segunda-feira, 24 de abril de 2023

CPMI vai mexer e esquentar angu golpista, Alvaro Costa e Silva - FSP

 Antes tão falante e hoje tão escondido, Bolsonaro deverá prestar depoimento na Polícia Federal nesta quarta-feira (26). Ele é investigado como autor intelectual da intentona de 8/1. No início de abril, o Datafolha apontou que 58% dos eleitores brasileiros acreditam que o ex-presidente teve algum grau de responsabilidade na invasão aos prédios dos três Poderes. Desses, 32% veem muita culpa, e 26%, um pouco.

Três dias depois do terror, Bolsonaro —que viajou para os EUA na véspera da posse de Lula sem cumprir o rito de passar a faixa presidencial — continuava a pôr lenha na fogueira. Compartilhou em suas redes sociais um vídeo com novas mentiras sobre as eleições; em seguida, apagou o conteúdo para não se comprometer. Sua fragilidade emocional era menos a ressaca pela derrota nas urnas que o desapontamento por não ter tido mais apoio na hora de dar o golpe.

As ações da Operação Lesa Pátria, da PF, identificaram e prenderam participantes, financiadores e incentivadores dos atos. (Cá para nós, eu pensava que o número de mercadores religiosos envolvidos fosse bem maior.) No STF, ministros formaram maioria para tornar réus 100 denunciados pela PGR. O voto de Alexandre de Moraes apontou para a relação entre as provas reunidas sobre os autores intelectuais e as coletadas em duas investigações relatadas por ele: os inquéritos das fake news e das milícias digitais.

A divulgação das imagens em que o general Gonçalves Dias e outros militares do GSI aparecem durante a invasão do Palácio do Planalto evidencia que ainda falta pescar alguns caroços dentro do angu. E sobretudo pegar o cozinheiro maior.

Vem aí o espetáculo da CPMI. De um lado, a defesa da tese terraplanista, segundo a qual um movimento pacífico de protesto sofreu infiltração da esquerda. De outro, a tentativa de convocar e quebrar os sigilos de Bolsonaro. Transmitida ao vivo, a fuzarca promete.

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