Simpatizantes de Israel entraram em confronto com apoiadores de palestinos em várias cidades ocidentais, como Nova York, Chicago, Londres, Berlim e Sydney. As lealdades são pautadas tanto por pertencimento étnico como por preferências políticas. De um modo geral, a esquerda fecha com os palestinos, enquanto a direita se perfila ao lado de Israel.
O interessante aqui, e que dá um bom caso para os psicólogos sociais estudarem, é que a situação já foi diametralmente oposta. Israel surgiu como um país socialista. A primeira nação a reconhecer "de jure" o novo Estado, em 1948, foi a União Soviética. As armas que Israel recebeu da Tchecoslováquia, então parte do bloco soviético, foram fundamentais na Guerra de Independência.
Mais: os 20 primeiros governos de Israel (e cinco premiês) foram socialistas/trabalhistas. Israel também era o país dos "kibbutzim", combinação de comuna com fazenda e polo industrial, que chegaram a ser descritos como o socialismo que deu certo. Não durou muito, mas por um tempo deu.
Aos poucos, porém, Israel foi se afastando dos soviéticos, que preferiram apostar no pan-arabismo de Nasser, e se aproximando dos EUA. Foi só no fim dos anos 1970 que israelenses começaram a eleger também governos de direita. A partir dos anos 1990, com o grande afluxo de judeus russos, que já chegavam vacinados contra ideias de esquerda, e a maior participação dos ultrarreligiosos em eleições, a direita foi ganhando mais espaço na política israelense. Até que se chegou ao governo de extrema direita de Netanyahu.
A tendência ao tribalismo inscrita na natureza humana é o que é. Mas a política jamais deveria impedir ninguém de ver que os palestinos têm direito a viver num Estado soberano, sem ocupação estrangeira, mas que não há nem pode haver justificativa moral para os ataques diretos e crudelíssimos, que incluíram estupros, que o Hamas perpetrou contra civis israelenses.
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