terça-feira, 30 de junho de 2020

Alvaro Costa e Silva Eleições? Que eleições?, FSP

Imagine a situação de quem não vê a hora de livrar-se de Marcelo Crivella —tido e havido como pior prefeito da história do Rio, apesar da concorrência. Ou de quem quer seguir os mandamentos de sua igreja ou o entusiasmo da família Bolsonaro —unha e carne com Crivella— e lhe proporcionar mais quatro anos de governo. Uns e outros até agora não sabem o que vai acontecer. Haverá ou não eleições? Quando?

Manter o atual calendário, com votação em 6 e 25 de outubro, para alguns é uma tentativa de excluir milhões de pessoas do processo democrático, as quais deixariam de comparecer às urnas com medo de contrair a Covid em aglomerações. Ganhariam prefeitos e vereadores que tentam a reeleição e estão em evidência com o (suposto) combate à doença, pegando carona na distribuição do auxílio emergencial. E, quanto mais tempo passar, piores deverão ser os reflexos na economia.

Adiar a data para 15 e 29 de novembro, estendendo o período de campanha no rádio e na TV de 35 para 45 dias —como o TSE sugeriu , e o Senado aprovou—, favoreceria quem tem mais dinheiro para gastar. A votação da PEC também atrasaria os trabalhos já atrasados no Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é a favor do adiamento, mas enfrenta a influência dos partidos do centrão —sempre eles.

O debate envolve menos a preocupação com a pandemia que o jogo de interesses políticos. Na prática, o país já vive um macabro novo normal, como se o número de mortes não chocasse mais ninguém. É vida que segue, sem máscara. As festas estão bombando no Rio, a bola rolando no Maracanã. Depois dos shoppings, o comércio de rua voltou a funcionar, assim como os indispensáveis salões de beleza. E Crivella jogou no colo dos pais a decisão sobre a volta às aulas.

Resolvida essa questão tão premente, outra dúvida manterá o país em suspense: haverá ou não Carnaval?

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