quarta-feira, 19 de junho de 2024

Embraer quer expandir braço de defesa nos EUA com avião que levou oxigênio a Manaus; veja vídeo, FSP

 Paulo Ricardo Martins

GAVIÃO PEIXOTO (SP)

Otimista com o desempenho das vendas de sua aeronave militar C-390 Millennium para países como Portugal e Coreia do Sul, a Embraer busca agora levar o avião a mercados estratégicos e competir com o histórico modelo americano C-130 Hércules.

Em evento para jornalistas em Gavião Peixoto (SP) nesta quarta-feira (18), João Bosco Costa Junior, presidente do braço da Embraer para defesa e segurança, listou Índia, EUA, Arábia Saudita, União Europeia e países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) como mercados para a entrada da aeronave.

Avião militar é capturado por foto durante voo. Ele tem grandes proporções é verde com estampa camuflada.
Modelo C-390 Millennium, da Embraer, durante o International Paris Air Show, evento do setor - Emmanuel Dunand/AFP

Hoje, o C-390 já está em serviço no Brasil –usado pela FAB (Força Aérea Brasileira)– e também em Portugal. No entanto, o avião já foi encomendado por governos de Hungria, Holanda, Áustria e República Tcheca, além de mais encomendas do Brasil e de Portugal.

Na Ásia, o primeiro cliente a receber o avião será a Coreia do Sul. A aeronave da Embraer bateu os modelos Lockheed Martin C-130J Hércules e o europeu Airbus A400M Atlas e foi escolhido pelo governo sul-coreano, no fim do ano passado, para a substituição da frota tática do país por meio de um contrato estimado em US$ 554 milhões (cerca de R$ 3 bilhões na cotação atual). A Embraer não revelou o número de aviões que serão entregues ao país asiático.

A aeronave conseguiu a certificação em outubro de 2018 e entrou em serviço pouco mais de um ano depois.

Foi só em 2023, porém, que o modelo conseguiu o certificado de tipo final, emitido pelo IFI (Instituto de Fomento Industrial), organização militar vinculada ao DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). Por meio do certificado, a aeronave recebe aval para ser operada em sua capacidade máxima.

Na apresentação de resultados do primeiro trimestre deste ano, a companhia brasileira comemorou o voo inaugural do C-390 pela Força Aérea Húngara. Lá, a aeronave ainda tem de passar por uma campanha de testes antes de entrar em serviço.

A fabricante também levou o modelo para o Embraer Defense Day, nos Estados Unidos, onde foi apresentado para autoridades governamentais e oficiais militares. Segundo Costa Junior, a companhia está expandindo o número de funcionários na parte voltada para a defesa nos Estados Unidos, na tentativa de adentrar o segmento no país.

"Já temos uma linha de montagem final do Super Tucano [caça de defesa aérea] nos Estados Unidos, mas acreditamos que o C-390 poderia desempenhar um papel importante no mercado dos EUA. Estamos lá tentando promover e apresentar o C-390 para fuzileiros navais e Força Aérea dos Estados Unidos porque acreditamos que o modelo poderia agregar um valor adicional a essas entidades do governo", afirma Costa Junior.

Junto a um grupo de jornalistas e a convite da Embraer, a reportagem voou em um modelo C-390, partindo da sede da empresa, em São José dos Campos (SP), até Gavião Peixoto, onde é fabricado o avião militar.

Durante a pandemia, a aeronave foi utilizada pela Força Aérea Brasileira para levar oxigênio, material hospitalar, camas, tendas, geradores, barracas e até ambulâncias para Manaus, capital que viveu uma crise com a sobrecarga de seu sistema de saúde devido ao grande número de casos de Covid.

O avião também é usado pela FAB para ajudas humanitárias. Foi o caso da missão especial que levou medicamentos, alimentos e equipamentos de saúde para Beirute, no Líbano, em 2020, após explosões atingirem o porto da sede do governo libanês.

O repórter viajou a convite da Embraer

Na véspera da Selic, Lula abre fogo contra Campos Neto, MEIO

 Em dia de reunião do Comitê de Política Monetária e véspera de decisão sobre os juros, o presidente Lula voltou a atacar o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em entrevista à CBN, afirmou que o economista “não tem nenhuma capacidade de autonomia, tem lado político e trabalha muito mais para prejudicar o país”. E citou o jantar do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em homenagem ao presidente da autarquia, dizendo que o ex-ministro de Jair Bolsonaro tem mais influência nas decisões de Campos Neto do que ele, como presidente da República. A inflação, segundo Lula, está totalmente controlada e o Brasil tem alta de empregos. “Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil neste instante: o comportamento do BC”, disparou. Sobre a provável manutenção da Selic em 10,5% ao ano, Lula disse que o país não precisa disso. E em alusão ao convite que Tarcísio teria feito para que Campos Neto seja seu ministro da Fazenda, em caso de vitória na eleição de 2026, Lula indagou se o presidente do BC “está disposto a fazer o mesmo papel que Moro fez, paladino da justiça com rabo preso com compromissos políticos”. (CBN)

Tarcísio de Freitas disse a interlocutores que os juros altos “obviamente” atrapalham a administração do estado, mas afirmou que não vai rebater Lula publicamente, conta Raquel Landim. Na visão de Tarcísio, a queda dos juros tem que vir acompanhada de responsabilidade fiscal e não dá para “cortar os juros na marra, como aconteceu na época do governo Dilma”. (UOL)

