos magnatas do Petróleo, o pré-sal já é hoje a principal fonte de lucro da Petrobras e será a salvação da empresa, sendo a fonte de recursos que saldará suas dívidas.
Senhoras e senhores senadores, o pré-sal é a última grande reserva de petróleo disponível no mundo com baixos custos de extração: 8 dólares o barril!.
O custo de extração do pré-sal é baixo em razão da alta produtividade dos poços, da alta tecnologia desenvolvida pela Petrobras e da ótima localização dos poços que são próximos dos grandes centros consumidores, processadores e logísticos do Brasil.
Além disso, a carga tributária no pré-sal é uma das menores do mundo para grandes jazidas de petróleo.
É por isso que todas as petrolíferas mundiais querem o pré-sal, querem o pré-sal para resolver seus problemas financeiros e voltar a lucrar
Terceiro. A Petrobras é fundamental para a segurança estratégica do Brasil.
A cadeia de petróleo e gás é a espinha dorsal da economia brasileira e do financiamento do Estado Nacional. A Petrobras, sua cadeia produtiva, e a renda gerada indiretamente por elas, são responsáveis por 20% do PIB brasileiro.
Isso resulta em dezenas de bilhões de reais em impostos que são investidos em saúde, educação e serviços sociais. O próprio desenvolvimento tecnológico nacional e grande parte da nossa indústria de máquinas, equipamentos e setores estratégicos dependem da Petrobras e, agora, do pré-sal. A Petrobras é a maior geradora de patentes do país.
Logo, enfraquecê-la agora, quando há um agressivo dumping internacional movido pelas grandes potências é um crime contra a Pátria.
Quarto. O desemprego avança no país. A Petrobras e suas operações no pré-sal são de extrema importância para a retomada do desenvolvimento e para combater o desemprego.
A Petrobrás é a espinha dorsal do desenvolvimento industrial brasileiro. Comanda a maior cadeia produtiva do país, que responde direta e indiretamente por cerca de 15% da geração de emprego e renda no Brasil. São milhões de trabalhadores e famílias desse segmento produtivo.
Mas a cadeia produtiva da empresa está debilidada. Muitos canteiros de obras estão praticamente abandonados e os equipamentos enferrujando-se. Enormes perdas em consequência da paralisação injustificada, desnecessária de muitas obras.
Todos sabemos – e todos criticam o governo- que o Brasil enfrenta uma aguda crise econômica e de emprego, com dois anos sucessivos de contração e poucas perspectivas de retomada no próximo ano. No entanto, com a retomada dos investimentos da Petrobrás aos níveis históricos de meados de 2014, ainda há tempo de reação.
Quinto. A Petrobras e o Brasil devem reservar-se o direito de propriedade, exploração e de conteúdo nacional sobre o pré-sal, porque foram conquistas exclusivamente brasileiras após décadas de pesado esforço tecnológico, político e humano.
Nos anos 50, os melhores geólogos norte-americanos diziam que não havia grandes volumes de petróleo no Brasil e que não era necessário criar uma empresa estatal para explorá-lo. Mas o povo brasileiro, por teimosia, fé e coragem insistiu em procurar petróleo no país na base do “custe o que custar”. “O Petróleo é nosso!”, gritavam as ruas.
E isso custou até mesmo a vida do grande brasileiro que criou a Petrobras.
Se não achamos muito petróleo em terra, fomos buscar no mar. Investimos tudo que estava disponível e tivemos que chegar a lugares nunca antes alcançados.
Ano após ano, com ou sem crise econômica, com ou sem crise política, realizamos o que para outros parecia impossível, batendo recordes sobre recordes na exploração de petróleo em águas profundas.
Fizemos tudo isso com nossos próprios meios e desenvolvemos nossa própria tecnologia. Uma tecnologia desenvolvida por brasileiros, dos brasileiros e para os brasileiros.
Assim, com o pré-sal, o esforço de gerações foi premiado. A exploração brasileira do pré-sal é uma homenagem que fazemos a nossos avós que lutaram para construir a Petrobras e a grande herança que damos a nossos netos.
Logo, não podemos entregar de mão beijada para o primeiro forasteiro capaz de “convencer” jornalistas e lobistas de que o pré-sal é grande demais para ser apenas do povo brasileiro.
Sexto. O projeto Serra, que já era inconveniente e anti-nacional, com os baixos preços do petróleo passou a ser lesivo, um crime contra a pátria.
O projeto do senador José Serra que tem como objetivo a retirar a Petrobrás da condição de operadora única do pré-sal é um equívoco. O senador parte de uma premissa errada, a falsa premissa de que a Petrobrás não tem condições financeiras para dar conta desse programa. Se fosse verdade, seria terrível para nós na medida em que, possuindo a mais competitiva petrolífera do mundo por sua capacidade de produção em águas profundas, com imenso patrimônio, teríamos mesmo assim que dividir com estrangeiros o controle do uso estratégico dessa imensa riqueza. Então para que teria servido criar, desenvolver e dotar de alta tecnologia a Petrobrás?
Uma empresa que já tem entre 50 bilhões de barris a 100 bilhões de barris já comprovados de petróleo no pré-sal não pode ser apontada como financeiramente fraca.
Pergunto: acaso isso seria uma base insuficiente para que a Petrobrás, por algum expediente, financie seus investimentos?
São os meus argumentos para a reflexão dos senhores. Mais clareza que isso não saberia onde buscar.
Senadores, senadores, abrir mão do pré-sal é condenar o Brasil ao inferno eterno do subdesenvolvimento, da corrupção e da degradação social.