Uma Copa do Mundo inteira sem ter de pegar nem sequer um avião. Além da época do ano, eis a grande novidade da Copa do Mundo no Qatar.
É como se o torneio fosse disputado em São Paulo e o maior deslocamento ficasse entre o estádio do Morumbi e a Vila Belmiro ou o Brinco de Ouro da Princesa. Ou um passeio entre o Pacaembu e Itaquera. (Aliás, nem me fale do Pacaembu. Dá uma pena passar por ele e ver o que estão fazendo lá.)
Provavelmente, quando a rara leitora e o raro leitor estiverem lendo esta coluna, o seu autor estará voando para Doha. Cobrirá sua décima Copa presencialmente, desde 1982, com ausência apenas na da Ásia, em 2002, exatamente para fugir da claustrofobia de permanecer 24 horas dentro do avião, mesmo motivo que o levou a não ir ver nem o Corinthians ser bicampeão mundial no Japão.
Se contar 2002 e as outras três, de 1970, 1974 e 1978, em que esteve na retaguarda, será esta a 14ª Copa deste jovem jornalista, que se lembra perfeitamente das de 1958, 1962 e 1996. Sim, será minha 17ª Copa!
In loco, provavelmente, a última, porque a próxima, em 2026, será no México, nos Estados Unidos e no Canadá.
Convenhamos, é dose para fuselo, a ave recordista ao voar dos Estados Unidos até a Nova Zelândia sem nenhuma pausa, durante 11 dias.
Se cobrir as Copas nos Estados Unidos, no Brasil e na Rússia, principalmente a russa, aos 44, 64 e 68 anos, deu porre de voos, a da América do Norte, aos 76, só se tivesse a mesma energia do futuro presidente do Brasil. Vai ver, terei…
A expectativa para o Qatar é a de ver a melhor das Copas dentro de campo, porque em meio à temporada europeia.
E a mais tensa pelas características da autocracia preconceituosa, com o perdão da redundância, e sem respeito aos trabalhadores que a construíram, longe de significar incompreensão aos usos e costumes locais. Para descendente de avô libanês, é decepcionante, na primeira Copa no chamado mundo árabe.
Bem diferente da primeira Copa in loco, na Espanha, 40 anos atrás, no alvorecer dos pós-franquismo, inesquecível por ter sido a primeira vez, apesar da triste derrota em Sarriá.
Havia, como hoje no Brasil, um clima de esperança, de renascimento da democracia, com o fim da ditadura.
Além de o time ter personagens que dava vontade de tê-los como amigos, do, pasme, presidente da CBF, Giulite Coutinho, ao saudoso Doutor Sócrates, passando por Leandro, Oscar, Juninho, Falcão, Cerezo, Zico, enfim, pessoas sensíveis, profissionais talentosos e competentes, para não falar de Telê Santana, figura espetacular.
Fique você com um elefante atrás da orelha porque das nove Copas com a presença do escriba apenas uma vez a seleção brasileira voltou com a taça, a do tetracampeonato.
Pode comemorar o hexa em terreno neutro?
Sim, pode, embora não seja o mais provável, dado o nível dos concorrentes, embora a França, de Kylian Mbappé e Karim Benzema, vá menos forte dadas as ausências de Paul Pogba e N’Golo Kanté, e a Argentina, de Lionel Messi, tenha perdido Giovani Lo Celso, exatamente o parceiro de La Pulga.
Cada crítico tem suas preferências, e a última chance de uma ótima geração belga, comandada pelo genial Kevin De Bruyne, merece atenção redobrada.
Será sempre bom lembrar que a Croácia disputou a última final em Moscou.
No sábado, já diretamente de Doha, nossa conversa continua. Até lá.
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