A ararinha-azul não está sozinha nas preocupações da ACTP. Ela é só uma das espécies vulneráveis, ameaçadas ou já extintas de papagaios brasileiros. Por sorte, há hoje muita gente séria se preocupando com os papagaios no Brasil, mas dói imaginar o que fizemos com eles em nossa história. Nesses 500 anos, nós os capturamos, cortamos suas asas para impedi-los de fugir, vendemo-los individualmente ou em lotes e transportamos nas condições mais cruéis ou simplesmente os abatemos, depenamos e servimos ensopados —em 1808, uma galinha custava mais caro no mercado do que um papagaio.
“Asas aos gritos.” Esta foi a grande imagem com que, em seu livro “Vamos Caçar Papagaios”, de 1926, o poeta Cassiano Ricardo descreveu o protesto dos maracanãs, tiribas e periquitos à entrada do homem no mato. Mas, apesar de seus gritos lancinantes —“em verde comício”, como escreveu Cassiano—, os papagaios perderam. E é vergonhoso que, hoje, tenhamos de recorrer aos de fora para recuperar o que um dia foi nosso.
Já que vamos importar da Alemanha 50 ararinhas-azuis, por que não mandar trazer igual número de políticos, ministros de Estado, empresários, advogados e até juízes para que se reproduzam aqui e, com o tempo, substituam alguns dos nossos atualmente em exercício ou fora dele?
E rápido, antes que o Brasil também esteja extinto.
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