sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Safra recorde de grãos - Celso Ming OESP

 

As últimas projeções desta temporada confirmam uma produção recorde de grãos. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma colheita de 271,2 milhões de toneladas, 5,6% maior do que a safra do período 2020/21 (veja o gráfico).

Os números do IBGE, o outro organismo encarregado das estatísticas, são um pouco diferentes, mas definem igual tendência: produção de 261,7 milhões de toneladas, 3,3% mais alta do que a anterior.

Esse forte desempenho aconteceu a despeito de problemas climáticos (estiagem), que derrubaram a produção na Região Sul e Centro-Oeste.

O setor foi, até agora, fortemente beneficiado pelo aumento das cotações das commodities no mercado internacional, em consequência da quebra da oferta de alimentos resultante da guerra na Ucrânia. É uma vantagem que pode ser reduzida, pelo menos em parte, no escoamento desses grãos pela recessão e pela grave crise energética que vai atingindo os países avançados.

Em outubro, com a regularização das chuvas de primavera, começa o plantio da próxima safra no Centro-Sul. A Conab já anunciou que espera para este próximo período uma safra de 308 milhões de toneladas de grãos, se as condições meteorológicas permitirem e se não escassearem os insumos, especialmente fertilizantes, produto em falta desde o final de fevereiro, quando estourou a guerra na Ucrânia.

A agropecuária ainda pesa relativamente pouco no PIB, não mais do que 8,1%. Enquanto isso, o agronegócio, que inclui a indústria e os serviços que atuam colados à agricultura e à pecuária, corresponde a algo menos do que 27% do PIB.

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Embora empregue relativamente pouca mão de obra, a agropecuária se tornou polo dinâmico no setor de serviços de apoio. É também centro de difusão de tecnologia avançada não só na genética das sementes como, também, no preparo da terra e manejo das culturas, por meio de drones, internet, eletrônica embarcada nos equipamentos e máquinas agrícolas. Em proporções que ainda estão para ser levantadas, o agronegócio vem contribuindo para a interiorização de tecnologia de ponta no País.

É por coisas assim que não têm cabimento afirmações de que as coisas da agricultura sejam cabeças e braços do atraso no Brasil, como certos analistas ainda vêm difundindo.

A vitalidade do agronegócio acontece num momento em que cada vez mais pessoas vêm sendo incluídas no mercado global de consumo, especialmente na Ásia. O Brasil só não se tornará celeiro do mundo se cometer muita besteira na condução de sua economia.

Empregos em renováveis crescem, mas sem diversidade, Diálogos da Transição

 

O emprego global no setor de energia subiu acima de seus níveis pré-pandemia, liderado pelo aumento das contratações em energia de baixo carbono, mas a participação de mulheres segue abaixo da média econômica geral.
 
Relatório lançado hoje (8/9) pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que o emprego total de energia em 2021 tenha aumentado cerca de 1,3 milhão em relação a 2019, e pode avançar mais 6 pontos percentuais até o final de 2022. 
 
A energia limpa é responsável por praticamente todo esse crescimento, impulsionado por contratações em novos projetos de energia solar e fabricação de veículos elétricos.
 
A análise segue uma tendência verificada em 2019, quando a indústria de baixo carbono ultrapassou a marca de 50% de sua participação no emprego total de 65 milhões de pessoas no setor de energia. 
 
Naquele ano, solar e eólica empregavam 7,8 milhões, equivalente ao fornecimento de petróleo. Já a fabricação de veículos, que emprega 13,6 milhões em todo o mundo, concentrou 10% de sua força de trabalho na fabricação de eletrificados, seus componentes e baterias.
 
No setor de petróleo e gás, a maior parte da projeção de novas vagas vem de projetos em desenvolvimento, com destaque para infraestruturas de gás natural liquefeito (GNL).

O horizonte é promissor… Em todos os cenários da IEA, o emprego em energia deve crescer, superando os declínios nas ocupações com combustíveis fósseis. 
 
No cenário de Emissões Líquidas Zero até 2050, a estimativa é que 14 milhões de vagas sejam criadas na indústria de energia limpa até 2030, enquanto outros 16 milhões de trabalhadores mudarão para novas funções. 
 
Até 2050, o segmento de renováveis pode ser responsável por 43 milhões de empregos — dos 122 milhões de trabalhadores no setor de energia.
 
…apenas para uma parte da população. Na economia em geral, mulheres ainda não conseguiram equidade e representam 39% do emprego global. Na indústria de energia, o cenário é ainda pior: apenas 16% das vagas em setores tradicionais são ocupadas por elas. 
 

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Morre rainha Elizabeth II, a mais longeva monarca da história do Reino Unido, OESP

 

rainha Elizabeth II, que por mais de sete décadas ocupou o trono britânico como a mais longeva monarca britânica, e se tornou um símbolo da monarquia em todo o mundo, morreu nesta quinta-feira, 8, aos 96 anos, no Castelo de Balmoral, onde ela estava. O filho mais velho, príncipe Charles, e sua esposa, Camila, já são tratados como rei e rainha consorte.

“A rainha morreu tranquilamente em Balmoral nesta tarde. O rei e a rainha consorte permanecerão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã”, confirmou a família real em uma publicação nas redes sociais.

Nascida em 1926, entre as duas grandes guerras, Elizabeth Alexandra Mary não deveria ser rainha. Desde cedo, a coroa não estava nos planos. Um dia, porém, foi surpreendida com a notícia de que seu tio, o rei Edward VIII, havia se apaixonado pela americana Wallis Simpson, recentemente divorciada, e deveria abdicar se quisesse se casar. A partir daquele momento, a linha sucessória colocava a pequena Lilibeth, a duquesa de York, na rota do trono.

