Presidente afirma que todos os ministros do governo têm o mesmo tamanho
BRASÍLIA
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (24) que não precisa "fritar" seus ministros caso queira demiti-los. A afirmação foi feita em resposta a um questionamento sobre a situação do ministro da Justiça, Sergio Moro, durante entrevista à TV Bandeirantes.
"Eu não preciso fritar ministro para demiti-lo. Nenhum ministro meu vive acuado com medo de mim. Minhas ações são bastante pensadas e muito bem conversadas antes", disse.
A declaração foi feita horas depois de Bolsonaro recuar e dizer que não pretende desmembrar a área de segurança pública do Ministério da Justiça, o que enfraqueceria Moro.
O presidente desembarcou nesta sexta em Déli, na Índia, onde participa do Dia da República. Ele mudou de tom sobre a recriação da pasta depois de passar dois dias dizendo que a medida era estudada por seu governo.
Como a Folha revelou um dia antes, o pedido de recriação da Segurança foi articulado com Bolsonaro antes de sua reunião com secretários estaduais da área, ocorrida na quarta (22) e que reacendeu o processo de fritura de Moro.
Embora tenha negado que esteja "fritando" Moro, o presidente reafirmou sua autoridade ao dizer que cabe a ele dar o norte e nomear seus ministros. Bolsonaro afirmou ainda que o ex-juiz da Lava Jato tem o mesmo peso que os demais 21 titulares da Esplanada.
"O assunto tomou uma proporção eu não sei por que, parece que toda viagem que eu faço tem uma polêmica. Não tem qualquer problema. Agora, repito, todos os ministros têm o mesmo valor para mim e eu interfiro em todos os ministérios. Não existe qualquer fritura ou tentativa de esvaziar o senhor Sergio Moro", disse.
O ex-juiz da Lava Jato, no entanto, se consolidou como o ministro mais bem avaliado no primeiro ano do governo Bolsonaro, com apoio popular maior do que o do próprio presidente.
Entre os que dizem conhecê-lo, 53% avaliam sua gestão no ministério como ótima/boa. Outros 23% consideram regular, e 21%, ruim/péssima. Já Bolsonaro tem indicadores mais modestos, com 30% de ótimo/bom, 32% de regular e 36% de ruim/péssimo.
Sobre afirmação feita na quarta-feira (22), de que poderia recriar o Ministério da Segurança Pública, Bolsonaro minimizou sua fala e disse que ela foi feita durante encontro com secretários estaduais. De acordo com o mandatário, na ocasião ele não podia dar uma resposta definitiva ao pleito apresentado por parte dos secretários.
"Tudo bem, vou despachar, não posso falar ali não ou sim de imediato, eu jamais poderia falar isso aí. E agora? Em função disso foram para a maldade, como se tivesse já interessado", disse.
Durante a entrevista, o presidente afirmou que Moro está fazendo um "bom trabalho" na segurança pública, mas enfatizou a importância da atuação dos secretários estaduais.
"[Moro] está fazendo um bom trabalho no tocante à segurança, juntamente com os secretários de estado. Não é o trabalho nosso apenas. Ele faz o trabalho dele, temos batido o recorde na apreensão de drogas, a questão de isolar os cabeças do crime organizado de São Paulo foi uma decisão judicial do estado de São Paulo, e nós demos a cobertura, se não não poderia ser cumprida; ajudou e muito a questão de combater a violência no nosso país e está indo bem. Nada mais além disso."
Apesar das negativas, Bolsonaro fritou publicamente três dos quatro ministros que demitiu em seu primeiro ano de governo: Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Ricardo Vélez Rodríguez (Educação). O único deles que foi demitido sem que houvesse um amplo desgaste público foi Floriano Peixoto, que deixou a Secretaria-Geral para assumir a presidência dos Correios.
REGINA DUARTE
Ainda durante a entrevista, Bolsonaro voltou a falar que a nomeação da atriz Regina Duarte para a pasta da Cultura deve sair na próxima semana, após sua volta ao Brasil. Ele deixou em aberto a possibilidade de devolver à Secretaria Nacional de Cultura o status de ministério.
"A tratei como se [ela] fosse uma ministra. Ela até falou: 'dá para ser um ministério?' Poxa, a nossa política é de não criar novos ministérios. Nós vamos perder um ministério agora, que é o do Banco Central, que vai tornar independente. Então quem sabe nessa oportunidade se possa conversar sobre isso, desde que haja um apoio por parte da sociedade. Eu acho que ninguém estaria contra essa possibilidade de ver a namoradinha do Brasil como a terceira ministra mulher do nosso governo."
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