Lula também afirmou que não permitirá que “um fascista” e “trogloditas” voltem a governar o país. Disse que não quer discutir a reeleição de 2026, que “tem muita gente boa para ser candidato”, mas, “se for necessário”, disputará a eleição. “Pode ficar certo que meus 80 anos virarão 40. Mas não é a primeira hipótese.” (Valor)

Aliás, a aprovação do trabalho de Lula ficou estável na pesquisa Datafolha divulgada ontem, passando de 35% em março para 36% no levantamento feito entre os últimos dias 4 e 13. Já a reprovação recuou de 33% para 31%, enquanto o regular foi de 30% para 31%. Os três números ficaram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. (Folha)

Miriam Leitão: “É evidente que o presidente do BC, num ambiente polarizado como esse, não deveria ter ido para um jantar em sua homenagem com um possível candidato a presidente pelo campo da direita. Mas mais do que isso, as declarações, os comentários desse jantar mostravam um lado político de Roberto Campos Neto. Por outro lado, Campos Neto subiu taxa de juros em pleno período eleitoral, contrariando o governo passado que o indicou. Ele tem tido uma posição técnica, há sempre argumentos técnicos para justificar os votos dele no BC, mesmo quando se discorda da decisão”. (Globo)

Alvaro Gribel: “É fato que Campos Neto errou ao aceitar participar de um jantar em sua homenagem. Mas Lula, no cargo de presidente da República, erra também ao escalar a crise às vésperas de uma das reuniões mais importantes do Copom este ano”. (Estadão)

Bruno Carazza: “Lula se declarou perplexo ao tomar conhecimento do volume de renúncias fiscais. Não deveria se fazer de surpreso. Afinal, foi durante o seu segundo mandato que a política de concessão deliberada de incentivos tributários ganhou impulso. O que Lula sabe, mas não admite, é que pouco se sabe se essas contrapartidas foram efetivamente cumpridas”. (Valor)

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terça-feira, 18 de junho de 2024

Ricardo Mussa - Consumidor deve estar no centro da estratégia de descarbonização, FSP

 O cliente tem sempre razão, proclamou, ainda em 1909, o americano Harry Gordon Selfridge, fundador de uma das lojas de departamento mais famosas de Londres e do mundo.

Passado mais de um século, esse lema segue válido, não como uma verdade absoluta, mas pelo atributo que entendo ser seu espírito original: o primeiro passo para desenvolver bons produtos e serviços é compreender os anseios do consumidor.

É com esse olhar centrado no cliente que interpretei um dos mais recentes estudos da consultoria britânica EY. O trabalho mostra que os consumidores de energia querem uma energia limpa e aborda três caminhos para que eles passem do interesse à ação.

Em um primeiro olhar, o resultado pode assustar.

Parque eólico em Dom Inocêncio (PI), o maior da América Latina - Eduardo Anizelli - 2.mai.24/Folhapress

A pesquisa revela que, dos 100 mil entrevistados em 21 países, apenas 31% dizem estar dispostos a investir mais tempo e dinheiro em ações de energia sustentável. Foram ouvidos consumidores residenciais de energia, adimplentes ou não, de distintas faixas etárias e poder aquisitivo em mercados como Austrália, Brasil, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, França, Japão, Itália, Portugal e Reino Unido.

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Essa aparente apatia em relação à necessidade de incorporar urgentemente as energias limpas e renováveis ao dia a dia estaria relacionada, segundo a EY, a um cenário exaustivo.

Um dos incômodos óbvios é a alta do custo de energia, resultado também da volatilidade geopolítica –intensificada pelas guerras no Hemisfério Norte. Das pessoas ouvidas, 84% dizem que a energia é uma despesa doméstica orçada e 67% afirmam que não são capazes de absorver um aumento de 10% na conta. Por fim, os entrevistados continuam interessados em novas energias e em produtos e serviços mais sustentáveis, mas dois terços admitem que não investirão neles nos próximos três anos.

O lado cheio do copo: o estudo aponta que novas ferramentas digitais podem dar aos consumidores a flexibilidade que desejam. Sistemas de medição inteligente e o emprego de inteligência artificial estão no cardápio de soluções que cidadãos de diversos países esperam ter incorporadas às suas vidas, de acordo com a pesquisa.

Outro achado da consulta: 69% deles preferem um modelo de assinatura ou preço de taxa fixa e 49% dos consumidores estão interessados em opções de energia pré-pagas.

Algumas soluções já estão disponíveis no mercado, mas tendem a se intensificar com a abertura total do mercado livre de energia para o consumidor de baixa tensão, possivelmente até o ano de 2030, cenário em que prevalecerá a liberdade de escolha.

A concorrência será saudável, estimulando novos modelos de venda de energia competitiva, inclusive valorizando os atributos de renovabilidade.

O trabalho da EY merece ser lido com atenção, não só pelo setor empresarial, mas por quem está na linha de frente das políticas públicas no Brasil. Governos federal e estaduais, reguladores e o Congresso Nacional têm diversas pautas em tramitação na área de energia limpa –e os insights certamente são valiosos.

Termino destacando uma mensagem-chave das conclusões do estudo com as quais não poderia concordar mais: "Até agora, grande parte do foco da transição energética tem estado no lado da oferta, no investimento em novos ativos energéticos e em melhorias de infraestruturas. É hora de dar igual atenção ao lado da demanda. Simplesmente não há transição energética a menos que os consumidores liderem essa jornada".