Com Crivella, Rio não sabe mais organizar o Carnaval
Com pompa, circunstância e muito marketing, a prefeitura anunciou no início de janeiro um Carnaval de 50 dias, o dobro do calendário de 2019. A ideia era aproveitar a estrutura montada para o Réveillon e convencer turistas a ficar na cidade por mais tempo, aumentando de 1,7 milhão para 1,9 milhão o número de visitantes. Dessa maneira, tentava-se impedir a expansão da festa em outras capitais, como São Paulo e Belo Horizonte, que, mesmo longe da praia, estão deixando o Rio pobre de confete, serpentina e purpurina.
Era só olhar para a cara de entusiasmo de Marcello Crivella, ao anunciar a novidade, para perceber que não iria dar certo. Mas nem os mais pessimistas poderiam prever que o negócio não duraria nem uma hora, tempo que levou para o show da Banda Favorita, na abertura do Carnaval oficial, fosse interrompido.
Uma confusão só nas areias de Copacabana, que recebiam mais de 300 mil pessoas. Correria, furto de celulares e carteiras, bombas de gás lacrimogêneo, pedras e garrafas atiradas por ambulantes —imagine a quantidade deles numa cidade que tem a maior taxa de desemprego do Brasil— contra policiais e guardas municipais. No dia seguinte podiam ser vistas as manchas de sangue no famoso calçadão.
Uma confusão só nas areias de Copacabana, que recebiam mais de 300 mil pessoas. Correria, furto de celulares e carteiras, bombas de gás lacrimogêneo, pedras e garrafas atiradas por ambulantes —imagine a quantidade deles numa cidade que tem a maior taxa de desemprego do Brasil— contra policiais e guardas municipais. No dia seguinte podiam ser vistas as manchas de sangue no famoso calçadão.
A cada ano surgem mais blocos de famosos, que são a antítese da espontaneidade dos blocos de bairros. Estes reúnem amigos com o intuito de se divertir, enquanto aqueles se regem pela lógica do lucro. Por que Crivella, da noite para o dia, passou a incentivar a festa? Porque este ano tem eleição e sopraram-lhe ao ouvido —e enfim ele ouviu— que o Carnaval poderá movimentar a economia do Rio em mais de R$ 4 bilhões.
Até quem não gosta da folia sabe que os transtornos dos desfiles têm menos a ver com os blocos tradicionais, alguns com mais de 50 anos de farra e experiência, do que com a falta de estrutura do setor público. Ao prefeito, falta intimidade.
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