- Novo marco legal do saneamento básico será votado nesta quarta-feira (24) no Senado
- Todas as empresas do setor são impactadas positivamente, pois abre espaço para privatizações
- Sabesp tem a melhor projeção ao longo prazo devido ao plano de desestatização mais encorpado
Colocado como prioridade pela equipe econômica do Governo Federal, o novo marco legal do saneamento básico (Projeto de Lei 4. 162/2019) deverá ser votado nesta quarta-feira (24) pelo Senado.
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A proposta muda as regras para prestação de serviços de saneamento e prevê que empresas privadas possam prestar a atividade de fornecimento de água potável e coleta e tratamento de esgoto por meio de licitações.
“O cenário político pode mudar da noite para o dia, mas ao que tudo indica ele vai ser aprovado no Senado”, afirma Ricardo França, analista da Ágora Investimentos.
A aprovação do marco legal do saneamento básico é quase um consenso para o mercado financeiro. Essa é uma pauta que já estava sendo avaliada desde o ano passado, mas foi deixada de lado por conta da pandemia da covid-19. Assim que o governo voltou a discutir a retomada de sua agenda, era natural que esse tema ganhasse prioridade. “O assunto já está muito maduro”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Caso a proposta seja aprovada, a estimativa é que a universalização do acesso à água potável e à rede de esgoto aconteça 2033. Além disso, estima-se que serão investidos de R$ 500 bilhões a R$ 700 bilhões. Atualmente, 94% das cidades são atendidas por estatais e apenas 6% por empresas privadas.
Segundo os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 34 milhões de brasileiros não tem acesso à água tratada e 100 milhões não têm seu esgoto coletado.
Impacto é positivo
Três empresas listadas na B3 passam ficar sob os holofotes dos investidores: Copasa (CSMG3), Sabesp (SBSP3) e Sanepar (SAPR11). “O marco abre espaço para que elas sejam privatizadas”, diz França.
O analista da Ágora explica que o novo marco legal é um movimento muito importante para o setor, pois ele modernizará o saneamento básico do País e destravará os investimentos nas empresas. Por isso, dificilmente alguma delas deixará de capturar os benefícios desse Projeto de Lei.
O estrategista da RB afirma que as três ações já começaram a se valorizar na Bolsa de Valores com a expectativa da aprovação do marco legal. Esse movimento deve ter continuidade após a votação no Senado. “O setor é impactado imediatamente, pois ele vai ser mudado. A perspectiva é muito melhor para o setor de saneamento”, diz Cruz.
Até o fechamento da terça-feira (23), as ações de Copasa (CSMG3), Sabesp (SBSP3) e Sanepar (SAPR11) acumulavam valorização em junho de 5,24%, 8,40% e 16,04%, respectivamente, ante alta de 9,63% do Ibovespa.
Mas, no ano, os papéis acumulam queda de -8,9% (CSMG3), -2,16% (SBSP3) e -2,18% (SAPR11) – o recuo do Ibovespa em 2020 é de -17,1%.
“Todas elas são impactadas positivamente, apesar de nem todas terem o processo de privatização sendo discutido neste momento”, afirma o estrategista da RB.
Sabesp é destaque a longo prazo
Apesar de essa onda ser positiva para as ações das três empresas, os especialistas destacam que elas terão desempenhos diferentes no longo prazo. “Os papéis vão reagir conforme os Estados forem trabalhando para as privatizações de suas companhias”, diz Cruz.
Por isso, a Sabesp é quem está com o projeto de privatização mais encorpado e, consequentemente, tem a melhor perspectiva. “O investidor que está pensando em exposição no setor e a longo prazo, a Sabesp é a melhor escolha”, afirma França, da Ágora.
O estrategista da RB concorda com essa visão. Para ele, a empresa é a primeira na lista das privatizações, pois o governador João Doria (PSDB) sempre demonstrou interesse em vender as ações da companhia que estão com o poder público. “É um movimento que ele quer fazer ainda no seu mandato”, diz Cruz.
Em relatório, a Ágora Investimentos atualizou a recomendação da SBSP3 de “neutra” para “compra”, com base no cenário de probabilidades de a empresa ter o seu controle transferido do Estado para a iniciativa privada.
Para a corretora, o preço-alvo da ação no final de 2020 é de R$ 79. Na terça-feira (23), o papel da Sabesp encerrou o pregão cotado a R$ 58,70 – uma valorização esperada de quase 35%.
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