quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Bolsonarista tenta driblar veto de Moraes em atos golpistas e é derrubado de novo, FSP

 Mateus Vargas

BRASÍLIA

O bolsonarista Jackson Villar tentou contornar a derrubada de um canal do Telegram com 180 mil membros e passou a usar outro grupo na mesma plataforma, que chegou a somar mais de 45 mil integrantes, para mobilizar atos golpistas nas estradas contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ele administrava o canal "nova direita 70 milhões", que saiu do ar no último dia 28 por ordem do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.

Nesse espaço, o bolsonarista havia divulgado vídeos em que defendia quebrar urnas "no pau" e "meter bala na cabeça do Xandão", além de mensagens com xenofobia contra nordestinos.

Pelo menos até a noite de terça (1), Villar ainda usou outro grupo, o "canal nova direita #70milhões #paralizaçãogeral", para mobilizar os bloqueios em estadas e contestar, sem provas, o resultado da eleição. Em vídeo compartilhado aos integrantes da plataforma, ele afirmou que a população só deveria sair das ruas quando houvesse um golpe para o Exército assumir o país.

Essa nova página também foi retirada do ar por decisão de Moraes.

O bolsonarista Jarckson Vilar ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) em manifestação feita em São Paulo em junho
Villar participa de manifestação ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) em junho de 2021 em São Paulo - Reprodução

"Estamos unidos para libertar o nosso país, não aceitamos o comunismo nesse país. Não aceitamos ser comandados por um comunista e por ninguém nesse país. O nosso presidente perdeu a eleição? Perdeu. Agora é a nossa vez, quero ver quem vai perder essa guerra, porque o povo brasileiro não vai", disse Villar em um dos vídeos.

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Os integrantes do canal ainda compartilhavam locais em que havia bloqueios e informações sobre a mobilização golpista.

Villar também pedia doações para a "Associação Mensagem da Esperança Campinas" com o objetivo de supostamente ajudar os caminhoneiros.

A mesma associação havia sido indicada por ele em abril para receber o pagamento de R$ 10 para que apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tivessem acesso à área privilegiada de uma motociata feita em São Paulo.

Villar foi um dos organizadores das manifestações de motoqueiros com a presença de Bolsonaro em 2021 e 2022.

O bolsonarista, que se identifica como "pastor" ou "embaixador Jackson Villar" e se chama "Jarkson Vilar da Silva", tem fotos ao lado de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador eleito de São Paulo, e de Ricardo Salles (PL-SP), eleito deputado federal.

Villar ainda tentou ser candidato a deputado federal por São Paulo, pelo partido Republicanos, mas teve o registro negado pela Justiça Eleitoral.

Folha o questionou sobre as mensagens compartilhadas nos grupos do Telegram, mas não recebeu resposta.

A pedido do PDT, o TSE chegou a tentar cobrar da associação indicada por Villar informações sobre o valor arrecadado na motociata de 2022, mas o tribunal não conseguiu encontrar a entidade para completar a notificação.

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