Antes que me acusem de aversão à tecnologia e de querer voltar à era do orelhão, aviso logo. Os dados dos parágrafos seguintes foram levantados por instituições como as Universidades de Toledo (Ohio) e da Carolina do Sul, o Hospital de Coluna Och (NY) e a empresa de telecomunicações Toll Free Forwarding, todas nos EUA, e publicados na revista BMJ Global Health, reconhecida pela OMS. Gente séria, como se vê.
Os dados se referem aos impactos provocados pela adesão maciça a certas tecnologias. Um deles, causado pelos fones de ouvido, já é perceptível: a sinaptopatia coclear — perda de contatos sinápticos entre as células ciliadas da cóclea. Eu sei, parece piada de stand-up búlgaro, mas significa que a pessoa está ficando surda. A culpa é dos decibéis que entram pelas orelhas e, graças aos fones, podem chegar a 112 dB (o limite ideal é de 80 dB para adultos e 75 dB para crianças). O problema não são os fones nem importa que se esteja escutando João Gilberto ou os Rolling Stones, e sim o volume.
Mas o grande vilão para os cientistas é o smartphone, e o que ele gerará de alterações nas novas gerações. Entre as consequências de ficar o dia todo olhando para a tela, estão o esforço extra que os músculos do pescoço têm de fazer para sustentar a cabeça baixa, o desequilíbrio na coluna, uma irreversível corcunda e algo que deveria preocupar os vaidosos: o queixo duplo.
Pela posição com que passam horas segurando o smartphone, o cotovelo em 90 graus também pode provocar um desgaste nos ligamentos e a mão evoluir para um formato de garra. E não está descartado o futuro surgimento de uma segunda pálpebra, para proteger os olhos da luz do dispositivo.
Mas os que estão mais sujeitos a uma consequência grave são os bolsonaristas. Pelo lixo que engolem dia e noite pelas redes sociais, já não distinguem um fato das fake news que eles mesmos inventam.
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