Com a divulgação das cenas de 8 de janeiro gravadas pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto, a instalação de uma CPMI é dada como certa. Até o governo já aceita a investigação. O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, no entanto, mantém o discurso governista inicial: acha que a CPMI apenas reafirma que houve uma tentativa de golpe, pois “não é possível falsificar a história”, e que o Congresso deveria manter o foco na aprovação de medidas essenciais, como o ajuste fiscal. Em entrevista ao Congresso em Foco, ele diz estranhar o sumiço do general Heleno, ex-chefe do GSI sob Bolsonaro, e indica que as investigações da Polícia Federal “muito possivelmente” indicarão seu envolvimento nos atos golpistas. “Ele desapareceu. Acho que quem se esconde teme a verdade, essa é minha opinião. O general Heleno está escondido. Onde? Quem consegue falar com ele?”, questiona. Cappelli também critica outros dois generais bolsonaristas: o ex-candidato a vice-presidente Walter Braga Netto e ex-secretário-geral da presidência Luiz Eduardo Ramos. Por outro lado, elogia os também generais Gonçalves Dias, que deixou o GSI na quarta-feira, e Tomás Paiva, comandante do Exército. Além disso, destaca a importância do GSI e da divulgação das imagens de 8 de janeiro. (Congresso em Foco)
As imagens gravadas pelas câmeras do circuito interno do Palácio do Planalto em 8 de janeiro, que foram tornadas públicas pelo GSI, mostram falhas de segurança, conversas tensas entre os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, e irritação do presidente Lula. A entrada principal do palácio, por exemplo, ficou sem proteção por 45 minutos após policiais e militares do Batalhão da Guarda Presidencial recuarem o bloqueio no local. Em poucos momentos, há ações efetivas do GSI para tentar proteger o local. A PF informou ontem ao STF que coletou 4.410 horas de filmagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do próprio Supremo no dia dos ataques. Ainda ontem, a PF tomou o depoimento de nove militares que trabalhavam em 8 de janeiro. Eles disseram que não efetuaram prisões de invasores no Planalto porque a situação envolvia “risco de vida”. (Folha e g1)
Anderson Torres segue preso desde 14 de janeiro. Está cada vez mais deprimido e seu estado preocupa quem está do lado de fora. Apesar do parecer da PGR favorável à sua soltura, o ministro do STF Alexandre de Moraes indeferiu o pedido na quinta-feira, por “fortes de indícios” de envolvimento com a “minuta do golpe”, entre outros fatores. Essa decisão deixou Bolsonaro em alerta, afirma Josias de Souza. “O despacho deixou alvoroçados também o ex-chefe do preso e alguns dos seus operadores políticos. Em privado, Bolsonaro disse a aliados estar convencido de que Moraes, seu antigo desafeto, prolonga o ‘suplício’ de Torres para forçar o ex-auxiliar a incriminá-lo nos inquéritos sobre o 8 de janeiro.” (UOL)
Miriam Leitão: “A luta do 8 de janeiro não terminou. Os que cometeram crimes, ou se acumpliciaram com os criminosos, querem mudar a História. Se a mentira prevalecer sobre o que foi aquele momento, não é o governo que ficará mal, é a democracia que correrá riscos mais uma vez.” (Globo)
O ministro da Justiça, Flávio Dino, barrou a indicação de João Carlos Mayer Soares para o TRF-1, corte que julga os processos iniciados por quase 40% da população em mais de 80% do território brasileiro. A justificativa, disseram interlocutores de Dino ao blog da Andréia Sadi, é que ele é bolsonarista e próximo do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A decisão deu início, no fim da tarde de sexta-feira, a uma crise entre Congresso e governo, já que Mayer é apoiado por adversários políticos, como Arthur Lira (PP-AL) e Renan Calheiros (MDB-AL), e pela presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann. A palavra final deve ser do presidente Lula. (g1)
Em posts pelo Dia de Tiradentes, o governo de Minas Gerais, de Romeu Zema (Novo), chamou, a Inconfidência Mineira de “golpe” e afirmou que os participantes não confessaram “seus crimes”. As postagens foram criticadas, inclusive por deputados federais de oposição, como Paulo Guedes (PT-MG), levando a uma edição do texto: a palavra “crimes” foi substituída por “atos”. “A data de hoje recorda a luta dos Inconfidentes mineiros pela liberdade do Brasil e dos brasileiros. Temendo as consequências do golpe à Coroa Portuguesa, os inconfidentes não confessaram seus crimes. O único a fazê-lo foi Joaquim José da Silva Xavier, que tornou-se o Mártir Tiradentes ao receber a pena mais dura, em 21 de abril de 1792. Minas respira liberdade, está em nossa bandeira. Viva Tiradentes!”, dizia o texto original. Também na sexta-feira, Zema homenageou o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) com a Medalha da Inconfidência, enquanto o ex-presidente Michel Temer foi homenageado com o Grande Colar. (Estadão)
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