O centrão se organiza em grandes blocos, informa que a base governista é frágil e deixa o PT isolado na condição de quarta bancada, cujos deputados tampouco têm posição uniforme na defesa dos interesses do Palácio do Planalto. Diante disso, as raposas dizem que está tudo bem, pois a ideia é dar conforto a Luiz Inácio da Silva. Longe da turma intentos belicosos.
Dá para acreditar? Os atuais operadores palacianos, de expertise tida como bem inferior aos do primeiro governo Lula, podem até cair nessa conversa.
Mas, se o presidente estiver na posse do olho vivo e faro fino que lhe atribuem no trato da política, certamente já percebeu que seu alicerce no Congresso está fincado em solo pantanoso.
De um lado, MDB, PSD, Republicanos e anexos formam um grupo de 142 parlamentares. De outro, o PP de Arthur Lira e vasta companhia juntam 173 almas, dentre as quais algumas pertencentes ao PDT e PSB —dois partidos do campo da centro-esquerda governista. A salada junta legendas com assentos na Esplanada, não evita ida de ministros ao circo de "esclarecimentos" e perde o comando em comissões.
Na oposição oficial, o PL de Jair Bolsonaro e, no outro extremo, o PT com uma bancada que, segundo o deputado Rui Falcão, está ali para manter acesa a disputa interna no governo. Em outras palavras, para tensionar, fazer ruído.
A versão dos arquitetos desse rearranjo "governista" é a de que a direita foi atraída para a base de Lula. De acordo com eles, é uma soma, jamais uma divisão. Sério? Seria mais eficaz, então, não se dividirem em blocos, ficando todos alinhados no campo da situação e ponto final.
Quando precisam se explicar dizendo que não pretendem confrontar e ao mesmo tempo constroem campos diversos é porque querem demonstrar força. Sinal inequívoco de disposição para o embate. Se o governo acha que está bom assim, é de se lhe desejar boa sorte.
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