O bolsonarista Jackson Villar tentou contornar a derrubada de um canal do Telegram com 180 mil membros e passou a usar outro grupo na mesma plataforma, que chegou a somar mais de 45 mil integrantes, para mobilizar atos golpistas nas estradas contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ele administrava o canal "nova direita 70 milhões", que saiu do ar no último dia 28 por ordem do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.
Nesse espaço, o bolsonarista havia divulgado vídeos em que defendia quebrar urnas "no pau" e "meter bala na cabeça do Xandão", além de mensagens com xenofobia contra nordestinos.
Pelo menos até a noite de terça (1), Villar ainda usou outro grupo, o "canal nova direita #70milhões #paralizaçãogeral", para mobilizar os bloqueios em estadas e contestar, sem provas, o resultado da eleição. Em vídeo compartilhado aos integrantes da plataforma, ele afirmou que a população só deveria sair das ruas quando houvesse um golpe para o Exército assumir o país.
Essa nova página também foi retirada do ar por decisão de Moraes.
"Estamos unidos para libertar o nosso país, não aceitamos o comunismo nesse país. Não aceitamos ser comandados por um comunista e por ninguém nesse país. O nosso presidente perdeu a eleição? Perdeu. Agora é a nossa vez, quero ver quem vai perder essa guerra, porque o povo brasileiro não vai", disse Villar em um dos vídeos.
Os integrantes do canal ainda compartilhavam locais em que havia bloqueios e informações sobre a mobilização golpista.
Villar também pedia doações para a "Associação Mensagem da Esperança Campinas" com o objetivo de supostamente ajudar os caminhoneiros.
A mesma associação havia sido indicada por ele em abril para receber o pagamento de R$ 10 para que apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tivessem acesso à área privilegiada de uma motociata feita em São Paulo.
Villar foi um dos organizadores das manifestações de motoqueiros com a presença de Bolsonaro em 2021 e 2022.
O bolsonarista, que se identifica como "pastor" ou "embaixador Jackson Villar" e se chama "Jarkson Vilar da Silva", tem fotos ao lado de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador eleito de São Paulo, e de Ricardo Salles (PL-SP), eleito deputado federal.
Villar ainda tentou ser candidato a deputado federal por São Paulo, pelo partido Republicanos, mas teve o registro negado pela Justiça Eleitoral.
A Folha o questionou sobre as mensagens compartilhadas nos grupos do Telegram, mas não recebeu resposta.
A pedido do PDT, o TSE chegou a tentar cobrar da associação indicada por Villar informações sobre o valor arrecadado na motociata de 2022, mas o tribunal não conseguiu encontrar a entidade para completar a notificação.
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