As últimas projeções desta temporada confirmam uma produção recorde de grãos. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma colheita de 271,2 milhões de toneladas, 5,6% maior do que a safra do período 2020/21 (veja o gráfico).
Os números do IBGE, o outro organismo encarregado das estatísticas, são um pouco diferentes, mas definem igual tendência: produção de 261,7 milhões de toneladas, 3,3% mais alta do que a anterior.
Esse forte desempenho aconteceu a despeito de problemas climáticos (estiagem), que derrubaram a produção na Região Sul e Centro-Oeste.
O setor foi, até agora, fortemente beneficiado pelo aumento das cotações das commodities no mercado internacional, em consequência da quebra da oferta de alimentos resultante da guerra na Ucrânia. É uma vantagem que pode ser reduzida, pelo menos em parte, no escoamento desses grãos pela recessão e pela grave crise energética que vai atingindo os países avançados.
Em outubro, com a regularização das chuvas de primavera, começa o plantio da próxima safra no Centro-Sul. A Conab já anunciou que espera para este próximo período uma safra de 308 milhões de toneladas de grãos, se as condições meteorológicas permitirem e se não escassearem os insumos, especialmente fertilizantes, produto em falta desde o final de fevereiro, quando estourou a guerra na Ucrânia.
A agropecuária ainda pesa relativamente pouco no PIB, não mais do que 8,1%. Enquanto isso, o agronegócio, que inclui a indústria e os serviços que atuam colados à agricultura e à pecuária, corresponde a algo menos do que 27% do PIB.
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Embora empregue relativamente pouca mão de obra, a agropecuária se tornou polo dinâmico no setor de serviços de apoio. É também centro de difusão de tecnologia avançada não só na genética das sementes como, também, no preparo da terra e manejo das culturas, por meio de drones, internet, eletrônica embarcada nos equipamentos e máquinas agrícolas. Em proporções que ainda estão para ser levantadas, o agronegócio vem contribuindo para a interiorização de tecnologia de ponta no País.
É por coisas assim que não têm cabimento afirmações de que as coisas da agricultura sejam cabeças e braços do atraso no Brasil, como certos analistas ainda vêm difundindo.
A vitalidade do agronegócio acontece num momento em que cada vez mais pessoas vêm sendo incluídas no mercado global de consumo, especialmente na Ásia. O Brasil só não se tornará celeiro do mundo se cometer muita besteira na condução de sua economia.
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