A guerra do governo e o Banco Central contra os juros elevados tem endereço certo: salvar o mandato de Lula 3. Se a taxa básica (Selic) continuar em dois dígitos, a economia crescerá pouco; e isso será um revés para o presidente, que começou em clima de fim de governo, com 38% de aprovação, segundo pesquisa Datafolha.
A alta do PIB já é a saída mais óbvia para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que definiu as regras da nova âncora fiscal apostando na elevação das receitas mesmo com o freio de mão da economia puxado.
Não há mágica possível. Haddad disse a interlocutores que pretende cortar subsídios desnecessários, uma medida por si correta e que pode gerar R$ 130 bilhões em dinheiro extra. Somente com o Simples Nacional, avalia levantar cerca de R$ 80 bilhões.
É muito baixa sua chance de sucesso diante do lobby desse grupo no Congresso. O setor é o que mais emprega no país.
Vale lembrar, em seu intuito de gerar receitas, que o ministro não conseguiu nem tributar compras realizadas em sites chineses.
Nem o presidente Lula ajuda. Recentes declarações em relação à guerra na Ucrânia foram interpretadas pelos EUA como um alinhamento do Brasil com a Rússia.
Na equipe econômica, a fala de Lula não foi bem recebida. A pergunta foi: a troco de quê?
Os EUA têm interesse em fazer do país um parceiro na produção de chips e outros insumos como forma de neutralizar a China –aliada da Rússia– na América Latina. Isso geraria empregos e arrecadação de tributos.
Vitimados pela pandemia, que fez desaparecer insumos importados da Ásia, os EUA querem ter suprimentos o mais próximo possível de suas cadeias de produção. O Brasil surgia como possibilidade. Agora, deu dois passos para trás.
Técnicos do governo creditaram o desastre a conselhos do assessor especial do presidente, Celso Amorim, ex-chanceler de Lula e que indicou Mauro Vieira, o atual ministro, ao posto.
Com quatro meses de governo, Haddad já caminha para o canto do ringue.
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