Chefe da Secom precisa abrir lista de clientes e faturamento de suas empresas
Em uma defesa pouco afervorada e deixando a porta aberta para rever as próprias palavras, o presidente Jair Bolsonaro avalia até aqui a performance de seu chefe da Comunicação como excelente. "Se fosse um porcaria, igual alguns que tem por aí, ninguém estaria criticando ele", reagiu, em despautério e com insultuosos ataques, às revelações da Folha de flagrante conflito de interesses na atuação do secretário especial Fabio Wajngarten.
Ato falho ou não, o presidente emprega o mesmo termo que, há menos de um mês, Carlos Bolsonaro usara para descascar o desempenho do secretário. O filho 02 classificou o trabalho da Secom de "uma bela de uma porcaria". Carluxo e o gabinete do ódio, implantado no Palácio do Planalto, se contrapõem aos métodos tradicionais da comunicação institucional, hoje sob o comando de Wajngarten e seu superior, general Luiz Eduardo Ramos.
Entre os altos e baixos da relação do presidente com o filho, ainda não está claro como Carlos extrairá proveito da situação para livrar-se de mais um inimigo. Foi um dos responsáveis pela saída do general Santos Cruz, antecessor de Ramos. Afeito ao jogo bruto nas redes sociais, por ora, nenhum ataque frontal ao secretário na berlinda.
Esquivar-se de um golpe de Carluxo é apenas um dos pepinos de Wajngarten pela frente. Engana-se quem acha que a crise-relâmpago do secretário nazista demitido possa servir de distração. Engana-se também quem acredita que mandar pro sacrifício o irmão do sub de Wajngarten (atual gestor de sua empresa) possa estancar a sangria em curso.
Embora patente o desrespeito à Lei do Conflito de Interesses, ele precisará convencer todos de que seus atos à frente da pasta não favoreceram seus clientes. Que foram republicanos os 67 encontros com agências e TVs para as quais presta/prestou serviços. Precisará abrir sua clientela e o faturamento de suas empresas --receitas que o chefe da Secom diz serem 100% transparentes, mas se nega a entregar à Folha.
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