sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Datafolha: satisfação de morar no Brasil sobe de 59% para 74% em um ano, FSP

 

SÃO PAULO

A satisfação dos moradores do Brasil em morar no país saltou de 59% para 74% em um ano, enquanto o sentimento de orgulho de ser brasileiro passou de 77% para 83%, segundo pesquisa do Datafolha.

Ambas as marcas se aproximam do teto registrado na série histórica, iniciada no ano 2000 pelo instituto, que neste levantamento feito na terça-feira (5) ouviu 2.004 eleitores em 135 cidades do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Réveillon na Paulista em 2015
Réveillon na Paulista em 2015 - Luciano Amarante/Folhapress

Segundo o Datafolha, consideram o Brasil um local ruim para viver 8% dos ouvidos, índice estável em relação à pesquisa feita em dezembro de 2022, que apontou 9%. Já os que acham morar no país uma experiência regular passaram de 33%, recorde até então na série, para 18%.

Nos 30 levantamentos com tal pergunta antes do atual, a média de satisfação é de 65%, ante 24% de avaliação regular e 11%, de insatisfação.

O ápice do sentimento favorável ocorreu em julho de 2005, quando o então presidente Lula (PT) comandava um momento de bonança econômica decorrente do boom das commodities promovido pela ascensão chinesa. Nem o mensalão, que estourou naquela época, afetou seus resultados.

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Já o momento de menor satisfação ocorreu em abril de 2018, já no clima generalizado de fastio com a política que a Operação Lava Jato explicitou e que desaguou na eleição de um candidato que se vendia como outsider, mas que apenas era das franjas da classe parlamentar, Jair Bolsonaro (então no PSL, hoje PL). Ali, só 48% se diziam felizes de morar no Brasil.

A correlação com o desempenho do governo não é automática: a satisfação deriva de outros fatores também, como o estado da economia, e o Brasil vive o momento de menor desemprego (7,6% no trimestre fechado em setembro) desde 2014.

Com efeito, a aprovação do governo Lula se manteve estável o ano todo, chegando a este levantamento em 38%. Na política, após a aguda turbulência dos atos golpistas do 8 de Janeiro, houve uma acomodação visível das tensões, embora isso seja mais intangível para a população.

É uma taxa de aprovação mediana, em comparação por exemplo com os 59% que Dilma Rousseff (PT) tinha a esta altura de seu primeiro mandato —e diz pouco sobre o futuro político dos mandatários, como o impeachment da presidente prova. Ainda assim, a satisfação atinge 81% entre aqueles que aprovam o governo Lula, caindo a 71% entre aqueles que o desaprovam.

O orgulho em ser brasileiro também está em um momento de alta, passando de 77% para 83% em um ano, aproximando-se dos 89% registrados em novembro de 2010. Já a prevalência do sentimento da vergonha de ser brasileiro caiu de 21% para 16% no período.

O momento em que a correlação quase se inverteu nesses 23 anos foi junho de 2017, em plena crise do governo Michel Temer (MDB), que nunca foi popular. Ali, houve um inédito empate, com 50% dizendo ter mais orgulho do que vergonha de ser brasileiro e 47%, o contrário.

Na média das 32 pesquisas em que a questão foi colocada, 76% se dizem mais orgulhosos e 22%, mais envergonhados de sua condição de brasileiro.

Ministério Público vai investigar promotor que denunciou Haddad e pode cassar sua aposentadoria, FSP

 A Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) determinou, nesta sexta-feira (8), a abertura de um procedimento preliminar para examinar a conduta do promotor aposentado Marcelo Millani.

Como revelou a coluna, o ex-integrante do órgão admitiu à Justiça que "se excedeu em sua conduta" no cargo e que ajuizou ações de improbidade administrativa contra Fernando Haddad (PT) apenas como forma de retaliação.

O promotor aposentado Marcelo Milani - Reprodução Rede TVT

A admissão ocorreu em um acordo em que Milani desistiu de uma ação que movia contra Haddad. O documento foi homologado na quinta-feira (7) pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

"Caso reste comprovado o cometimento de algum ato em desacordo com a legislação, o MP-SP ajuizará ação judicial de cassação de aposentadoria", afirma o Ministério Público paulista, em comunicado, ao comentar o caso.

A vingança do promotor se deve ao fato de Haddad ter relatado à revista Piauí que recebeu em seu último ano como prefeito de São Paulo, em 2016, a informação de que Milani teria pedido R$ 1 milhão em propina para não ingressar com ação judicial contra a Odebrecht.

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A construtora, na época, sofria denúncias envolvendo a construção do estádio do Corinthians. Ao ouvir a informação, Haddad comunicou o relato à Corregedoria-Geral do Ministério Público de São Paulo.

O texto de Haddad foi publicado na Piauí em 2017. Milani então processou o hoje ministro da Fazenda por calúnia, injúria e difamação. Teve uma vitória em primeira instância, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reverteu a condenação do petista.

O caso foi parar no STJ. Diante da perspectiva de uma nova derrota, no entanto, Milani buscou um acordo com Haddad: a ação contra o petista seria extinta, e o promotor, hoje aposentado, não teria que pagar honorários de sucumbência para os advogados do agora ministro —o que sempre ocorre com a parte que é derrotada em um processo.

Ficou acertado também que ele admitiria que moveu as ações contra Haddad apenas em razão da denúncia feita pelo petista contra ele.

Na minuta do acordo, Milani afirma que "com o conhecimento da denúncia [de pedido de propina] que foi apresentada ao Ministério Público por Fernando Haddad, e por essa razão, se excedeu em sua conduta e ajuizou ações de improbidade administrativa" em face do petista "com uma má interpretação da conduta do então prefeito".

O promotor elenca as ações de improbidade que promoveu nesse contexto. São três: por suposta irregularidade em obras de ciclovias, por supostas irregularidades no Theatro Municipal de São Paulo e pela acusação de que Haddad teria criado uma "indústria das multas" na capital paulista.

O acordo foi mediado pelos advogados Igor Tamasauskas e Otávio Mazieiro, do escritório Bottini & Tamasauskas. "O acordo fala por si", disse Igor Tamasauskas.