quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Deirdre Nansen McCloskey - Não há alternativa ao liberalismo 2, FSP

 Numa coluna emocionante a favor da democracia liberal contra o autoritarismo, publicada na edição de 30 de outubro do The Times, o britânico-paquistanês Matthew Syed informa que "61% dos jovens no Reino Unido prefeririam um ditador a um líder democrático... [e] pesquisas feitas na Europa continental e nos EUA revelam tendências semelhantes".

É assustador, como convém ao Halloween. Que venham então os zumbis, os assassinos de machadinha e a música apavorante.

E é aterrador. É claro que os jovens no Brasil, nos EUA ou no Reino Unido têm memória política muito curta, pelo menos aqueles que passaram sua vida breve online em vez de estarem lendo livros.

Não quero soar como todos os velhos desde os tempos de Adão e Eva que reclamam dos jovens. Mas vou reclamar dos jovens, se me permitem. Os mais ou menos jovens no Brasil que votaram em Bolsonaro se esquecem de como foi o regime militar anterior a 1985. E os muito jovens que votaram em Lula, poderíamos acrescentar, se esquecem da vergonha da Lava Jato.

Por isso quero que vocês, velhos, digam a cada jovem que encontrarem que a democracia liberal não é antiquada, não é incapaz de resolver problemas, não é qualquer daquelas outras mentiras que Putin, Orbán e Xi Jinping contam.

Vladimir Putin e Xi Jinping em encontro em Samarkand, no Uzbesqusitão, em setembro - Sergei Bobylyov/Sputnik/AFP

Ela é imperfeita, mas pode ser aperfeiçoada se continuarmos a acreditar nela. Ela cai bem em adultos livres. Como disse o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, é o pior sistema político --tirando todos aqueles outros que experimentamos de tempos em tempos.

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As alternativas são todas horripilantes, como convém ao Halloween. Como disse O'Brien, o homem do Partido no romance "1984", de George Orwell, enquanto torturava outro Winston no Ministério do Amor: "Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota pisoteando um rosto humano --para sempre".

Melhor ainda, mostre isto. Faça filmes, letras de canções de rock ou partidas de futebol americano que mostrem às pessoas como é boa a democracia liberal e como são ruins aqueles outros sistemas. Como dizemos na música country, é aí que o bicho pega. É na cultura popular que refletimos sobre política.
Por exemplo, no futebol, sempre me irrito porque o juiz, que é apenas um, não tem como flagrar todas as faltas cometidas. O que esse empurra-empurra persistente ensina aos jovens?

Pelo amor de Deus, coloquem dois árbitros a mais e distribuam cartões vermelhos. Esse é o chamado Estado de Direito. A democracia liberal em ação.

Tradução Clara Allain


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