quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Polícia paulista se comporta como gangue, Hélio Schwartsman, FSP

 Já escrevi aqui que polícia é civilização. Um dos maiores passos para a pacificação social foi dado quando o Estado tomou para si o monopólio do uso legítimo da violência, isto é, quando criou a polícia.

Nas contas de Steven Pinker, isso fez com que as taxas de homicídio na Europa do século 16 despencassem para algo entre um décimo e um quinquagésimo dos valores anteriores. Esse movimento também abriu caminho para a consolidação de princípios básicos do direito, como o do devido processo legal, o de que nenhuma pena pode passar da pessoa do acusado e o de que as sanções devem ser individualizadas e proporcionais ao delito.

Movimentação de policiais militares na Vila Baiana, em Guarujá - Danilo Verpa/Folhapress - Folhapress

O estado de São Paulo não tem uma polícia, mas uma gangue uniformizada. Essa é a melhor hipótese para entender a operação policial no Guarujá, deflagrada após o assassinato de um soldado da Rota, que deixou cerca de 12 mortos. Uma incursão típica não produz carnificinas dessa magnitude. Ou existe um gênio maligno interferindo nas estatísticas para nos enganar, ou alguns dos policiais, em vez de proceder sob o manto da lei para localizar e prender os suspeitos do homicídio para levá-los a julgamento, preferiram embrenhar-se num projeto de vingança, eliminando pessoas que de algum modo viam como ligadas ao crime. Essa sensação só é reforçada pela notícia de que indivíduos com vínculo com a corporação usaram redes sociais para celebrar as mortes.

Igualmente inquietantes são as reações de autoridades. O governador e o secretário da Segurança Pública consideraram a operação absolutamente normal. Deputados estaduais da bancada da bala, numa versão legislativa da fraude processual, em vez de exigir a elucidação dos fatos querem tirar as câmeras dos uniformes da polícia.

Esse comportamento de gângster não chega a ser irracional. É como tentávamos controlar a violência em tempos pré-modernos. Mas não ser irracional não significa ser civilizado.


Wilton Ruas pede demissão do Procon-SP, FSP

 O Procon-SP confirmou nesta quarta-feira (2) o pedido de demissão de Wilton Ruas, diretor executivo do órgão. Ele alegou questões pessoais em sua decisão.

Ruas assumiu o cargo no início do ano e quebrou uma sequência recente em que apenas bacharéis em direito ocuparam a posição. Engenheiro de formação e com a carreira estruturada na indústria de tecnologia da informação e serviços, Ruas gerou mal-estar entre servidores e deputados ligados ao Procon paulista por não ter conhecimento na área.

Servidor do Procon-SP realiza fiscalização na venda de frutas e outros produtos no Mercado Municipal de São Paulo
Servidor do Procon-SP realiza fiscalização na venda de frutas e outros produtos no Mercado Municipal de São Paulo - Zanone Fraissat - 17.fev.2022/Folhapress

A demissão estava acertada desde segunda-feira (31), quando Ruas compartilhou uma carta com os funcionários do órgão. Em seu comunicado, o agora ex-diretor agradeceu a parceria com os servidores e técnicos, em especial a confiança do governador Tarcísio de Freitas e do secretário de Justiça, Fábio Prieto.

"Deixo esta Fundação com a sensação de ter contribuído, com uma gestão técnica, voltada para o protagonismo da instituição, fortalecimento de seus alicerces básicos e com foco em sua missão principal, que é equilibrar e harmonizar as relações de consumo, objetivando, sempre dentro dos princípios éticos e legais, proteger e defender o consumidor paulista nessa relação", escreveu Wilton Ruas em sua carta de despedida.

Segundo o Procon-SP, em seu lugar assume, interinamente, Luiz Orsatti Filho, chefe de gabinete da instituição. Ele é servidor de carreira, graduado em direito e já chefiou outras secretarias do governo paulista.

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Quais lições se devem tirar do Brasil na Copa Feminina? Uma delas é que não há nada a ser festejado, Robson Morelli ,OESP

 Quais as lições que se deve tirar da participação da seleção brasileira na Copa do Mundo Feminina? A primeira delas é que o time ainda não empolgou a torcida brasileira. Digo isso pela movimentação rasa no País nos três jogos da equipe de Pia Sundhage na disputa. Apesar de toda a movimentação na mídia, o torcedor não teve o mesmo entusiasmo pelas partidas como se viu no Mundial de 2022, em sua versão masculina. Talvez nunca terá. O horário dos jogos, de madrugada e manhã, atrapalhou, mas não somente isso.

Particularmente, senti mais envolvimento dos brasileiros na edição de 2019. Dentro de campo, o Brasil também não fez por merecer tanto entusiasmo. O time teve uma primeira partida boa, com quatro gols, três deles de Ary Borges, diante do Panamá, mas fracassou diante da França e também da Jamaica: empate sem gols. O Brasil foi um time comum e sem brilho, mesmo com a opção de Marta como titular. Nervosismo, falta de experiência, opções erradas de jogadas, sem criatividade, pressão... O time de Pia não soube lidar com todas essas condições.

Adriana e Debinha lamentam o fim do jogo contra as jamaicanas e a eliminação do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo
Adriana e Debinha lamentam o fim do jogo contra as jamaicanas e a eliminação do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo Foto: William West / AFP

O fracasso do Brasil não tem nada a ver com qualquer falta de estrutura. Se não houver recuo, esse problema está superado. O Brasil é um time fraco e inexperiente. Para se ter como comparação, a seleção americana, atual campeã e candidata ao título, teve também muitas dificuldades para se classificar, mas conseguiu. Não vale de nada, mas isso mostra que as rivais também melhoraram. O Brasil tinha de saber disso.

Não quero aqui dizer que a seleção brasileira ‘amarelou’. Faltou futebol. Pia tem seu jeito de pensar o jogo e trabalha a condição tática. Com isso também tira das brasileiras boa dose de liberdade e criatividade. Nem Marta inventou contra a Jamaica. Isso ficou claro nesta campanha e também na maioria das partidas. Marta ficou para trás e nem era a principal jogadora do time nesta Copa. São verdades que temos de entender. 

A seleção tem de aprender a decidir jogos, em qualquer etapa das disputas. Tentou diante da Jamaica na fase de grupos e não teve competência para isso. Pia comentou a falta de coragem dentro do jogo. Talvez ela esteja se referindo à falta de ousadia, o que o Brasil não mostrou mesmo. Correu, lutou e tentou de forma bagunçada, sem criatividade, sem organização.

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A treinadora sueca já disse que no Brasil, quando um time perde um jogo ou uma decisão, é o fim do mundo, quando na verdade é apenas uma partida de futebol. Pia vai precisar de mais quatro anos no futebol brasileiro para entender que não é isso. O torcedor brasileiro não aceita perder no futebol, em qualquer categoria. Portanto, não há nesta quarta-feira nada para ser festejado na seleção feminina. Absolutamente nada.