Rainha Elizabeth II em uma de suas últimas fotos oficiais na terça-feira, 6 de setembro, antes de receber Liz Truss para confirmar a passagem de governo.
Rainha Elizabeth II em uma de suas últimas fotos oficiais na terça-feira, 6 de setembro, antes de receber Liz Truss para confirmar a passagem de governo. Foto: Jane Barlow via REUTERS

O rei seria seu pai, George VI. Ela tinha 10 anos e sua vida mudou. “É para sempre?”, perguntou a menina quando soube que teria de se mudar para o Palácio de Buckingham. Biógrafos contam que a possibilidade de se tornar rainha aterrorizava a garotinha. “Ela costumava rezar à noite para que a mãe (a rainha Elizabeth, então com 36 anos) tivesse um menino, para que ela não tivesse de ser rainha”, lembra a historiadora Sarah Bradford. Com o tempo, ela e Margaret, sua irmã caçula, foram se acostumando com a ideia – e gostando.

A metamorfose se completou no Dia da Vitória, em maio de 1945, quando uma pessoa completamente transformada apareceu na sacada do Palácio de Buckingham. Ela tinha 19 anos, estava madura e havia deixado a imagem de menina para trás. Acenando para os súditos, ao lado do pai, Elizabeth era o futuro do Reino Unido.

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Casamento

Lentamente, a tímida princesa ia caindo nas graças dos britânicos. Com seus movimentos acompanhados de perto, era inevitável que surgissem, com o tempo, as primeiras fofocas sobre quem Lilibeth levaria para o altar. Ela, no entanto, já tinha um cadete da Marinha na sua alça de mira.

Quando viu Philip Mountbatten pela primeira vez, Elizabeth tinha só 13 anos. Foi em 1939, durante visita ao Royal Naval College, em Dartmouth, acompanhando seu pai. “Ele tinha 18 anos”, escreveu a rainha, anos mais tarde, em uma carta publicada pelo tabloide The Mirror, em 2016.

Segundo a Vanity Fair, durante a visita, Philip foi convidado a tomar chá com a família real. Começava a paquera. Ele era filho de monarcas gregos, chegou a trocar cartas com a princesa durante a guerra, mas foi apenas em 1946 que pediu a mão de Elizabeth.

Rainha Elizabeth II e príncipe Philip acenam para seus súditos de sacada no Palácio de Buckingham.
Rainha Elizabeth II e príncipe Philip acenam para seus súditos de sacada no Palácio de Buckingham. Foto: The New York Times

O casamento só foi anunciado no ano seguinte, quando o casal apareceu em público pela primeira vez. Na mão esquerda, ele levava um anel de platina com seis diamantes, o maior tinha três quilates.

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A cerimônia foi realizada no dia 20 de novembro de 1947, na abadia de Westminster. O convescote foi transmitido pela Rádio BBC e acompanhado por 200 milhões de pessoas ao redor do mundo. De acordo com a realeza, foram 2.500 presentes e 10 mil telegramas saudando o casal.

O casamento de Elizabeth e Philip foi um dos primeiros acontecimentos globais que carregaram todas as características de um megaevento de celebridades. Para um país mergulhado na austeridade do pós-guerra, a festa foi um a pausa na penúria econômica. A jovem princesa rapidamente tornou-se o símbolo de uma nova geração sedenta para virar a página de um continente atormentado pela destruição.

Coroação

Elizabeth estava no Quênia, a caminho da Austrália, no inverno de 1952, quando recebeu a notícia da morte do pai. O rei não andava bem de saúde há algum tempo e ela e Philip cumpriam algumas funções reais, especialmente nas viagens longas pelo reino. “Meu pai morreu cedo. Não tive nenhuma preparação. Tive de aprender o ofício na marra”, diria Elizabeth mais tarde. “Sabia que a continuidade era importante, que era um trabalho para o resto da vida.”

Elizabeth acena após coroação.
Elizabeth acena após coroação. Foto: AP Photo/ Leslie Priest

Logo a rainha se acomodou ao trono. Com o tempo, além da dedicação às funções de Estado, ela ganhou fama por seu senso de humor. Dick Griffin, policial que durante anos serviu como segurança de Elizabeth, conta que ele e a rainha cruzaram certa vez com dois turistas americanos que caminhavam sem rumo pela propriedade de Balmoral, na Escócia.

“Ela sempre parava para dar um alô. Mas eles não a reconheceram”, disse Griffin, em entrevista à Skynews. Depois de alguns minutos de conversa, um deles perguntou a Elizabeth há quanto tempo ela frequentava Balmoral. “Quando a rainha disse que vinha ao castelo havia mais de 80 anos, o americano perguntou se ela já havia visto Elizabeth”, contou o policial.

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“Eu não, mas o Dick aqui encontra com ela quase todo dia”, respondeu Elizabeth, para espanto dos americanos, que voltaram suas atenções para Griffin. “O senhor conhece a rainha? Como ela é?”, perguntaram. “Às vezes, ela é meio rabugenta, mas tem ótimo senso de humor”, respondeu o policial.

Outra paixão da rainha eram seus cães corgis – ela teve mais de 30, que tratou como se fossem da família. Elizabeth tinha o hábito de alimentá-los durante encontros formais, quando os biscoitinhos caninos eram servidos em uma bandeja de prata.

Segundo Robert Hardman, um dos biógrafos da rainha, em 2008, o secretário de Saúde Alan Johnson saiu do jantar maravilhado com a comida. Ele e o então representante britânico para o País de Gales, Paul Murphy, debatiam o cardápio na saída do Palácio de Buckingham. “Johnson comentou que havia amado o queijo e os biscoitos escuros”, escreve Hardman na biografia Queen of Our Times. “Paul respondeu: ‘Não, esses eram para os cachorros’.