Teresa Corção fará leilão de peças antigas da casa sobre a história da mandioca
Depois de anunciar o fechamento de seu tradicional restaurante O Navegador, no centro do Rio, com um recado ao ministro da Economia Paulo Guedes, a chef Teresa Corção prepara o pagamento das dívidas acumuladas na pandemia, seleciona peças antigas da casa para fazer um leilão e diz que vai concentrar seus esforços no Instituto Maniva, associação sem fins lucrativos que promove a comida brasileira.
Após decidir fechar o restaurante nesta semana por causa da crise do coronavírus, Corção publicou um vídeo nas redes sociais dizendo ao ministro que ele não vai mais poder comer o pão de queijo tão apreciado no centro do Rio.
No vídeo, em que ela se refere ao ministro como Guedes, a chefe diz: "você ia lá no meu restaurante antes de ir para Brasília, gostava de comer o pão de queijo e ser tratado com todo o carinho. Pois é, eu venho aqui para te dar uma notícia que não é boa. Você não vai mais encontrar nem o pão de queijo, nem o carinho, nem o restaurante, porque, infelizmente, nós não conseguimos mais aguentar as despesas todas sem entrar nenhum dinheiro".
À coluna Painel S.A., a empresária disse que ainda não demitiu a equipe por causa da estabilidade de emprego embutida na medida provisória de redução de carga horária e salário, além do aviso prévio.
Ela vai fazer um leilão de peças do restaurante, que fica dentro do Clube Naval, no Rio.
"Esse auxílio do governo, que não veio, deixou todo mundo perdido. A gente acreditava que ia vir. Tinham prometido. Tomei a decisão de pegar todas as minhas economias, ajuda da família", diz ela.
"Eu e algumas amigas não tivemos a atitude fria de mandar todo mundo embora na hora em que entrou a pandemia. Eu acreditava que ia ter chance de voltar. Com o passar do tempo, fui vendo que não ia. As atitudes das autoridades levaram isso a perdurar", afirma Corção que ainda tinha 15 funcionários.
O leilão vai abranger peças ligadas ao trabalho da chef com o resgate da história da mandioca, como cochos de farinha antigos e outros objetos organizados pelo arquiteto Chicô Gouvea na ambientação do restaurante. "Tem imagens antigas científicas das coisas da mandioca, a parte ligada aos escravizados. Tem uma história ligada à minha proposta de trabalhar com os pequenos agricultores desde 2001", diz.
Segundo Corção, além da prorrogação da medida provisória, os donos dos restaurantes tentaram, mas não conseguiram liberação de empréstimo no BNDES.
"O tal do Pronamp está aí, mas ninguém consegue acessar. Tem coisa errada. Enquanto isso, as pessoas estão morrendo, é como o Titanic. Depois da gravação da reunião do governo, a gente caiu na real. Ele não vai defender os pequenos. Não é uma visão do governo. Só que os pequenos e os restaurantes são quem mais emprega no Brasil", diz a empresária.
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