domingo, 23 de abril de 2023

General matou a charada noturna do 8 de janeiro, Elio Gaspari _FSP

 O 8 de janeiro teve dois momentos críticos. Um, diurno, deu-se com as invasões. O outro, noturno, esteve envolvido em brumas. Ele aconteceu quando o país, surpreso, viu que uma tropa do Exército barrou viaturas da PM de Brasília que pretendiam desmontar o acampamento montado em frente ao QG do Exército, onde pessoas pediam um golpe.

Vândalos golpistas invadem a praça dos Três Poderes e depredam os prédios do Planalto, do Congresso Nacional e  do STF (Supremo Tribunal Federal)
Vândalos golpistas invadem a praça dos Três Poderes e depredam os prédios do Planalto, do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal) - Gabriela Biló - 8.jan.23/Folhapress

Durante mais de três meses acreditou-se que havia ocorrido uma queda de braço, com generais desafiando o governo. O comandante militar do Planalto, Gustavo Henrique Dutra de Menezes, saiu do silêncio e revelou que, naquela noite, falou por telefone com Lula, explicando-lhe o risco de uma operação noturna. Acertaram que o acampamento seria desmontado na manhã seguinte e assim foi feito.

A ideia de que o Exército havia escorraçado a PM injetou uma tensão desnecessária àquele ambiente carregado. O que poderia ter sido limonada virou limão.

941 NA TRANSIÇÃO

Vitorioso nas urnas, Lula mobilizou uma equipe de 941 pessoas, divididas em 31 grupos temáticos que lidavam com 217 assuntos: 5 pessoas cuidavam da área da Defesa, 40 da Justiça e Segurança Pública.

Ao que se sabe, nenhum servidor civil ou militar do Gabinete de Segurança Institucional de nível médio foi substituído.

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O major que no dia 8 de janeiro dava literalmente refresco a um invasor, passando-lhe uma garrafa de água, era o responsável pela segurança do palácio naquele domingo.

RISCO NO AGRO

As invasões do MST, bem como a presença de seu líder João Pedro Stedile na comitiva de Lula na viagem à China, debilitaram a banda do agronegócio que se opõe aos agrotrogloditas bolsonaristas.

MADAME NATASHA

Madame Natasha adora uma CPI, mas teme que a Comissão de Inquérito do 8 de janeiro lhe lese os nervos, trazendo de volta a onipresente palavra "narrativa", para designar o que se pode chamar de versão, entendimento e, às vezes, de opinião.

Um bolsonarista dizendo que Lula tolerou os planos e as ações golpistas não estaria apresentando uma narrativa, mas apenas dando sua opinião ou, talvez, sua versão.

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