terça-feira, 31 de outubro de 2023

Projeto Métricas cria comunidade dedicada a melhorar a gestão e a governança das universidades, Fapesp


Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Estudos demonstram que o investimento público na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) retorna multiplicado para a sociedade. Um dos exemplos mais tangíveis a comprovar a premissa está nas startups criadas a partir de projetos desenvolvidos na instituição.

Em 2019, o impacto total no Produto Interno Bruto (PIB) das empresas-filhas da Unicamp foi 3,07 vezes o total de recursos do Tesouro do Estado de São Paulo utilizado pela universidade só naquele ano. E o faturamento das empresas foi de R$ 7,9 bilhões, trazendo um impacto de R$ 7,4 bilhões para o PIB do país, dos quais 91,7% (R$ 6,8 bilhões) ficaram no Estado paulista. Em termos agregados, o estudo mostrou que cada R$ 1 de receita dessas empresas gera R$ 0,94 de riqueza para o país e cada dez empregos diretos das empresas-filhas da Unicamp resultam em 19 empregos no Brasil.

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o mapeamento de egressos de cursos da área da saúde constatou presença relevante de profissionais de nível superior distribuídos em todo o Estado de São Paulo, contribuindo para uma melhor qualidade de vida para a população paulista.

Na Universidade de São Paulo (USP), uma série de ações importantes sobre diversidade e inclusão está sendo tomada também como uma resposta às demandas da sociedade. No entanto, no que se refere a acesso, permanência e progressão da carreira das mulheres, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, por exemplo, dos 130 professores, apenas 23 são mulheres.

Os três casos relatados, que exemplificam modelos de avaliação interna adotados nas universidades paulistas, estão descritos no livro Repensar a Universidade III: Saberes e Práticas, lançado na última quinta-feira (26/10) durante o 5º Fórum “Desempenho acadêmico e comparações internacionais”, realizado na FAPESP. Trata-se da terceira obra produzida no âmbito do Projeto Métricas, iniciativa coordenada pelo ex-reitor da USP Jacques Marcovitch e que tem como um de seus principais objetivos buscar formas abrangentes de medir o impacto gerado pelas universidades.

Trata-se do terceiro livro de uma série “dedicada à governança universitária”, resumiu Marcovitch. A publicação tem como público-alvo os responsáveis pelas instituições acadêmicas – reitores, pró-reitores, diretores de departamentos e de unidades, entre outros – e o objetivo de “oferecer uma leitura dos desafios apresentados às universidades em ambiente de transformação e analisar as soluções para enfrentá-los”, afirmou.

Esses “desafios” estão divididos em áreas temáticas, do impacto socioeconômico das universidades até o seu planejamento e avaliação responsáveis, passando por ações inclusivas, governança, ciência aberta e diálogos com o entorno. São, ao todo, 16 capítulos assinados por mais de 40 especialistas.

“Repensar uma universidade não é algo trivial. Implica revisitar os fundamentos da gestão acadêmica e identificar quais de seus aspectos requerem aperfeiçoamentos. Repensa-se uma instituição, antes de tudo, com respeito. É necessário ter em mente que muitas de suas práticas nasceram da experiência de bons gestores em sintonia com os meios disponíveis na época em que foram iniciadas. Por isso, todo nosso trabalho se apoia no princípio da curadoria do conhecimento construído e da sua atualização”, disse Marcovitch na introdução do livro.

"O projeto representa uma inovação substancial na avaliação de resultados de pesquisa e desempenho das universidades, incluindo suas múltiplas responsabilidades. As universidades e pesquisadores merecem o reconhecimento da FAPESP porque deram forma e densidade a um projeto de conteúdo acadêmico pioneiro", afirmou durante o evento Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, que também é ex-reitor da USP e assina a apresentação da obra.

Também presente no lançamento do livro, o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan, destacou em sua fala que a obra discute “tópicos fundamentais” para o meio acadêmico. “Neste terceiro volume, já estamos vislumbrando o impacto socioeconômico nas universidades, a inclusão e a governança. Essa ampliação transformou esse projeto numa iniciativa importante para a academia”, pontuou Agopyan, que também é ex-reitor da USP.


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