Caroline Ribeiro
Foi batendo a perna no vidro para passar por uma porta apertada, enquanto um segurança sinalizava com o braço para uma jornalista não se aproximar mais, que o governador Tarcísio de Freitas escapuliu da imprensa depois de participar de dois painéis no Fórum de Lisboa, evento apelidado de "Gilmarpalooza" por ter o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes como um dos organizadores e reunir o poder político do Brasil em solo lusitano.
Para chegar à saída, Tarcísio passou pelo corredor lateral do palco, onde o ministro Raul Araújo, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, atendiam jornalistas.
O contato das autoridades com a imprensa tem sido frequente desde o primeiro dia do evento, na quarta-feira (2). Tirando o presidente da Câmara, Hugo Motta, que confirmou entrevista e não apareceu, vários participantes responderam perguntas de jornalistas brasileiros e portugueses.
Tarcísio optou por atender os fãs. Depois dos painéis, permaneceu por meia hora no palco sendo assediado com fotos, apertos de mão e abraços de políticos, advogados e público em geral. Foi, sem dúvidas, o participante mais assediado da programação matinal neste último dia de fórum.
Em sua primeira intervenção, o governador dividiu a mesa sobre contexto internacional e blocos militares com Henrique Gouveia e Melo, almirante da Marinha portuguesa que é candidato a presidente. Assim como o Brasil, Portugal também vai ter eleições em 2026. A dupla foi anunciada pelo ex-ministro da Defesa Raul Jungmann como "os dois presidenciáveis de cada país", recebendo aplausos da plateia.
Na segunda parte, Tarcísio dividiu o painel sobre crime organizado com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, com o diretor da PF e com os ministros do STJ Raul Araújo Filho e Mauro Campbell Marques.
As declarações do governador não saíram da pauta habitual. Tarcísio declarou que "o crime vem se sofisticando", mas que "as forças de segurança também vêm fazendo um enfrentamento à altura". Defendeu a necessidade de se "guarnecer as fronteiras" para que haja condições de combate ao crime organizado.
"Quando a gente elenca os riscos do Brasil, muito se fala hoje no risco fiscal. Talvez esse seja o risco menos importante, porque nós sabemos exatamente o caminho, sabemos como resolver", destacou. "As alavancas são conhecidas. A gente está falando de aumentar o fluxo de capital estrangeiro, de reduzir a inflação, reduzir taxa de juros. E aí a gente está falando de ter mais recursos para investir e nos tornar menos vulneráveis para algumas questões aqui em relação à América do Sul, que talvez se constituem o maior risco, me refiro ao crime organizado".
Concordando com Paulo Gonet, que citou o "fator PCC" para decisões em investimentos, o governador ressaltou que "uma parcela considerável dos homicídios no Brasil tem relação com o tráfico de drogas, com a disputa de pontos de venda. A presença do tráfico nas comunidades mais vulneráveis é o que afasta o Estado daquele cidadão que mais precisa da presença do Estado".
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