Como anda a sua dieta de plásticos? Em especial, de microplásticos? Está bem diversificada nos formatos e tipos de polímeros, ou você tem preferências, como uma dieta "low-polietileno"?
Essas perguntas parecem absurdas, mas há muitos anos refletem nossa realidade. Mesmo que, no cotidiano, não pensemos sobre o plástico presente em nossas rotinas, o fato é que ingerimos e inalamos milhares de partículas plásticas diariamente. A quantidade exata é difícil de medir, pois depende dos ambientes que frequentamos, dos hábitos, da idade e das condições econômicas. Recentemente, cientistas estimaram que ingerimos de 0,1 a 5 gramas de microplásticos toda semana. Sabe o saquinho de sal dos restaurantes? Ali há 1 grama. Então, na ingestão mais generosa de MPs, é como se um adulto consumisse um saquinho todo dia, descontado o final de semana porque não se pode abusar. Mas o que são os microplásticos, ou simplesmente, MPs?
MPs são partículas plásticas, entre 0,001 e 5 milímetros. Para se ter ideia desse tamanho mínimo, um fio de cabelo tem em média 0,070 milímetro. Há MPs produzidos já nessa dimensão para compor cosméticos e produtos de higiene pessoal, entre outros, mas há aqueles que resultam da degradação e da fragmentação de peças maiores. E aqui existe um verdadeiro universo de materiais que resultam em MPs. Por exemplo, ao lavar sua camiseta de tecido sintético, são liberadas milhões de microfibras que se desprendem do tecido. Elas vão para o esgoto, mas ali não é o seu destino final. Há microfibras em todos os lugares imagináveis, incluindo órgãos do corpo humano. Estamos expostos a elas até mesmo antes de nascer, como na placenta.
Uma das grandes fontes de MPs são os plásticos de uso único, ou seja, os descartáveis que geram tanta conveniência. Uma infinidade de itens está nessa categoria, desde os realmente necessários até os mais dispensáveis, como pinças plásticas para "pegar pipoca sem sujar as mãos". Se pensar bem, você conseguirá enumerar uma enorme lista de dispensáveis. É claro que a redução da produção e utilização, além da destinação correta dos plásticos de uso único, não resolve todo o problema, mas é um dos caminhos mais importantes. O ideal é deixar nessa categoria o que é realmente indispensável, como nas aplicações em saúde.
Por falar em saúde, os efeitos dos MPs é um campo aberto de estudos. Os primeiros resultados indicam que plásticos e componentes associados estão relacionados a quadros de aumento de estresse oxidativo, ou seja, uma espécie de condição de constante processo inflamatório. Em 2024, cientistas observaram a presença de MPs em ateromas (placas formadas no interior de artérias) e concluíram que os pacientes com essa condição tinham até 4,53 mais chance de um evento cardiovascular do que aqueles que não tinham MPs nos ateromas. Em outros organismos, os efeitos são também bastante variados, desde sistêmicos até o nível celular.
Por enquanto, não é possível se livrar completamente dos plásticos. No entanto, a conscientização e a mudança de hábitos de uso é condição fundamental para reduzirmos os impactos desses materiais que nos abriram tantas oportunidades, mas que também criaram desafios que ainda estão longe de ser superados.
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