Deu na Folha que, de 2019 para cá, o Ministério da Saúde descartou R$ 2,2 bilhões em vacinas e medicamentos cuja data de validade expirara. Esse número pode ser multiplicado várias vezes se colocarmos na conta também os estoques de secretarias estaduais e municipais, hospitais privados e das farmácias que cada um de nós mantém em casa. É um desperdício considerável. Mas ele se justifica?
Como já escrevi aqui alguns anos atrás, o problema dos remédios vencidos é uma caixa-preta. Drogas que passaram do prazo de validade dificilmente farão mal a quem as toma, mas é fato que, com a passagem do tempo, elas podem perder potência e, no limite, deixar de funcionar. A deterioração depende do tipo de produto (insulinas, nitroglicerina e antibióticos líquidos estragam mais facilmente mesmo) e das condições de armazenamento. Se você guarda seus medicamentos na sauna, eles possivelmente durarão menos do que o prazo calculado pelo fabricante, mas, se você os conserva num local fresco, seco e ao abrigo da luz, sua estabilidade pode surpreender.
Quase tudo o que sabemos sobre drogas vencidas se deve aos militares norte-americanos. Eles costumam manter grandes estoques de alguns fármacos para caso de emergências que raramente se materializam. Foi por isso que pediram à FDA que realizasse um estudo sobre o assunto. A agência testou um grupo de cem drogas armazenadas e concluiu que 90% delas estavam perfeitamente aptas para consumo mesmo 15 anos após a data de vencimento. Vale repetir, 15 anos.
Minha sugestão é que mudemos as normas e procedimentos para que, antes de descartar grandes lotes ou produtos muito caros por causa da data de vencimento, nós os testemos para ver se ainda funcionam plenamente. Obviamente não é algo que você possa fazer em casa, mas que está ao alcance de ministério e certas secretarias. As Forças Armadas dos EUA fazem isso, para gáudio dos contribuintes.
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