Em outubro de 2022, no calor da corrida presidencial, Lula usou um boné com as siglas CPX em visita ao Complexo do Alemão. Logo surgiram notícias falsas ligando o candidato a facções criminosas. A abreviação, comum em músicas e usada pela Polícia Militar, significa "complexo", não "cupincha", como os adversários do petista insinuavam. Negociado em troca da doação de uma cesta básica ao conjunto de favelas da zona oeste do Rio, o boné virou hit entre famosos.
Àquela altura Lula liderava as pesquisas. Dentro da Polícia Federal urdia-se uma estratégia de campanha. Entregue à CPI do 8/1, uma anotação no celular da delegada Marília Ferreira, braço direito do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, afirma que "havia certa pressão" após o primeiro turno para que ela indicasse uma relação do PT com grupos criminosos. Sem a máquina a seu lado, restava a Lula xingar Bolsonaro de miliciano.
Fingir que se vai combater bandidos, além de chamar o oponente de cúmplice de bandidos, é lugar-comum no processo de atrair votos no Brasil. Prometer segurança pública faz parte do manual da política populista. Resolver o problema, o mais grave e complexo do país, fica sempre para depois.
Até que o depois não seja mais possível. A realidade hoje é que pessoas são mortas por engano, comentem-se chacinas para esconder chacinas, sem que a polícia possa evitar ou mesmo tenha tempo de investigar. A brutalidade é ágil (33 disparos em 25 segundos no caso do triplo homicídio na Barra); a justiça do Estado paralelo, célere na hora de mandar seus sicários à vala.
Com igual rapidez, surgem mais soluções para o espetáculo eleitoral baseado na violência. Que tal um general com punhos de ferro? É o argumento do PL para levar Braga Netto, ex-interventor federal no Rio, à disputa da prefeitura. O difícil será conseguir verbas milionárias para a Guarda Municipal.
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