terça-feira, 24 de outubro de 2023

Dinheiro nasce em árvore: a revolução verde no PIB é agora; leia artigo, OESP

 O Brasil tem despontado no cenário em que natureza combina com desenvolvimento econômico. E o que é melhor: capaz de impulsionar parte substanciosa da nossa pauta de exportações e do nosso PIB.

Em 2022, quando a redução do volume de venture capital levou negócios relevantes quase à extinção, os fundos de investimento aportaram internacionalmente US$ 64 bilhões em soluções climáticas, segundo relatório da Climate Tech VC – o dobro do ano anterior. No Brasil, essa evolução abriga desde investidores anjos a organizações com unidades exclusivas para investir em inovação verde.

As fintechs também encontram terreno fértil. Podem facilitar crédito a empreendedores de impacto, aumentar a transparência, apoiar a sociedade e criar produtos financeiros que fomentem projetos. O País tem condições de gerar cerca de US$ 17 bilhões em negócios com base na natureza até 2030, conforme dados do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).

Como poucas vezes, temos boas oportunidades de exibir esse protagonismo dentro de casa. Se há cerca de 30 anos recebemos a Rio-92, com centenas de nações focadas na agenda ambiental, em 2024 o País sediará pela primeira vez o encontro do G-20 – as 20 maiores economias do mundo – no momento em que discutir o tema se tornou crucial e existe disposição de grandes potências para contribuir. Em abril, por exemplo, o governo dos EUA prometeu repassar R$ 2,5 bilhões ao Fundo Amazônia. É preciso aproveitar esses espaços.

Agroflorestas com grande diversidade de espécies são exemplo de modelo de produção que pode ajudar o Brasil a avançar
Agroflorestas com grande diversidade de espécies são exemplo de modelo de produção que pode ajudar o Brasil a avançar Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Enquanto a inteligência artificial ganha manchetes, a “inteligência florestal” também fortalece a economia. Um estudo de entidades de preservação indicou, em 2022, que restaurar biomas, como a Mata Atlântica, pode gerar 2,5 milhões de empregos nos próximos sete anos no País, o equivalente à população de Fortaleza (CE). A redução a zero do desmatamento ilegal na Amazônia até 2050 e de emissões de CO2 promete agregar até US$ 100 bilhões anuais ao PIB a partir de atividades agroflorestais.

De acordo com o Ministério da Fazenda, a participação de produtos brasileiros com origem na floresta é de 0,17% nas exportações, com chance de chegar a 2% nos próximos anos. Além de itens básicos, há mercado para painéis solares, captura de carbono e outras tecnologias.

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Segundo a consultoria Bain & Company, práticas ESG permitem às empresas crescer até seis vezes mais, dobrar o valor da marca, quadruplicar participação no mercado e multiplicar a fidelização de clientes por três. Será que estamos alinhados para liderar tamanha revolução?

Tulio Portella, Diretor comercial da B&T Câmbio, é pós-graduado em Gestão de Empresas Familiares pela PUC-Rio com MBA em Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela FGV

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